sábado, 27 de janeiro de 2024

no guardanapo 09

Você ilumina a escuridão do seu ego com o brilho que roubou do meu sorriso?
É só uma pergunta.





segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

é sobre

Não me testa
Que eu te beijo a boca
Te convido pra ficar louca
Faço teu coração entrar em festa

Não me testa
Que eu te arranco a roupa
Te encho de proposta que não presta
Quero ouvir tua voz até ficar mais rouca

Não me testa
Ou melhor...
testa sim.





sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

o pássaro e eu

Todo início de manhã minha vizinha do prédio da frente coloca o pássaro na janela do quarto dela
E fica lá, algumas horas... O pássaro solitário dentro da gaiola
Dali... Ele canta triste
E visualiza, platonicamente, uma vida livre

Daqui do meu quarto, um pouco mais abaixo
Eu observo o pássaro e ele me observa de volta
Enquanto ele voa dentro da gaiola
Enquanto eu ando de um lado pro outro no quarto

Somos iguais, eu acho
O pássaro e eu
Ambos sonhamos com liberdade que tão cedo não teremos
Ambos presos por grades

Imaginárias ou não
Temo que o sol que ele toma, irresponsável
Derreta os sonhos do pássaro de fugir
De experimentar o sabor que é voar livre por aí

O que será que faria o pássaro, munido de uma intensa liberdade?
Eu não sei
Acho que morreria na primeira oportunidade
As grades, às vezes, são o que fazem respirar

Sonho com o dia em que nós dois
O pássaro e eu
Conseguiremos fugir de nossas respectivas gaiolas
E bater asas, seguir um plano B

Enquanto as grades não somem
O pássaro e eu
Nos encaramos, toda manhã, dentro de nossa conexão
E entoamos nossos cantos tristes




sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

beijando bocas enquanto eu minto

Ela abriu a porta e me abraçou apertado. Me desejou um "feliz ano novo, atrasado." e me convidou pra entrar. O de sempre. Vinho, baseado, buceta, fingir que sempre tá tudo bem, conversas zen, mais vinho, mais baseadinho, mais sexo pra curar a parte ruim do que vivemos e assim... Continuadamente. Ciclicamente.
Eu não tô falando que eu sou boa, né? Que eu não sou filha da puta, que eu não estou sempre disposta à temperar sua vida insossa gerando algum tipo de decepção na cabeça dela, que eu não tumultuo a rotina dela, que a insegurança que ela sente em relação à nós duas não é, também, minha culpa, nem falando que meu lado da história é o certo, mas se ela se preocupa... Ela que escreva seu próprio ponto de vista contra mim, enfim. Eu realmente nunca tive o menor talento e disponibilidade pra ser vítima dessa história.
Mais uma vez eu lá... no nono andar. Mais um texto mimimi onde eu vou culpabilizar ela pela minha incapacidade de esquecê-la, de abandonar essa história. Outro encontro sem sentido, pautado somente em cima da saudade que EU sinto.
Que sentimos...?
Já não sei.
Um ano totalmente novo começando com escolhas totalmente velhas.
Velhas e ruins.
Na verdade, acho que não muda nada de um ano pra outro. É só mais uma volta da terra no sol. Eu nem sei se realmente tenho o que comemorar, tendo em visto que estou aqui. A gente inicia o ano fazendo promessas porque é padrão, todo mundo faz. Diz que não vai mais comer fritura, promete que vai caminhar mais, diz que não vai mais fazer tal coisa, promete que vai tentar ser uma boa pessoa, diz que vai cortar o refrigerante. Eu só queria voltar a ser a mesma mulher de antes, quando eu vinha pra cá, trepava com ela sem limites e não tinha nada pra me arrepender. Saudades da pessoa que eu era. Sem remorsos, sem âncoras, sem bom senso algum. Só querendo buceta e fumar um. Saudades quando eu não ponderava nada e ela não era frequentemente tomada por acessos de raiva. Eu volto pra ver se o amanhã vai ser diferente. Talvez amanhã eu consiga achar um ponto entre nós que a deixe tranquila e confiante em relação ao que eu sinto, um ponto que me faça sentir mais próxima dela. Talvez.
Penso que sonho com o dia que conseguirei cortar esse cordão invisível, mas praticamente tão físico quanto o umbilical, que nos une emocionalmente, psicologicamente, afetivamente. Mas aí menos de cinco minutos depois penso que seria um pesadelo não colocar meus óculos de sete graus e enxergar ela totalmente nua com uma definição e coloração absurdas, com uma visão muitíssimo pessoal, sinceramente....
Sempre beijo seus lábios acreditando que pra ela meu coração continua sendo somente um objeto de decoração. Entra ano e sai ano, e eu só percebo que estar aqui é uma escolha ruim quando meus dois pés já estão aqui... Na sala da casa dela.
E tudo bem... Tudo bem, eu acho.




"eu queria ver o futuro pra saber qdo acaba isso tudo." ✓✓

Eu não sinto sua falta,
sinto falta dos domingos de sol
com areia e caipirinha

Das brincadeirinhas,
das músicas,
da tua paixão.
Que acabou sendo a pior de todas,

Eu sinto falta da brisa leve
que o amor já quase outonal
soprava na minha janela
e me enchia com alegria

Agora, meu bem, danço solo a valsa da saudade.





quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

modern l♥ve

sinto
no lado esquerdo
coração vagabundo

sinto
entre abraços
corpo que encaixa

sinto
na cabeça
ressaca de amor

sinto



baby, haicai! #02

Há cachoeiras
por entre suas coxas
em ti, mergulho


quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

flashs

Nós combinamos demais, isso é um fato!
Pelo menos eu acho e não importa o que me digam, acredito que formaríamos um lindíssimo casal. Um dia. Mas agora o que temos é essa coisa suja e deliciosa que acontece entre nós, que nos atrai, que rouba o ar revisitar involuntariamente cada memória celular, que insiste em fazer tremer, arrepiar, nossa atração proibida, que não pode, que há um altíssimo risco de se gostar.
Mas quem liga?
Me flagrei pensando nela a semana toda, uma vontade absurda de encontrar essa mulher. Amo quando ela me encaixa na brecha do pouco tempo livre que ela tem. Diz que também sentiu falta... E vem, faz de nós duas mulheres cheias de vontades.
Matando saudade, numa quarta a tarde, um sol que arde e nós duas na sala da minha casa, cerveja em uma mão, beck na outra e muitas conversas soltas pelo ar. Muita coisa pra ouvir e muita coisa pra falar. Mas línguas que falam sobre afetos também dão. A graça é justamente essa, então? Meus dedos cravados em sua pele macia, receptiva... Marcando em seu corpo muito mais que digitais. É isso que ela quer? Me deixar louca e despertar meus instintos mais animais? Como é que pode isso? Como eu resisto? Sei lá.
Lambi dos seios até o pescoço, subi seu vestido até a metade da coxa, ela me perguntou se eu tinha ficado louca e a resposta foi obviamente um "pra caralho!".
A mão, então, por baixo do tecido, chego onde quero e o que eu quiser a partir daqui... Eu consigo. Ela rende. Eu rendo. Rendidas, estamos.
Sinto sua pele encostando na minha de uma forma voraz, a gente vai automaticamente se encostando um pouco mais, os beijos ficando mais eufóricos, mais intensos. Eu não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo, foquei no passeio abusado que meus dedos faziam... Até sentir meu polegar tocando sua calcinha, entre toques leves e apertões, senti ela pulsando, o frio na minha barriga foi aumentando. Dali pra frente... Eu só sei que o tesão ficou bem mais evidente. Eu olhava no olho dela e ela queria o mesmo que eu, e caralho... Que delícia a reciprocidade, não é mesmo?
Eu gosto quando nos perdemos entre a vontade que sentimos, adoro olhar dentro dos olhos dela e entender a mensagem que ela quer me passar.
Sexo e sentimento andam juntos, mas são diferentes assuntos... Quando se trata dela, eu misturo. Transo com ela com toda intensidade que posso, esperando que ela sinta o gosto do meu amor na ponta da minha língua.



segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

fogos de artifício

E de repente éramos só nós duas...
Perdidas de um grupo imenso de amigos com quem ríamos animadamente algumas horas antes. Lá estávamos nós, na entrada do morro, num boteco insalubre, ela bebendo gin, eu bebendo meu whisky com dois gelos. Nossos olhos atentos em tudo que a outra fazia, uma atração que ao longo da noite só crescia... Era nítido como a gente se queria. E de repente a gente se viu, ali. Uma oportunidade conveniente pro momento. Um pouquinho antes dos fogos de artifício coloridos e iluminados tomarem conta do céu, nossos dedos sujos de giz da mesa de sinuca - que ela tentou arduamente me ensinar a jogar. 
Eu numa sinuca de bico querendo beijar a boca dela, mas nunca encontrando a brecha certa. A música alta - que por sinal era um sertanejo antigo desses bem tristes - tomava o ambiente, nem parecia que estava todo mundo contente. A música era escolhida por um senhor já bastante alcoolizado que no canto, estrategicamente ao lado da jukebox, gastava diversas moedas pra alimentar sua solidão, uma porra de um velho sofrido que controlava tudo que tocava. O resto das pessoas do bar pouco se importavam com a música, e nós também e honestamente depois de vê-la no baile rebolando por quase uma hora inteira, dentro desse vestido rosinha... Nada mais estraga minha vibe nessa noite, eu juro. Nem mesmo o velho com alma de corno. Nem mesmo o boteco de gente fodida, nem mesmo esse whisky que com certeza é falsificado. Nem mesmo o fato de que aqui dentro do bar não pode acender um baseado. Porra nenhuma.
E eu e ela mantínhamos na mesma vibe... o que era bom. Nós mantínhamos na mais pura paz, no bar de corno ou no baile. Nunca imaginei, pra ser honesta. Nem sei como fomos parar nesse bar. Acho que ela quis usar o banheiro, e eu solícita pra variar fui com ela pra procurar um, sei lá. Mas o que interessa é que estávamos lá. Nada importava. Eu tinha um baseadinho esperando meia noite pra ser acendido. Ela tinha um charme que não me deixava sair do estado de transe, pura hipnose.
Próximo da meia noite o bar foi ficando vazio... O baile foi ficando mais cheio. Tínhamos a privacidade certa pra um beijo inapropriado, ali... no bar. Eu não sei quando é o momento certo, então às vezes eu escolho um aleatório. A beijei com a vontade que foi maturada por horas e uma impulsividade juvenil. Ela retribuiu. Me perdi e entre os beijos dela, fiquei tonta com tantas voltas que a língua dela deu na minha. Sem pausa. Pouca calma. O bar foi ficando pequeno e quente demais, então a convidei pro meu lugar estratégico por ser alto e escondido... Víamos o baile de longe, a música distante.
À meia noite nos beijamos, felicitamos, a porra toda... sem desgrudar. Os fogos rasgando o céu. Colorido e iluminado. Nós duas diante de uma atração mútua e fulminante. O corpo pedia, implorava.
Beijos e amassos entre a gente, tudo foi ficando mais quente... Entre mãos desbravadora e línguas no pescoço, interrompi tudo e perguntei, à título de curiosidade, como como seria o começo de ano ideal para ela, ela disse que "começar comigo dentro dela" seria dahora. Pensei que ela era maluca. Pensei que pode ser que eu seja maluca também porque quero o mesmo. E eu nem preciso dizer o que acontece quando a vontade é a mesma, né? Quando o beijo encaixa é onde mora o perigo.
Dito isso... Bem vindo, 2024.
Começou do jeito que eu gosto.