Linda,
Teu abraço é laço atado que me gera calor e amor na mesma medida, entenda:
Teu cheiro me remete às poesias de Florbela Espanca, ao meu Jazz daqueles animados. É como se, quando estou ao seu lado, o mundo fosse todo eternizado num filme 75mm, coisa bem linda de ver. Um gosto de felicidade na boca, um borbulhar no peito digno de assustar, até. Calor. Totalmente desafiador.
Eu amo a atenção que você me dá, eu amo a atenção que eu te dou. Eu amo como você faz tudo parecer muito mais legal. As conversas enriquecedoras que me enchem de novas perspectivas, novos olhares, que aplicam uma película um pouco mais colorida ao meu mundo, um olhar mais vivo e com a dose certa de sentimentalismo em todo momento. A calma. A paciência. Ai, linda... Por que é que você tem que ser assim... tão... tão... tão... linda, me diz? Com olhos coloridos e apaixonados eu te vejo e quando eu te beijo, saiba que você me apresenta uma nova forma de paixão que eu gosto mais ainda. Súbita. Eu aceito até teu vício em Coca Cola gelada até quando tá frio e olha que pra mim Pepsi é mil vezes melhor.
É sobre.
Eu amo teus olhares maliciosos que dizem me retribuir toda delícia que são as horas quentes, ilícitas e de malícia com você.
Gosto da reciprocidade. Da forma como você aparece na minha vida sempre cheia de vontade de me ver. E a intensidade que não me deixa dúvidas pra imaginar que não haveria outro lugar melhor pra você estar senão ali comigo. E você, melhor do que ninguém, sabe que eu seria incapaz de querer estar em qualquer outro lugar agora.
Logo eu, que tenho uma memória terrível, lembro nitidamente da primeira vez, era uma terça a noite, eu escorreguei calmamente em sua nudez impressionante e cai na sua cama, suprimindo qualquer oportunidade de fuga, fugindo de fugir. Parei na sua vida. Você hipnotizou meu olhar e me arranca suspiros apaixonados desde então.
Você sabe que eu não perco tempo e não gasto estoque mental com hipóteses irrealizáveis mas linda, sério, primeiramente desculpa minha dislexia geográfica mas é que se você fosse um mapa eu ia ser viciada em conhecer você por inteira sem sequer saber por onde começar, eu embarco nessa viagem, desejando passar férias eternas nos meus lugares favoritos: suas coxas, lábios, lábios... Conheço de cor.
Me deixa morar na sua líbido? Me deixa deitar e rolar na sua vontade? Me deixa mapear todos seus sabores, enxergar detalhadamente suas cores?
Porque eu já vivo sob total domínio e encanto desde que você apareceu. Então, já que você gosta de um probleminha, saiba que eu desejo muitíssimo ser probleminha seu.
terça-feira, 30 de abril de 2024
coca-cola
sexta-feira, 19 de abril de 2024
no guardanapo 18
quinta-feira, 18 de abril de 2024
Alice Ayres
Eu mal entrei em sua casa, ela já me beijou a boca, eu adoro! Precisava pontuar isso: a gente se beija em todo lugar, em qualquer ocasião, toda vez é como se a gente não pudesse esperar nada, nadinha... e toda essa afobação é culpa da saudade, da nossa vontade em comum, do que a gente imagina uma com a outra, do fogo, da combinação deliciosa, das memórias guardadas... Muita coisa.
Eu retribuí o beijo com um gosto forte de apaixonamento e ela sabe que além de alguns becks, eu sempre trago uma intensidade guardada no bolso, uma urgência insuportável em tocar seu corpo, uma falta de vergonha grudada na cara e uma voluptuosidade rasgada e inerente a minha existência. Eu sou danada. Ela é muito mais.
Eu tinha uma noite inteira pra apreciar essa mulher, que sorte! Um pouco de conversa, três, quatro, cinco doses de uísque um ou dois baseadinhos, ela me vê mais corada, quase bêbada, mais soltinha e mais safada, aí ela me puxa pra bem perto e o final é quase sempre pente certo.
Eu não tenho habilidade o suficiente e nem sequer tenho vocabulário pra descrever em palavras as sensações que ela me causa quando ela me encosta. Caralho, quando essa mulher me pega, ela pega com vontade, quando ela me fode é como se ela pudesse me preencher por inteira, pudesse tocar toda minha sensibilidade e quase chegar até meu coração, é como se ela se conectasse em mim como ninguém jamais o fez, quando me encosta me arrepia a pele.
E como parar de pensar no quanto a língua dela é capaz de me fazer feliz? Me deixa nervosa, me molha fácil. É língua na boca, língua no corpo, me lambe inteira, o prazer com ela é fácil de alcançar. Eu gosto é disso. Ela apertada dentro de mim, louca pra continuar ali... Simples e direto assim. Eu gosto é de vê-la suando comigo enquanto eu empurro dois dedos nela com ela de costas, ela de lado, de quatro, dando em pé pra mim na sala, no banheiro, no chuveiro e no quarto... e que maravilha de pensamento lembrar dela empurrando o quadril nos meus dedos, gemendo baixo. Lembrar dos momentos com ela me dá um calor descomunal.
Não é incrível o potencial que ela tem em me deixar molhada só com o beijo? Maluca com o cheiro dela? Fora do normal. Ela não faz ideia da quantidade de sensações deliciosas que ela me faz sentir em diversas ocasiões. Eu gosto da atenção que ela dispensa pra mim.
E não é uma delícia - também - quando ela, munida de uma insana malícia, beija minha boca querendo beijar o que tem embaixo da calcinha? Aquele beijo molhado, de quem sabe muito bem o que faz... e ela sabe, aaaaah como sabe. Tem uma trilha deliciosa que ela faz que inicia na minha buceta, uma rápida parada nos meus seios e segue viagem até minha boca, desce de novo. E outra trilha muito particular e pertinente à ela, que começa na minha coxa, me bota de quatro, me lambe o rabo. Ela vai me desbravando por inteira, espalhando saliva em mim devagar, uma noite toda se eu deixar.
Audaciosa. Maravilhosa. Gostosa.
Me beija mais um pouco com o cabelo bagunçado, aí novamente nos deitamos no macio de nossas deliciosas más intenções, deixamos impregnado no quarto o cheiro doce do orgasmo, ela dança com as minhas emoções, se veste com meu bem querer... Faz terremoto de paixões.
E eu mal posso esperar pelas próximas vezes!
no guardanapo 17
no guardanapo 16
quarta-feira, 17 de abril de 2024
terça-feira, 16 de abril de 2024
falo do que sinto pra não me perder no que eu sou
Tem um pouco dela no meu ombro e pescoço, me oferecendo memórias intensas de seu toque minucioso. Um espaço meu reservado pra ela, que tateou meu corpo com tanto gosto e em algum momento isso me fez tão , mas tão feliz. Tem um pouco dela na ponta da minha língua, nas angústias das minhas escritas e eu posso sentir, ainda, seus cabelos enrolados nos meus dedos. Seus problemas embolados, perdidos e deixados no meu cobertor.
Há um tanto dela em mim. Acho.
Mas seguimos assim.
Ela pro lado de lá...
...e eu pro lado de cá.
Ela não tem mais morada fixa no meu peito, não faz do meu colo seu leito e eu já não tenho sua voz preenchendo meu ambiente. Da última vez que estive na casa dela, ela me disse que lavaria os lençóis assim que eu saísse, para que meu cheiro não fixasse ali, assim ela me esquecesse mais rápido.
Eu já não tenho mais nada.
Ainda me lembro detalhadamente as horas que nós jogamos aos pés do sentimento nos sábados quentes, dos passeios matinais no parque da Avenida Kennedy, dos baseados escondidos, dos poemas proibidos, do amor vivido, das noites incríveis com horas a fio pra gente se completar. Eu ainda guardo com afeto tudo que a envolve, ainda sinto falta de todo o tato, calma, paz e fluidez que ela dava pra tudo. Ainda me perco em memórias, ela ainda me causa saudades dessa história e até mesmo uma certa curiosidade, agora.
Onde é que está e o que é virou o sentimento da gente?
O que é que fizemos com tudo aquilo que nós sentimos?
Eu não a encontro mais nos lugares onde eu vou, aliás... eu passo longe de qualquer possibilidade de um encontro por aí, de vê-la sorrir ao lado de uma mulher sem graça ou de um cara qualquer. E também porque eu sei que ela já não me espera em lugar nenhum.
Eu já não a encontro em lugar nenhum. Eu não a encontro nas minhas memórias mais recentes, mas ainda assim insisto em reviver velhas memórias que por mais mortas que estejam, ainda continuam quentes.
E eu não a encontro mais nos meus versos... e é isso que é foda.
sexta-feira, 12 de abril de 2024
Oh, Tiffany!
quinta-feira, 11 de abril de 2024
anxiété
Começa com uma distração do pensamento, sei lá
É gatilho, o nome, resquício
Só sei que é um ponto cinza, ali, bem pequeno
"É só ignorar, não dê atenção, não dê atenção!" - eles dizem
Como não? É só ignorar? Porra, eu tento.
Difícil é conseguir ignorar quando o ar não entra pelas narinas
Quando bate tão rápido o coração
Que eu logo penso que ele quer uma brecha pra fugir do peito
Mas e se ele conseguir?
"Eu acho que vou morrer!"
Nessa altura já é desesperador
A respiração aparentemente não entra
Mas quando eu me percebo, nada demais está acontecendo
Eu sei que não
Mas... O ponto cinza vai crescendo
Ganhando espaço
Respiro
5-4-3-2-1 cores objetos sabores e blábláblá
Respiro
Conto segundos respirando, mas me falta ar, eu acho
Tá foda, tá foda!
Respiro
Respiro
Respiro
Respiro
Respiro
Tento me perceber um pouco, mas minha mente é sequestrada pra um mundo irreal
Respiro
Nada está sob meu controle
Respiro
Mas é meio segundo de distração e...
"É só ignorar, caralho!" - eles dizem
Eu não consigo mais, eu não consigo
Eles só saberiam como é se também sentissem isso
É mais fácil pra eles do que pra mim
As mãos tremem, o suor frio
Minuto a minuto
Respiro
Amarga o sabor doce que a vida tem
Todo dia essa merda agora?
Todo dia eu acho que é uma nova despedida
Todo dia isso me rouba uns minutos de mim
Respiro
Eu nem era assim
Respiro
E continuo sentindo tudo, ainda
À essa altura eu já sou inteiramente cinza.
Eu sequer consigo chorar
O desespero é iminente
Tudo bagunçado, não consigo entender as mensagens que meu corpo dá
"E se eu estiver morrendo mesmo?"
Não que morrer, de fato, me assuste, mas naquele momento assusta, entende?
"Você não está." - ela me abraça e coloca uma gotinha de cor em mim.
Mas ainda assim... Cinza, cinza, cinza
Opaco e apagado, sem brilho
Respiro, respiro, respiro
"Vai passar..." - eu repito
Eu me balanço pra saber se meu corpo está bem
Movimento
Respiro
É só controlar (?)
Vai dar certo!
Respiro
5-4-3-2-1
Respiro
Contando até 100 olhando pro teto
Eu danço
Eu grito
Eu canto pra ter certeza que não estou perdendo a consciência
Respiro
Me percebo mais um pouco
Respiro
Respiro
Respiro
Respiro
Sinto um minuto de alívio...
Aí, o ponto vai voltando, aos poucos, à ser só um pequeníssimo ponto, como antes
Mas eu sei que ele está sempre ali... esperando por uma brecha de ficar gigante
untold sessions #3 - explico p#rra nenhuma, só sei te deixar confusa!
Há coisas que ela deixou comigo que eu não queria guardar, eu juro. Eu não sei onde deixar o sentimento, por exemplo. Onde guardar os beijos que moram no meu pescoço, os amassos lentos que dávamos no elevador. Eu não sei onde colocar nossos momentos felizes, nem como descartar os momentos terríveis.
Como guardar tudo isso dentro da memória? Onde fica o amor dentro da gente?
Eu não sei.
Ao mesmo tempo que eu gostaria de ser capaz de apagar essa mulher da minha história, eu me encontro aqui... vivendo mais uma sexta a noite com ela, nós duas dançando forró no meio da sala dela, ela diz que estamos ensaiando a valsa do nosso casamento e eu dou risada, seguimos conversando, fumando um prensado vagabundo nessa crise de maconha e sabendo que assim que a nossa terceira ou quarta taça acabar nós vamos transar - e sempre foi assim, diga-se de passagem - na mesma intensidade, com cada vez mais assertividade e intimidade, nos amando como da primeira vez. Tomando o mesmo vinho barato há anos, eu a recebo com a mesma vontade desde a primeira e ela me gera mais vontade a cada vez que eu encosto minhas digitais nela, ela fica mais saborosa a cada vez que eu espalho saliva por ela.
Mas a gente também briga, discute, se odeia com toda essa intimidade, na mesma medida.
É foda.
Eu não queria sentir nada disso, porque me incomoda e eu não sei lidar. E também não quero lidar com isso.
Sinto que não importa o que façamos, nossas linhas sempre estarão emaranhadas de alguma forma. Sempre presas. Isso sempre vai dar um jeito de fazer a gente estar frente a frente, nada corta nosso laço, nem os anos, nem novos relacionamentos, nada. Nem mesmo a minha vontade de nunca mais vê-la novamente. Nem mesmo quando eu volto pra cama dela jurando que dessa vez é mesmo a última. Tudo me leva a acreditar que sempre viveremos uma na história da outra.
Eu não sei explicar a gente, é sério... não dá.
Ela diz que me ama todas as vezes em que me encontra. Mas eu acho que ela só ama porque eu ainda estou aqui, acessível, só me ama porque ela sabe que basta ela sorrir pra mim pra eu ficar perdida, pra eu esquecer de todo o resto do mundo. Ela sabe que me tem. Ela sabe que exerce sobre mim um tremendo poder de atração, me arrebata mesmo.
E eu só quero me livrar dessa teia. Torço para que um dia ela não me tenha mais acessível, não me veja mais dançando na sala dela, fazendo ela rir. Torço para que um dia eu simplesmente esqueça que ela já me fez feliz. E aí... Nesse dia, quando ele chegar e SE ele chegar, assim como eu, ela entenderá Bukowski.
quarta-feira, 10 de abril de 2024
segunda-feira, 8 de abril de 2024
trama de Fellini, tarde de Almodóvar, noite de Klimt
Não havia nenhum movimento que ela fizesse que não fosse sincronizado com meu olhar atento e observador, suas mãos mexiam nos botões do painel do carro, trocavam a música, aumentava o frio do ar condicionado, sei lá, eu só conseguia prestar atenção que ela ia fazendo isso, virando o volante, olhando os retrovisores, acelerando... tudo ao mesmo tempo, conversando comigo e ainda intercalando com toques na minha perna, carinho na nuca. Ela consegue fazer uma porrada de coisas ao mesmo tempo, que engraçado, eu só consegui prestar atenção mesmo nos toques dela e na proximidade que ela gerou entre nós e que já me dava sinais de que o fogo que ela sentia dentro de si cruzaria qualquer barreira física, invadiria meu espaço e assim, rapidamente me queimaria também.
Onde quer que fosse, eu sei que ela me teria nua muito fácil, ela me levaria pra qualquer lugar que fosse, no mundo, eu juro, naquele espaço de tempo entre o beijo e meu desejo ela conseguiria me levar até pro Alasca mesmo eu estando de shortinho, se ela assim o quisesse.
E assim foi.
Mas foi ali no final da rua da minha casa mesmo. Eu senti os lábios macios dela tocarem os meus mais uma vez, à meia noite e trinta e seis. Eu ia me despedir, mas as mãos dela deslizaram devagar pelas minhas coxas despidas, a língua dela deu tantas voltas na minha e aquilo não me pareceu um beijo de despedida. Na verdade, só no beijo eu já queria estar deitada com ela por cima. Meus dedos por entre seus cabelos pareciam um passeio guiado unicamente pelo meu instinto, pela minha vontade. Ela arrepiou e sorriu, a ponta dos seus dedos subiu intimamente até me sentir molhada, escorregando nos meus próprios desejos. Ela me encarou por poucos segundos, eu olhei de volta, aí ela disse que morria de tesão na minha cara de brava e voltou a me beijar mais intensamente. Dali pra frente, nada mais foi calmo. Eu não sei beijar de boa e aliás, pra que? Beijo na boca é sempre beijo na boca e eu adoro.
O fogo nos consumia, exatamente como eu imaginei que faria, e nossa vontade não era tranquila, será que ela imagina o quanto eu esperei por um momento assim, algum dia?
Já no banco de trás, ela entrou em mim e sentia minha pulsação...com minha calcinha afastadinha pro lado e eu arrepiei, senti meu corpo derretendo, senti uma conexão imensa com ela. Quando eu sentei no colo dela, ela sabia que tinha me ganhado. Eu sei que ela sabia.
Nós duas dentro do carro que parecia que ficava cada vez menor, cada vez com menos espaço pra se viver as vontades agigantadas e acumuladas.
Mas insistíamos em fazer caber.
Quando vivo essas coisas penso que ainda bem que eu não tenho responsabilidade alguma em ser uma mulher que presta, me permitindo viver uma impetuosa vontade com ela.
Até agora não sei porque tudo aconteceu ali, poderíamos ter subido e queimado o fogo no meu quarto. Mas acho que tem coisas que são pela emoção, sabe? Meio impensado.
Enfim.
Ela escreveu a inicial do meu nome no vidro embaçado, com um coração do lado, depois do orgasmo.
E eu achei isso fofo pra caralho.
domingo, 7 de abril de 2024
untold sessions #2 - eu não tenho carinho pra falar!
No ápice da raiva eu chego a pensar que ela só gosta de mim quando está bêbada, quando se sente vazia, preenchida somente pelas porcarias que ela usa e outros vícios mais. Eu sei que eu não presto, mas ela também não fica atrás. Ela deve me amar quando a vida na redoma fica chata e ela quer uma distração fervorosa e uma aventura fulgaz. Ela e sua vida de playboy entediada, querendo matar o tédio transando comigo pelas madrugadas. Eu sempre cedo e me arrependo, mas essa frustração é só minha.
No ápice da raiva eu digo palavras que eu não penso antes de falar. Às vezes eu simplesmente não tenho carinho pra falar. Ela recebe... e tudo que vai obviamente encontra um rápido caminho pra voltar.
Ela me faz acreditar que eu só amei o que eu criei sobre ela, o que eu imaginei, fantasiei sobre nós duas. Ela amou as expectativas, provando do meu amor até em meio a mais uma briga, ela gosta é dessas idas e vindas, dá um calor a mais. Honestamente, deve molhar a buceta dela me ver tomada pela raiva e por sentimentos que eu não quero mais, deve ser tipo fetiche ela conseguir o que quiser de mim. Que seja. Eu ainda acho que a vida com ela é desperdício de tempo, mas eu sei, também, que mudo de ideia rapidamente quando ela me abre a porta, logo em seguida as pernas e em ambos espaços eu entro.
Às vezes eu queria somente colocar uma pedra em cima disso, dela, de tudo... Mas ela... ela ainda existe na minha vida, ainda conhece e requisita seu espaço, ainda transa intensamente comigo, ainda me mata de amor e me faz tentar desesperadamente criar laços, mesmo sabendo que eu nem sei direito o significado disso.
Ela ainda me deixa em cima do muro, mas eu, mulher apaixonada, ainda consigo vislumbrar boas risadas com ela, num futuro...
Eu juro.
Ela ainda me dói e me ganha de um jeito absurdo. Essa é a raiva que eu não curo! Por isso eu grito, por isso eu sumo, por isso eu fodo com ela e depois excluo da minha vida e de tudo, acho que por isso que ela não enxergue mais amor no meu olhar escudo.
O que me mata é não conseguir dar um rumo pra situação... saber que nós duas somos ótimas parceiras sexuais, saber que nós duas cabemos muito bem no mesmo andar, no mesmo momento, no mesmo quarto, na mesma cama, no mesmo beijo, nós duas cabemos no mesmo abraço, mas nunca conseguimos caber na mesma palavra: nós.
quinta-feira, 4 de abril de 2024
não deixo nada me amargar demais o coração
Que coisa estranha!
segunda-feira, 1 de abril de 2024
Congrats, Sunflower! You're my hyperfocus.
Não tomo mais caipirinha deve ter no mínimo uns três ou quatro anos. Talvez até mais.
Eu acabei associando o sabor dessa bebida em específico ao gosto do beijo dela nos domingos de Sol, especificamente nos domingos de Sol, vendo o tio dela fazer um monte de copos, enquanto o pai dela contava piadas de revistinha e reclamava de time de futebol.
Eu amava o rubor no rosto dela que a caipirinha dava. Das palavras trocadas. Das risadas.
Eu também amava os domingos sem Sol, sem praia, sem caipirinha, sem nada... Mas com ela.
Mas os domingos de Sol... Ai.
É foda explicar. A saudade ocupa cada canto do meu espaço, do meu corpo, da minha cabeça. Tudo. Aperta, sufoca. Me faz lembrar de cada memória. Não que eu não goste, mas morar nos dias de saudades não é dos ambientes mais confortáveis e habitáveis em que já estive, convenhamos.
Penso que se ela voltasse, eu voltava também, na mesma hora. Eu dançaria com ela no olho do furacão, foda-se! Eu atravessaria minha vida toda em plena paixão, ela teceria uma nova obsessão pra minha cabeça porque não há nada que eu faça que consiga fazer com que eu esqueça dos domingos de Sol, dela tirando delicadamente os meus óculos de grau enquanto sorria, tudo ficava embaçado e antes que eu fechasse meus olhos, ela me beijava sem parar com sabor de maconha, caipirinha e uma paixão fervorosa nos lábios.
Eu nunca me esqueci.
Ela, sem dúvida, foi o borrão mais lindo que eu já vi.
untold sessions #1 - We won't be Sid&Nancy
Acendi um cigarro enquanto ouvia superficialmente ela falando e falando e falando e falando sem parar... Sobre um assunto qualquer que eu juro, não me atentei muito mesmo. Articulava bastante com as mãos enquanto abotoava os botões da calça, eu não ouvia nada. Nadinha. Não por maldade... Mas...
Sei lá.
Ando relapsa um tanto.
Ando distraída um tanto.
Ando voando um tanto por aí.
E lá estava ela... ainda.
Seu cheiro, seu beijo, sua buceta, seu caos. Tudo num puro suco de apatia crônica. Deixando todo meu quarto quente, mas cinza.
Ela estava lá.
E continuava lá.
Procurava seu sutiã cor de rosa enquanto eu soprava o cigarro em direção à janela prestando atenção nos carros, nas avenidas, nas pessoas lá embaixo, nos pombos nojentos que moram no centro, em tudo... menos nela.
- Tá ali ó... - apontei com a cabeça onde estava a peça que ela procurava, e ela vestia-se como quem tinha se arrependido de ter se despido. E falava como quem queria me encher de conteúdo mentalmente problemático explícito. Nua, ela me prometia promessas vestidas de sonhos irreais. Verdades mentirosas.
Penso que ela poderia só vir e trepar comigo, na paz, não precisa me prometer nada. Mas ela o faz. Ela diz que toda vez que vem até aqui é como se fosse uma nova carta de amor que ela me escreve.
Será que ela quer encobrir que é só sexo?
O que ela quer, afinal? Palavras não amam ninguém e o amor, na minha concepção é mais do que a vinda apressada dela, mais que eu ser diversão, mais que ser amante.
Eu não sei o que ela quer, mas eu entrego uma caixa misteriosa contendo prazer carnal. Boca na boca, pele na pele. Sem amor, só corpo, só toques, só pele, só trepadas pra tirar ela do tédio, rasgar a rotina, corpos nus pra encantar a retina.
Ela me oferece corpo e presença, mas não alma. Acho que pela manhã nós duas sequer faremos sentido na minha cabeça. Somos encontro de corpos, não de coração e alma.
É isso que pesa.
Ela quer amor, diz que temos uma ligação, eu digo que não há disponibilidade aqui porque quando eu ligo a linha está ocupada pra mim. Enfim.
Meu cigarro acaba quando ela está amarrando os cadarços do seu tênis. Não acredito que nosso amor dura o tempo de um Marlboro. Eu olho pra ela então, concordo com tudo que não ouvi, finjo que em nenhum momento eu me distraí.
Eu não sei mais o que ela espera de mim e na verdade, eu só espero que ela não espere muito. Eu tento manter ela nas memórias que posso esquecer... Ela e as cartas de amor... que eu nunca li.

















