Nada vai se resolver em um mês.
Não sei quando foi que eu achei que tudo ficaria em maré baixa depois de uns dias.
E eu juro que tentei muito, que pensei muito... Mas lá se foi quase um mês inteiro desde que ela decidiu meter o pé dessa história. Quantas desventuras de amor eu vivi no silêncio da minha consciência? Ou da falta dela? Vários!
Quanta saudade trinta dias conseguem abrigar?
Há quantos anos eu escrevo textos de amor para ela?
Quantos poemas ela ganhou, ao telefone?
Quanta falta agora eu sinto de ouvir ela falar com aquela paixão amadora - que eu sempre amei - sobre tudo aquilo que ela gosta e acredita...
Quanto tempo até eu esquecer disso tudo?
Quanto tempo até eu superar a porra dessa história?
Fiquei sabendo hoje, sem querer, através de um amigo em comum que ela voltou a morar com os pais no litoral, que comprou outra caneca nova e igual. Que ela anda muito chata, não parece normal.
Eu também não.
Como esquecer se eu sou dominada pela saudade dia após dia, hora após hora?
Eu vejo que talvez os defeitos nem sejam tão chatos assim, só eu que fui implicante. Hoje eu acho que se ela acendesse um cigarro aqui, eu me juntaria ao lado dela e aceitaria um para que eu pudesse dividir algum momento com ela. Tudo é muito irônico. A amiga dela fumou aqui, onde eu impliquei que ela fumava. E não me incomodou.
Ainda torço para que ela não me esqueça.
Por que eu não vou esquecer, aliás.... Como esquecer? Se isso me mata a cada dia um pouco mais? Se eu já chorei tantas e tantas lágrimas com sabor de água do mar que acho que esse quarto virou um aquário, é possível que eu tenha virado um peixe que nada nas próprias lágrimas? Um peixe francês, soturno e muito triste... sei lá. Ela me magoa por hobby, mas eu não penso em dar troco nenhum dessa vez... eu preciso fechar a conta.
Tudo é muito irônico, mesmo... Eu transo com a amiga dela para esquecer alguém que eu vou lembrar pra sempre, e não importa o que eu faça, não importa a atitude que eu tome, isso segue o curso dos desfechos típicos, vida corre normal, eu ainda acordo, durmo, escuto os pássaros cantando na minha janela, ainda gosto das mesmas coisas, ainda escuto as mesas músicas e ainda acredito nas mesmas ideologias.
Ela, mesmo que eu a enxergue diferente, ainda é ela.
Eu continuo sendo eu, ainda, e eu sei que há uma imensidão de mim... em mim... meu nome ainda é caos mas eu nunca mais quero ter que me apresentar pra ninguém.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 30 - Laços Multiplicam Traumas
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 29 - E não é essa minha intenção!!!
Já se passou quase um mês inteiro desde que ela foi embora e até agora eu não entendi nada do que se passou aqui. Nada.
Como é que eu posso acreditar que eu vivi uma parada real nos últimos anos se ela parece outra pessoa, agora? Claro que eu não quero que ela seja pra sempre a mesma pessoa, mas cada minuto desse término me faz acreditar que talvez eu queira sim, é foda entender. Eu só quero que ela seja ela. E que a gente seja a gente, de novo. Como sempre fomos, como nos reconheço.
Todos os dias quando eu acordo eu penso, mas eu não queria pensar.
Eu tento esquecer isso, me desapegar, me desprender... Mas não dá.
Só quero ter de volta os souvenires, a caneca, as alianças ou qualquer outra tranqueira decorando minha estante.
A falta do sorriso dela pela manhã é algo que me rouba a capacidade de ficar em paz, em alguns dias.
Me sinto relutante em sair de uma situação cíclica. Entrelaçada numa trama ótima... Mas que cada dia mais me mostra que sofrer cansa.
terça-feira, 28 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 28 - Je ne regrette rien
Eu me sinto, ainda, ligada à essa história, como quem continua atada ao que já se foi, ainda há bolas gigantes de metal e âncoras de ferro por aqui. Eu não entendo sinais, eu preciso das perguntas. Eu sei que ela sabe disso, mas é como se cada pergunta dela matasse minha certeza sobre tudo que vivemos.
E eu sei que tudo que eu fiz ou faço é porque pra mim é o correto e eu nem queria ser filha da puta, mas às vezes eu cedo espaço demais pro ódio, amor e pra líbido fazerem morada nessa casa. Em revezamento. Nunca ao mesmo tempo.
Em resumo: se ela não me liga, eu não ligo. Porque entendo isso como se ela não quisesse falar comigo. Se ela não me procurar eu acho que nunca mais vou dar o ar da graça na vida dela. É assim que eu interpreto, eu não lido, eu não sei fazer contato.
E assim seguimos.
Assim seguiremos.
O silêncio dela sobre nós ainda é algo difícil de receber. A saudade deveria ser normal aqui? Se eu cedo pra saudade, me sinto fraca, se eu cedo pra libido me sinto arrependida, e sinto que eu sigo usando transas desesperadas para esquecê-la.
Nada muda.
Nada mudará.
Como eu posso exigir algo dela se, mesmo depois de tudo no sábado passado transei com a amiga dela de novo, depois do trabalho? Como eu posso exigir que ela me desculpe, sem que eu peça desculpas? Como querer que ela fique em paz se eu sei que ela vai saber que eu transei com outra mulher no mesmo ritmo que com ela, na mesma cama...?
Me arrepender já não adianta. Coloquei, então, meu arrependimento pesado no bolso, hoje eu não posso fazer porra nenhuma além disso.
02h02
Das coisas que eu gosto, sexta
Das coisas que eu amo, ela
Subo a rua, o clima frio
Quando eu a toco tudo aquece, embala
No balanço do amor improvável
Escondida com ela sobre o telhado de uma tia
Que nós temos acesso pelas vielas ali de cima
Vemos metade da cidade em tons claros por causa dos postes de luz laranja
Assistindo pessoas apressadas correndo com seus carros
Na avenida que corta tudo lá embaixo
A fumaça do baseado sobe em silêncio
Daqui, ninguém nos flagra
Ninguém nos para
Ela me beija a boca e não dizemos nada
Entre sussurros, encontro as palavras
Certa não estou, mas a atração me domina
Eu olho pra ela e vejo vivo o fogo da saudade
Que me bate em toda vez que a vejo
Madrugada chuvosa, viela da esquerda
No final da viela tem balão, treta e copão
Mas no meio tem nós duas
Nuvem, chuva, Lua escondida
E um envolvimento que nos corrompe
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 27 - Meteoros em colisão
Eu deveria ter imaginado, né? Que algo poderia ficar errado depois do reencontro. Mas eu não poderia prever e esperei que ela cumprisse tudo à altura das minha expectativas, que são só minhas... Agora o peso de uma segunda feira egoísta, mal resolvida e mal humorada chegou, e eu só desejo o reembolso do meu tempo gasto e arrependido.
Não tão arrependido, mas eu quero falar que sim pra dar embasamento pras minhas lamúrias.
Eu falo dela como se só ela fosse o caos, eu não. Só ela fosse filha da puta, eu nunca. Só ela fosse otária, eu não porque afinal... O inferno é sempre o outro, né? O inferno é a ausência dela. Não ela, ela é a maior delícia e paraíso que já foi colocado nessa terra. O melhor trabalho de Deus. Uma pintura viva que agrada meu olhar em demasia.
Eu queria não ser tão arrebatada por essa vontade imensa que sinto dela e de tê-la por perto, porque agora eu só quero se for do jeito que eu quero. Às vezes fico puta e não entendo porque ela não volta se há dois dias atrás ela ficou a noite toda me olhando como se só me amasse há umas dez horas, aquele frescor fugaz de uma paixão nova, mas na verdade tem dez anos. Eu sei, ainda estou aprendendo à lidar comigo... Imagina com ela.
Somos dois planetas, dois meteoros em rota de colisão, uma vez ou outra dá susto e choque quando está perto.
Vai ver é exatamente por isso que ela não volta.
domingo, 26 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 26 - Não há novas mensagens... não há novas mensagens... não há novas mensagens
Ela não me ligou hoje
Não fez sinal de fumaça
Não me disse mais nada
E voltamos pros dias cinzas e sombrios
Dominados pela raiva
Eu também não liguei pra ela hoje
Me senti usada, como se ela só quisesse sexo
E talvez seja isso, ou marcar uma posição dentro da minha vida
Será que se eu ligar minha voz gera calor ou dor?
Será que eu mando um poema de despedida?
Será que ela espera minha ligação? Será que não?
Dançamos assim, então, a valsa do amor orgulhoso, silencioso
E eu nem gosto de valsa
Prefiro tango, sonetos e vinho
Ela não suporta sonetos e acho que agora, nem a mim.
Eu só odeio baseado apagado
amor requentado
e ódio gritado na despedida, nada mais.
Eu preciso superar essa história
Tirar da memória
Deixar pra lá
Mas eu ainda me pergunto... Como esquecer?
sábado, 25 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 25 - Afinando silêncios.
Amanheci abraçada com ela no edredom, no lençol suado por nós um bom período madrugada adentro, afora, não sei, só sei que foi assim. Grudadas como um bom casal. Exercendo uma liberdade gigantesca.
Olhei pra ela e foi verdadeiramente estranho tê-la ali. Não consigo tratá-la pelo nome, ter alguma formalidade, tato. Mas eu o faço porque ela também o faz, então eu sigo a maré. Às vezes soa como se eu tivesse convidado uma estranha do aplicativo de relacionamentos pra trepar comigo, como se eu estivesse comendo buceta só pra divertir... mas era ela. A mulher que me arrasou nos últimos dias, cuja falta me faz sofrer mesmo.
Pela manhã meus olhares encontraram os dela fechados, ainda. Um sábado calmo, frio, chuvoso. Me vi na oportunidade de servir café, maconha e buceta novamente. Nos embolados por mais uma horinha ou talvez até duas, ela tomou o café. Um banho, vestiu de volta seu belíssimo vestido vermelho, mas já sem a calcinha...
Em nenhum momento citou nada sobre nós, eu também não perguntei nada, mas nem por isso não tivemos assunto. A noite foi incrível com ela ali, pensei automaticamente em convidá-la novamente. Pra um vinho, talvez. No chão da sala, como sempre fizemos, com boas conversas e muita intimidade, com sorte um pouco de sacanagem.
Mas não deu tempo. Ela perguntou da caneca, menti, disse que quebrei sem querer e ela riu aquela risada dela que me desafia à contar a verdade. Em seguida, me fez a pergunta mais improvável. Me perguntou se eu comi a amiga dela. Direto assim. Eu não pude mentir, eu não sou de contar as coisas que faço na minha vida pessoal pra ninguém, mas penso que se ela me perguntou é porque ela já sabia a resposta verdadeira, então eu disse que sim, que ela veio aqui e transamos sim. Eu pude ver o olhar de desaprovação queimando vivo no rosto dela, aquele fogo de ciúmes com raiva que ela tem dentro da bola do olho dela. Tudo mudou, mas nada me parece diferente. É foda eu ainda me deixar ser afetada pelas mesmas porcarias de sempre.
Em menos de cinco minutos ela apagou o baseado e disse que tinha que ir. Igualzinho no primeiro dia. Inventou qualquer desculpa pra sair da mira do meu olhar.
Por que ela acha que eu deveria não fazer nada mais depois que ela foi embora?
Eu não perguntei sobre as coisas que ela fez nesses dias todos. Não que eu não pense. Não que eu também não tenha uma pontada de ciúmes, saca?
Me vi sozinha na cozinha mais uma vez. Dessa vez doeu menos e me gerou mais um sentimento de raiva... Mas eu não quero dar mais atenção pra esses sentimentos.
Mais uma vez eu tô caindo pelo vão entre os dedos dela.
Mais um baseado apagado.
Dia ímpar.
Ex casal.
Ciúmes.
Chove lá fora.
Bingo.
Curiosamente, assim que ela saiu a amiga dela me mandou mensagem.
Foda-se o Jazz. Hoje ele não vai tocar, eu não vou deixar...
Hoje eu vou comer a amiga dela de novo, só de raiva. Transei com ela hoje e ainda hoje eu vou transar com a amiga dela.
Porque, além do mais, eu sempre passo por mau caráter mesmo, né?
Impressionante.
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 24 - Nomeando estrelas
Ela caminhou até mim, parecia mais linda que há vinte e quatro ou vinte cinco dias atrás... Usava um vestido de tecido leve vermelho. É minha cor favorita, mas não quero pensar que ela usava por mim, sei lá. Mudou um pouco o cabelo. Parecia uma nova mulher. Tremi por inteira quando ela tocou um lado do rosto e me beijou o outro lado. Caralho, que dia louco. Uma enxurrada de sentimentos.
Conversamos sobre assuntos medianos, depois ela me contou que a rotina no trabalho tá insana, que me ligou porque estava bêbada e queria me contar que foi promovida. Fiquei genuinamente feliz por ela. Ela não falou nada sobre nós, também não puxei o assunto. Eu só queria estar perto.
Ela parecia animada comigo, ali. O jeito como os lábios dela pronunciaram meu nome não me geraram desconforto, o tecido do vestido dela tocava minha coxa às vezes e eu achei a textura agradável.
Dali pra frente foi só pra trás...
No elevador, subimos pro apartamento entre amassos e beijos que eu senti notas de paixão, tesão, saudade, mas também tinha ela: a ansiedade. Me prometendo que se eu fugisse antes de entrar seria minha última chance de estar a salvo. Mas eu ignorei, né? Eu nunca escuto porra nenhuma mesmo.
A cada vez que a língua dela tocava a minha eu sentia mais tesão e desespero, misturadinho assim. Morrendo de vontade de perguntar pra ela o porquê daquilo tudo tá rolando, depois que eu passei dias sofrendo com saudades e outras coisas mais. Não perguntei nada. Quanto mais angustiada eu ficava, mais eu a beijava. Como que por desespero sabe? Eu poderia chorar, se eu me distraísse. Juro. Eu poderia abraçar ela pelas pernas, de joelho, como num sofrimento de novela mexicana fraca, pedindo pra ela não sair mais dali... do meu lado.
Ela mexe com todas as minhas estruturas íntimas e internas, mas hoje eu não vou falar disso... hoje só quero vê-la abrindo as pernas.
Levantei o vestido e ela sentou no meu colo no sofá cinza da sala, calcinha pro lado é sempre minha aventura favorita e ela sabe. O beijo encaixa. A gente sempre foi perigosa demais juntas porque explodimos rápido. Quando eu menos eu esperava... Estava lá... Ela, o quadro, a marca da caneca quebrada escondida... Tudo junto. Não parecia sequer real. Uma rapidinho no sofá e depois transamos na mesma cama de sempre, na mesma luz de sempre e o sexo com saudades é uma delícia, parece que fica mais gostoso. Foi incrível o momento com ela, como sempre é.
Mas em determinado momento, eu não consegui mais entender a situação... As perguntas ficaram presas na minha garganta, o desespero foi ficando maior...e eu fui só apagando... Apagando, mas acordada. Bem acordada. Sentindo tanta coisa que eu nem consigo descrever o quê.
Me deitei no chão pra respirar melhor, olhar as estrelas. Eu sempre ando olhando pro alto e isso já me rendeu até uma cicatriz no queixo quando eu era criança, quem convive comigo de perto consegue ainda notar meu "queixo partido" bastante sútil.
Enfim.
Como se fosse pra me acolher, ela se deitou ao meu lado, me tocou com carinho e cuidado... A cabeça ao lado da minha, olhávamos as estrelas juntas, ainda nuas, suadas. Ficamos muitos minutos em silêncio até que vimos uma estrela cadente, desejei que aquele momento durasse pra sempre. Mas eu sabia que não. Também não esperei que uma uma sessão de buceta curasse nossos problemas, não esperei que minhas angústias sumissem só com uma sentadinha dela na minha cara.
Hoje dia vinte e quatro, encontro de ex casal, em dia par, sem jazz, sem blues...
Bingo, é o nome que eu dei pra estrela.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 23 - Tô presa no ponteiro dos minutos.
Um misto de felicidade, ansiedade e confusão me tomou essa manhã assim que eu peguei meu celular na mão. A tela acesa muito clara, já me avisava: uma ligação perdida durante a madrugada.
Dela.
Eu tenho a sorte de ter uma impossibilidade imensa em memorizar números, mas eu conheço o dela pela estética visual. Eu não saberia dizer qual é, mas sei qual é quando bato o olho, não sei explicar e foda-se.
Uma ligação perdida às 2h58.
Pensei em ligar de volta, mas já eram dez e pouco de uma manhã tranquila. Quis deixar pra lá, mas não consegui também. Comprometeu bastante minha produtividade ao longo do dia, minha concentração, roubou o resto de felicidade que eu tinha estocado. Minha capacidade de viver um único dia de paz.
Por que ela não escreveu pra mim? Por que a ligação? Eu não sei, fiquei martelando isso na minha cabeça o dia quase todo. Mil possibilidades batendo a porta. Senti preocupação, medo, saudade, tudo de uma vez. Será que ela queria voltar pra casa? Será que não queria nada? Será que ligou por engano? Será... Será .. Será... Eu só saberia se eu ligasse. Mas eu acho que não quero ligar e eu tenho uma tendência muito forte em sempre priorizar minha vontade. Eu não quero fazer disso uma competição, mas também não quero deixar ela me desestabilizar em uma única ligação.
Mas a minha cabeça virou um embaralho onde eu não conseguia pescar nem mesmo um pensamento solto sem pensar nessa ligação antes.
Não liguei. Não procurei, não sei se era isso que ela esperava que eu fizesse, mas não o fiz. Não senti vontade mas ao mesmo tempo sim.
Eu acho que tô ficando louca.
Pensei que seria bom pra mim não permitir que hoje ela tivesse qualquer um dos meus poemas decadentes de amor ao telefone.
Eu só não contava que no final do dia ela me escreveria. Um oi estranho de receber. Olhei pra tela do celular e honestamente eu não sabia o que dizer. Eu nunca sei.
Um diálogo amistoso e rápido, seguido de um "Vai fazer algo amanhã? Quer tomar um copo, uma cerveja?" - eu respondi que sim com um sorriso que ela não pôde ler, aceitei de primeira. Meu coração pulou dentro do peito, de tamanha alegria. Eu disse que ela não me desestabilizaria? Mas lá vamos nós... Pular do precipício de cabeça, direto pras pedras.
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 22 - Colher pra prato raso
Dizem que depois de vinte e um dias um novo hábito começa a se formar. Hoje é o vigésimo segundo dia desde que ela foi embora, então eu acho que preciso parar de acreditar nessas coisas. Não funcionou de primeira pra mim, quem sabe nos próximos vinte e um? Eu tento me desvencilhar desse sentimento mas parece que quanto mais eu tento mais ele se torna grudento, feito um chiclete que eu já não quero mais mascar, enfim.
Nada muda.
Rotinas, hábitos, maus hábitos... Nada muda.
Tem tanto espaço em mim ocupado totalmente pela saudade insuportável que tenho sentido, tanto espaço preenchido pelo vazio que ela causa.
Tudo dói quando eu lembro. Mas o que eu posso fazer se eu não achei que seria tão foda de esquecer?
Ela está em tudo. No quarto, na sala, no corredor, na cozinha... Até na porra do meu fumo. Em tudo. Mesmo. Acendo o baseado e trago angústias do meu mundo.
Vejo amor onde não tem, porque pra mim, do jeito que enxergo o mundo... Está lá.
Há amor, ainda, na cama, no sofá, o espelho do banheiro, no travesseiro, na minha rotina, há amor nos meus hábitos, havia amor também na caneca e nos anéis. Tem amor até na marca da parede, atrás do meu quadrinho.
Há amor em mim. Inteiramente, amor.
Eu sou só paz, eu sou só amor...
Eu só não sei até quando.
doce de vitrine
Não é delicioso como as coisas acontecem do nada? Do absoluto nada? Às vezes a gente só precisa jogar um shot de gasolina numa faísca de vontade e o negócio vira uma coisa absurda. Eu me atraio por mulher direta. Por mulher que não vale nada. Que me pega bolada.
Um dia desses eu nem sabia quem era essa gata e agora ela tá sem roupa na minha frente. Ela é tão deliciosa que faz eu me sentir uma mulher de muita sorte. Me deixa contente, enquanto vai beijando minha boca, entrosando minha língua na dela devagarinho, criando um ambiente um pouco mais quente pra nós duas. Do nada. Com um alto nível de intimidade já criada, inclusive.
Eu fico enlouquecida quando ela me rende já na entrada da suite e não me dá tempo pra nem ao menos bolar um, curtir uns minutinhos essa hidro, juro que não é nem pela hidro, não ligo, eu quero mesmo é tocar no corpo dela... mas diz como não perco a linha rápido quando ela me chupa da cabeça aos pés? Me lambe inteira? Quando meu corpo vai rebolando sozinho na língua dela porque eu sou danada e participativa? Quando ela me bota encaixadinho daquele jeitinho que é só dela? Me olhando, me comendo em todo canto dessa cama...
Ela me pira em qualquer lugar, me acende, então no caso eu só preciso dela... De uma cama, do carro, de uma rua um pouco mais vazia e nós duas no carro, no cio, embora eu seja a maluca do "Vai vir polícia? Vai ter assalto? A câmera viu?". Ela é maluca por me deixar em paz, não importa, nada rouba nossa brisa. A gente se pertence em qualquer ambiente. A gente domina, reconhece o espaço.
Eu gosto disso que rola com ela justamente porque ela me instiga, é secreto, é só nosso, é só pra nós. Isso que pra mim soa melhor. Criando memórias deliciosas, que eu tenho de cor.
Eu tenho uma séria atração por aquela mulher, uma vontade de tocar no corpo dela, um forte dom pra transar cada vez mais gostoso com ela. Vou negar quer ela me faz gozar em menos de vinte minutinhos, chutando alto, quando quer? Que me bota sentada na frente dela e eu sinto seus dedos perturbando minha libido e seus seios despidos encostando nas minhas costas? É possível eu mensurar isso? Que o combo do contato me tira do eixo? Que eu não piro no ar quente que sai da boca dela batendo na minha nuca, quando eu quero rapidinho e ela obedece. Gozo, ela sorri, me chama de vagabunda, mas nunca me ofende, eu faço minha parte, caio na cama, mal respiro, eu já tô de quatro, querendo mais, empinando o rabo.... E ela é um absurdo.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 21 - Cinza chumbo
O dia estava terrivelmente cinza, juro, sem uma gota sequer de cor.
Carros, pessoas, cachorros sem dono, ruas, letreiros, tudo... Tudo cinza, como nunca antes. Não tinha cor em nada, absolutamente nada.
Tenho vivido uma vida inteira na cidade cinza e eu nem ao menos tinha me dado conta disso.
O sol ardeu triste quando tocou minha pele. Esfreguei os olhos, numa tentativa desesperada de acordar do pesadelo, mas não acordei. Tudo continuava cinza. Eu estava extremamente acordada. Vivendo dias de plástico como se eu estivesse vivendo dentro do filme O Show De Truman.
Às vezes tenho vontade de falar com ela, sem guerras, sabe? Só pra ouvir ela falando sobre planetas, astronomia, corpos celestes, sobre qualquer coisa... Com aquela entonação de voz que só ela tem que encanta e vicia, que alegra, sabe?
Toda vez que sinto saudades dela, escrevo uma nova poesia no meu bloco de notas.
Tenho acumulado poesias aos quilos por aqui. E assim sigo, dia após dia.
Cheia de poesias. Estou cheia das poesias.
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 20 - O tempo fode tudo.
Eu convivo com meus próprios silêncios há tantos dias que já não sei mais como seria a voz dela ecoando por essa casa, batendo nas paredes, ocupando meus espaços vazios.
Eu não sei mais.
Nosso desencontro foi um corte seco, mas profundo.
Eu não vivo de forma normal desde então.
Só me restou aquele dia, com gosto de amor venenoso, café amargo e baseado apagado antes de acabar.
Nenhuma última dose, última dança, última vez me prenderia atenção, estou presa naquelas horas. Eu tento não deixar ela escapar de dentro de mim, mas é difícil. Estou perdendo um pouco a cada dia. Um pouco dela. Um pouco de mim.
Mais uns dias eu acho que não existirá mais nada de nós.
Me sinto totalmente sem equilíbrio. A quietude dela sobre mim e sobre nós, tem me trazido uma incrível sensação cinza e uma falta de paz de espírito impressionante.
Eu daria qualquer coisa para que isso sumisse, como mágica.
É isso. Acho que o tempo fode com tudo. Igual eu.
domingo, 19 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 19 - HELLO THERE!
Um adeus sem outra escolha ou saída.
Encontros não planejados que acabaram com o meu dia, com minhas expectativas.
Eu sou maluca por aquela mulher. Foi estranho olhar pra ela bem ali na minha frente e não falar nada, mas sentir muito. Sentir de tudo. Eu misturo amor com ódio, ódio com outros sentimentos, faço um bolo de tudo que sinto e fica bem difícil de digerir.
Nem eu consigo me entender, às vezes. Tenho aprendido à lidar comigo.
Fico repassando na minha cabeça os dias com ela, os dias sem ela, cada um desses últimos dias amargos. Fico pensando se deveríamos ter conversado amigavelmente no mercado. Se eu deveria ter dito algo.
Eu não disse nada, mas penso todos os dias.
Não guardo os anéis e nem a caneca, mas ainda guardo secretamente uma única foto impressa de nós duas, no primeiro bailinho em que fomos juntas. Era uma festinha de dia das bruxas. Tinha no máximo dois ou três meses que a gente se conhecia, que a gente se envolvia. A gente já se pertencia, mas não sabia. Tínhamos fantasia de casal, cumplicidade sem igual e uma paixão que aquecia o peito, que fervia o corpo. Lembro que no dia da foto, tínhamos bebido tanto no dia anterior que o olhar dela denunciava a ressaca.
Os olhos ressaca ainda me desfocam. Me tiram a tranquilidade, me roubam a paz.
Ainda são um abismo descolorido que agora me chamam pra um mergulho na tristeza... e eu sempre aceito.
sábado, 18 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 18 - Desconexo.
As flores estão mortas
A caneca está quebrada
E os anéis estão amassados
Mas o sentimento segue ali... vivo.
Queimando, intacto
Como uma fogueira de fogo calmo, só a brasa
Que não se apaga, e destrói a madeira em pouco tempo
Consumindo tudo quando eu lembro
Que ontem eu a vi, no mercado
E agora parece que estou de volta ao primeiro momento
Seria irônico, se não fosse cômico
Fomos de casal à estranhas em poucos dias
E desde então eu luto incessantemente pra esquecer
Eu tinha tanto pra dizer, mas esqueci
Percebi isso ontem, quando eu a vi
Eu fiz festa, mas o jazz tocou triste
Reencontro de um ex par romântico em dia ímpar
Se fosse par, seria blues
Se fosse reencontro, seria na nossa casa
Se eu tivesse algo pra dizer teria pensado
Se eu tivesse algo pra dizer teria me vindo à garganta
Mas não veio nada.
Ai, que delícia o verão rs
Mesa de um bar qualquer da avenida ali embaixo
Dia quente pede copos verdes gelados
Eu conheço e reconheço teus olhares mais impiedosos
Torço para ela não me mirar, mas ela mira e atira
Sabe que vai me ganhar, basta sorrir ao me olhar
Entre doses de whisky, baseados e junky music
Ela gruda em mim, sincronizada, me suja de volta
Me convence de qualquer coisa, mas não que eu já não queira
Eu gosto da tua sujeira
Das tuas mentiras sobre o amor
Da tua pele, carne, ossos e sentimentalismo
Da tua vontade estampada no rosto
Do teu gosto de amor exagerado
Com sabor de maconha e baunilha
Penso que te amo quando eu viro o olho
Depois de gozar, acho que só inventei
Gosto das mensagens pontuais
Onde me sinto sua gata e também sua puta, sou as duas
E nós gostamos dessa liberdade
Gosto de poder dizer adeus sem remorso, mas sempre é um até logo
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 17 - Dedo na ferida.
Todos os últimos dias eu tenho tentado seguir o máximo minha rotina, todos os dias a mesma sensação vazia e cíclica. Eu trabalho, aí eu durmo, acordo, eu sento na cama, óculos no rosto, procuro os chinelos, xixi, ânsia de vômito quando escovo a língua, penso que eu adoraria encontrar ela, ouvir a voz, sentir o cheiro, penso que tô um caco sem ela aqui, tomo meio litro de água gelada, fervo água pro café, estico os lençóis da cama, abro a janela, café com leite, baseado, trabalho, almoço, trabalho, trabalho, trabalho, respondo mensagens que ignorei, mais uma caneca de café com leite, fumo outro baseado, janta, assisto vídeos que me distraiam e durmo. Às vezes eu jogo tênis à noite. Às vezes eu saio porque quero ou preciso. Mas no geral é cíclico. A casa permanece num total silêncio, beirando o caótico e a distância dela cria tempos como esse... Vazios.
Me impressiona o tanto que o destino deve rir de nós, meros mortais. Em como as coisas acontecem na nossa vida sempre parecendo seguir um plano muito louco, um enredo pra lá de maldoso.
Tive que sair e ir ao supermercado hoje, urgente. Me atrasei pra chamar o carro do aplicativo porque não conseguia encontrar meu celular, depois minha internet estava desligada e quando saí tive que voltar pra pegar minha bolsa com cartão e outras coisas, quando voltei percebi que tinha perdido meus fones de ouvido. Quando cheguei ao supermercado os alto falantes tocavam Jazz. Agradeci ter perdido os fones.
Lá estava o Jazz... Jazz sem dó. Foi como um carinho no coração, eu gosto muito de Jazz.
E estava tudo bem...
...Até que eu a vi.
Bem... Ali.
Na minha frente.
No final do corredor dos saudáveis, pegando pão sem glúten ou sei lá o que... Eu a vi.
Eu no início do corredor, ela no final.
Minhas pernas travaram, uma vontade intensa de chorar, de sair correndo, literalmente, um nó atado na garganta. Culpei o meu atraso pelo encontro inesperado. Eu não tive reação. Meu coração ferveu, borbulhou paixão. Tudo de novo.
Eu a vi.
Sua pele, seus olhos, seus cabelos... Tudo me remeteu à saudades. Eu a observei ininterruptamente por uns vinte segundos, sem que ela me visse. Impressionada por sua beleza magistral. Ela emana uma coisa que faz a gente ficar preso mesmo. Uma luz, um ímã. É natural nela isso.
A observei por alto, não tive coragem de me fazer ser vista, de me permitir um oi em tom amigo, um como vai cordial, nada. Meu coração acelerado não me permitiu pensar em mais nada. Eu, que desejei tanto um reencontro, fugi do único que tive.
Seria trágico se não fosse cômico. Um ex par romântico, num dia ímpar, ao som de Jazz. Que ironia!
Honestamente, tê-la visto acabou com o meu dia.
Oásis
cê gosta de uma boa moça? diz que não... diz que não...
Me olhe com teus dedos
Me beije com teus olhos
Contrasta minha pele colorida no branco do teu lençol
Caminhe pelo meu corpo até se encaixar em minhas coxas
Molhe meu corpo com suor
Quer me ouvir implorar por mais?
Cole teus lábios na minha boca
Respire junto
Quente.
Devagar.
Fique exatamente assim, até o sol dar os primeiros sinais de chegada
Inteiramente aqui
Dentro de mim
E antes que eu me esqueça,
Pode ficar pro café.
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 16 - Um tanto quanto chato.
E de repente tudo foi ficando meio ameno entre nós, morno, meio estranho.
Nós olhávamos pra ontem e era como se os dias simplesmente estivessem passando em nossa frente, como um filme chato, dias cada vez mais velozes... E eu nunca fui fã de roteiros fracos ou paixões tortas.
Parece que depois de anos a gente meio que se conheceu tudo que achou que tinha pra se conhecer e foi perdendo o interesse, foi se perdendo. Descuidando. E acabamos aqui...
Eu não queria escrever sobre ela, sobre nós. Mas eu escrevo pra tirar de mim tudo que sinto, eu não consigo fingir que não me machuca, que não me incomoda.
Nos últimos dias tenho sentido que talvez ela ter partido faça parte do ciclo das coisas mesmo. Um ciclo termina, outro começa. E a gente vai vivendo. Só continua.
Eu ainda sinto a falta dela. Mas eu já não sei como falar isso. Quando a gente termina um relacionamento é como se a gente tivesse que reaprender a ser a gente. Não há uma estratégia. Não tem mapa pra tirar a gente do labirinto de sofrimento que a gente se enfia.
Há dezesseis dias atrás ela me tocou minha pele pela última vez, aqui... nessa cozinha. E desde então meu coração está gelado.
Mas continua sendo amor... Desde então. É amor, mas é fatal... Porque está me matando.
Eu já senti ódio, mas nem isso consigo mais.
E eu perdoo ela.
Tanto que me calo.
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 15 - Meltdown.
Mãos que quebram canecas também secam lágrimas
E fodem outras mulheres molhadas
O tempo passa, mas não me pede licença, me empurra
As palavras que eu disse, uma hora dessa, estão geladas
Eu explodo pra me proteger, eu acho, eu grito pra causar silêncio, não sei
E o tempo acelera mesmo assim
O tempo que as mãos não param, escapam e dançam a valsa da tristeza, entre gatilhos, com afinco
As mãos, então, arrancam os ponteiros
Paro o tempo, mas não consigo conter a maré explosiva de sentimentos misturados com lembranças
Paro o tempo mas não paro o Jazz
O Jazz toca sem dó
Sem sol, sem beck, sem ela
O tempo corre mais rápido do que eu corro e eu não alcanço
Também não danço de novo
"Por quê você é assim?" - ela me perguntou, uma vez
E eu não sei.
Eu queria dominar o tempo, o mundo, aprender francês e jogar tênis com mais frequência.
Tudo ao mesmo tempo.
Eu queria ter dado pra ela o meu melhor momento pra ela guardar, pra sempre
Dentro de uma caixa de presente com um laço bem bonito
Já faz alguns dias, né?
Por que eu sou assim?
Ainda me pergunto.
Nunca mais é muito, muito tempo.
terça-feira, 14 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 14 - Agora é como se não houvesse mágoa?
Quatorze dias. Eu nunca estive tanto tempo longe dela...
A todo momento me vem o cheiro dela, o toque na ponta dos dedos, a textura dos cabelos, dos beijos, a voz. Eu sinto tanta falta de nós que às vezes eu insisto em não acreditar que essa relação se diluiu assim. A cada dia que se passa fica mais distante a última vez em que a vi e isso vai me tirando cada vez mais a confiança de que haverá um retorno, uma grande volta triunfal, foda-se.
Eu sei que não.
E é importante eu manter isso na cabeça, não esperar, não viver em prol disso, não desejar, não pensar, não isso, não aquilo... Mas no fundo eu preciso acreditar que sim porque é foda acordar todo dia sem uma motivação que não seja eu mesma. A gente se acostuma com a outra pessoa ali, né? A gente cria laços. Vai criando ligações que não são fáceis de serem cortadas assim de uma hora pra outra.
É difícil viver o luto de um afeto.
É difícil vê-lo morrendo.
Eu nunca estive tanto tempo triste e sem ânimo, assim continuadamente. Mascarando o que sinto. Tentando, tentando...
Eu só queria não sentir.
Eu tô cansada.
Eu sinto que temos uma ligação... que chama, chama, chama mas ela não atende.
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 13 - Na ponta do meu cigarro tem angústias do mundo.
E assim caminha a humanidade... em passos curtos de uma dor silenciosa que é causada pelas saudades. Penso que não é possível que eu vá sofrer pra sempre. Mas às vezes eu acordo e penso que isso é possível pra caralho. Às vezes acho que é possível morrer de amor - ou pela falta dele.
Hoje, curiosamente, apareceu uma matéria num site sem muita credibilidade, onde dizia que a gente leva, em média, metade do tempo do relacionamento pra superar totalmente. Não sei se é verdade ou não. Pouco importa. A ansiedade de querer sempre tudo pra ontem não me deixa sair do lugar. Queria não alimentar a saudade, não me deixar levar... Enfim.
Acho que é por isso que a gente vai sempre procurando alguma coisa ou alguém que preencha isso, esse vazio. Algum corpo pra trepar no lugar, lábios, boca, cabelos... a gente só quer preencher, dar um novo sentido. Ou preenche ou aprende à lidar. E aprender à lidar que é foda. Como explicar - e entender - pra onde é que foi todo aquele amor intenso sendo que nem eu mesma entendo? Sei lá. Agora preencher o vazio é mais fácil porque o vazio sempre te lembra que é vazio.
O quarto é vazio.
O guarda roupa é vazio.
A casa é vazia.
O vazio conversa comigo, grita na minha cara.
Não encontrei luz na minha cabeça hoje. Não encontrei riqueza na minha alma. Não encontrei clareza no caminho. Não encontrei pureza nos meus atos.
O vazio grita na minha cara e eu não posso fazer absolutamente nada. Sigo apática, me faço de surda. Eu não tenho nenhuma arma que me proteja de sentir o vazio, nada que possa intimidá-lo, eu não consigo mais escrever uma linha sequer sobre tudo isso... E mesmo que pudesse, o que meu coração vazio escreveria?
Uma página em branco?
gata, isso ainda te surpreende? rs
Sua língua na minha boca é pura arte
Meus dedos cravam na sua pele sem dó
Afim de entender se você é um sonho gostoso
Ou uma realidade deliciosa
E a segunda opção ganha disparado
Sua calcinha pro lado é meu maior atrevimento poético
O quarto está repleto de gemidos que elevam o tom da conversa
Adoraria me perder por entre seus sussurros
Queria morar na fenda que descubro entre suas pernas
Mergulhar em suas cachoeiras, quero beijos e mordidas
Queria seus gemidos gostosos em notas altas, gravados
Para que eu pudesse ouvir nos dias de saudade
Queria mais do samba que você faz comigo dentro de você
Apertada
Você seduz minha inspiração e dança com ela
Com dois dedos tateando, me apoiando dentro de você, em suas paredes
Busco algum equilíbrio
Fervemos então o ambiente que já se encontra quente
Em noites acaloradas de uma paixão que dá água na boca
Intensa e fervorosa
tu.
É como um retrato do que eu chamo de amor, uma dança silenciosa que nossos corações se convidam pra dançarem juntos. A gente se gosta, eu só sei disso, só sinto. É um calor que dá no corpo quando eu a vejo, é uma felicidade que não sei mensurar, mas quero toda pra mim sempre. Ela beira o incrível. Mais linda que os finais de tarde com tons de laranja que eu vejo da minha janela.
Amo cada uma das voltas famintas que nossas línguas dão, que quase se prendem em um nó atado e safado e não conseguem se manter somente entre os lábios que enfeitam nossos rostos e insistem em passear por tudo. O sabor dela é viciante, o cheiro também. As mãos dela me tocam, mesmo que sem jeito ou sem intenção e eu tremo inteira, inteirinha, da cabeça aos pés.
Cada peça.
Tudo.
Vou fazer poema em suas costas nuas, só pra ela. No resto do corpo, misturo prosa e foda.
Somos uma paixão única, que ferve e nos presenteia com um tesão absurdo e descabido, arranhões e mordidas que beiram a poesia, soam poéticos mesmo, somos a paixão que me convida para um passeio nas estrelas, nas constelações perdidas entre os seios dela, a paixão das pernas abertas, dos dedos passeando intimamente e gerando gemidos deliciosos e suspirados, doces, do suor que declara o cansaço, do palpitar ofegante , que acelera meu coração, paixão dos afagos gostosos no cabelo e dos tragos em meio à fumaça no escuro, paixão que engole todo o meu tempo com o que há de mais significante: ela.
domingo, 12 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 12 - 288 Horas.
Sinto-me apática.
Numa explicação rápida, eu sinto como se eu mesma, minha mente, minha alma ou sei lá o que estivesse se desprendo do meu corpo. Nada me faz muito sentido pra mim. Estou tendo sérios problemas em me concentrar em algo nos últimos dias, de forma notável, e não vejo saída pra isso. Eu não consigo sequer acompanhar os diálogos dos meus amigos. Eu me sinto sempre perdida, pra trás. Eu me sinto assim, pairando... Flutuando sempre. Desinteressada.
Não encontro sentido e prazer em fazer mais nada do que eu gosto porque tudo que eu encosto me lembra ela.
Ela estragou as minhas coisas preferidas. Está matando minhas possibilidades. Ela está na personagem do meu filme favorito porque são iguais e eu que antes eu amava Mia Wallace, agora odeio. Ela estragou os tons quentes dos meus quadros favoritos, manchou os tons frios, ela me tirou tudo que há de colorido. Ela matou o meu sorriso. O prazer em tomar um vinho. Ela estragou cada um dos livros que eu mais gosto, porque me lembram dos olhares atentos e curiosos dela tentando ler algo entre as páginas que eu lia e passava, ela se impregnou nas páginas do meu livro do Neruda e agora está ousando se deitar sobre os sonetos de amor do Camões também. E ela nem gosta de sonetos. Ela está acabando com minha felicidade, minha existência, minha vibe, com meus textos. Ela fodeu com minha playlist de sexo. Com minha playlist de amor. Com minhas playlists. Com toda música que escuto, e lembro dela cantando distraidamente pela casa. Ela me roubou toda paz, quietude. Possivelmente colocou em alguma daquelas caixas de papelão e levou embora junto com toda tranqueira.
Meu coração se enche de saudade dela consumindo coisas que deveriam me remeter à mim mesma. Isso é maluquice.
O amor me derrotou, me desanimou, me deixou fechada, me deixou louca e pra ser bastante honesta eu já cansei desse jogo, pra hoje eu só queria poder sorrir e ouvir minha risada de novo.
sábado, 11 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 11 - Não sei fazer sentido.
O relógio não coopera muito com meu estado de espírito, emocional e mental... então às vezes eu mexo nele com os dedos e giro um pouco os ponteiros dos minutos, na esperança de conseguir acelerar um pouquinho o tempo que eu vivo sem a presença dela.
Controlar alguma coisa me lembra de quando eu era uma criança perturbada e jogava pedras nos carros, do alto da passarela do km18 da Anchieta. Subia pra lá quase todo final de tarde, sempre escondida pelo lusco-fusco, ficava atravessando de um lado pro outro, atirando pedras escondida nos carros que eu escolhia aleatoriamente nas pistas, sem que ninguém nunca soubesse ou visse. Sempre pedras ou bexigas com xixi. Quebrei vidros, retrovisores... Sempre fui astuta e filha da puta. Desde criança.
Sempre fui a criança que escalou até as prateleiras mais altas.
Sempre gostei de um malfeito. Talvez eu me foder hoje em dia seja karma e se for... acho que bem feito.
Mas nunca tive tempo de me arrepender de nada disso. Nunca. Hoje não há nada que me distraia. Nem passarelas. Nem tempos onde eu sequer sabia da existência dela. Nem pedras. Nem riscos.
Hoje eu tiro folhas dos calendários físicos.
Mastigo os dias com ódio.
Uso drogas pra maquiar a dor.
Evito Johnny Walker.
Red, green, blue, black, gold, pedras, anéis, canecas... Foda-se. Foda-se tudo isso.
Evito passarelas.
Não trago mais pedras nas mãos.
Rasgo poemas.
Faço barulho.
Ainda não me comunico com clareza.
Não faço contato visual.
Não vivo mais.
Escrevo textos iguais para dizer coisas diferentes.
Tenho uma sobrevida apagada por um afeto que eu não dei, não recebi, deixei pra lá, fingi que não estava nem aí.
Repito palavras que eu disse.
Esqueço - ou deixo pra lá - as que eu não disse
Sinto-me apática e presa nisso.
De que adianta eu dizer palavras para ouvidos que não me escutam?
Tudo está diferente, mas igual.
Parece que vivo num looping de dias, há dias.
Entende?
Eu não.
Nada mais faz sentido.
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 10 - Não que eu me arrependa...
Hoje eu acho que surtei. Sei lá. Agi na total impulsividade. Baseada totalmente na minha satisfação pessoal.
Eu liguei, fui atrás, procurei e trouxe aqui em casa uma amiga dela que eu transava muito antes do relacionamento acontecer, e EU SEI que a minha ex sempre teve muito ciúmes dessa.
Pois é. Ela veio. Nós fumamos, conversamos, nos atualizamos e transamos a noite toda, por horas. Quis espalhar as memórias dela em cada canto dessa casa, quis comer em cada superfície que há dentro desses cômodos, na frente de cada espelho, cobrir tudo, dar uma nova cara, trazer ares de superação, me banhar com os fluídos íntimos dela, foda-se, só queria estar coberta de uma nova possibilidade de alegria. Ou imersa em distração, não sei.
Foi a primeira vez que transei no escuro - e eu odeio transar no escuro.
E isso não é uma nota sobre arrependimento, foram coisas de momento... o beijo não encaixou. Foi frio e não gerou o calor que eu esperava que gerasse.
Mas eu fingi empolgação...
Não me diverti, mas espero que ela sim, me esforcei muito para que ela tivesse uma ótima nova memória comigo.
Não gozei. Não me desprendi da vida real.
Não sei porque fiz isso.
Não sei porque eu convidei essa mulher.
Eu ajo na impulsividade bem mais do que eu gostaria.
Ela, as canecas, os anéis, os ciclos finalizados unilateralmente... Tudo isso está drenando minha vontade de viver.
Qual a coisa mas idiota que alguém pode fazer dia após dia pra não lidar com aquilo que aflige?
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 09 - Haine.
Por que eu ainda me acorrento à esta história se não há âncoras ou bolas de ferro gigantes presas ao meu calcanhar?
Mas... Parafraseando Zé Ramalho, eu acho que para sempre fui acorrentada ao calcanhar dela.
Eu sinto.
Maldita.
Ah, quer saber?
Foda-se ela, também.
Fodam-se as âncoras.
Foda-se esse amor doente que está me matando por dentro.
Fodam-se as bolas de ferro gigantes imaginárias e amarradas ao meu calcanhar.
Um grandessíssimo foda-se para ela, de novo.
Sete dias da partida dela, vê -la tocando o barco me deixa com raiva, sinceramente. Eu sei que deveria fazer o mesmo e não é saudável que eu continue à ser tão ligada nesta história. O ódio é um sentimento mesquinho e egoísta, mas vai por mim, o ódio move muuuuuuito mais coisas que o amor é capaz de mover. O ódio chacoalha o mundo, treme a Terra.
Sinto raiva. E isso me impede de pensar muito, de pensar com mais frieza e clareza. Eu costumo ceder muito aos sentimentos. Agir sob domínio total do que sinto, na emoção mesmo. E arrependimento não costuma fazer parte do meu repertório. Je ne regrette rien. Por nada. Nunca.
Hoje eu desejei não sentir nada, mas sinto porque o ódio ainda é um sentimento... Que curiosamente é produzido ali, no cérebro, no mesmo cantinho que o amor. Não dá pra entender muito. E não importa quando a gente sente o ápice de um ou do outro. E pra mim, um anula o outro.
Quebrei a caneca que costumava ser dela hoje, expurguei o ódio quebrando a porcelana verde em muitos e muitos pedaços, queria que ela tivesse atravessado a parede e ido parar lá na mesa do vizinho, sei lá, que sumisse inteiramente da minha frente. Mas não. Ficou uma marca na parede e os cacos pelo chão, criei uma lembrança que indiretamente vai me remeter à ela. Amassei os anéis no batente da porta. Me gerou uma sensação de prazer imenso, eu sou do avesso mesmo. Ela partiu. E eu preciso entender isso. Eu vou arrancar ela daqui, expulsar. Tudo quanto for memória dela vai com ela pra casa do caralho, pro inferno com esse ex amor.
Foda-se que ela não vai voltar. Mas eu queria que sim. Mas eu queria que ela reaparecesse. De seja lá pra onde ela tenha ido, que volte...
Queria que ela deixasse de existir também.
Dualidades.
Eu queria mesmo que nunca tivesse existido, na verdade... Pelo menos não na minha vida. Desde que ela zerou o contato comigo que eu luto pra isso. Pra anular. Pra apagar. Pra esquecer. Pra não pensar.
Mas como... Como esquecer?
Realmente não tenho âncoras ou bolas de ferro acorrentados aos meus calcanhares... O que me amarra e me afunda é somente o peso das minhas próprias expectativas.
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 08 - ¡Que lástima, cariño!
Estou tentando criar uma nova rotina finalmente, tentando excluir um pouco mais das memórias dela de dentro de mim, exercitando não pensar sobre ela... e posso considerar isso até bom porque, infelizmente, mudanças na minha rotina são muito difíceis pra mim. Enfim.
Confesso que eu já não acordo mais esperançosa em encontrá-la e acho isso um grande avanço pessoal, um grande passo. Masssss ainda continuo desejando secretamente que ela esteja por algum cômodo desse apartamento, como se nunca tivesse saído.
A gente fica meio louco quando termina um relacionamento, né? Meio perturbado, cheio de manias de algo passado. Não sei explicar. A cabeça fica viajando por entre os caminhos estreitos que a saudade proporciona. Criando umas cenas malucas, lembrando de coisas que viveu. Eu fico querendo tudo de novo e ao mesmo tempo querendo não lembrar dela nenhum pouco.
Hoje enquanto eu fazia meu café, uma lembrança repentina me tomou... lembrei de quando eu a conheci. Da época em que começamos a nos tornar próximas. Eu ficava com uma amiga dela, mas era tudo muito ocasional, ela conhecia um ou dois amigos meus também, normal. A gente se conheceu na festa de aniversário de um amigo em comum, que foi num bar que ela achou chato e eu achei chato, daqueles com drinks caros e músicas ruins... Daí eu perguntei se ela topava fugir. Compramos cerveja dois quarteirões pra baixo do bar, sentamos em algum lugar e a conversa fluiu, meu coração sorriu, ali com ela. Lembrei do quanto fiquei feliz em descobrir e conhecer um pouco do seu gosto musical, saber que ela adorava poemas, mas sonetos não. Que ela falava alemão, inglês e um pouco de francês, e estava aprendendo espanhol. Que ela achava a mãe superprotetora, que o pai ensinou ela à fazer pipas quando ela tinha oito anos, e que ela tinha nascido no litoral, que achava São Paulo horrível de morar, que se perdia no metrô no primeiro ano de faculdade, lembrei do quanto eu adorei saber que ela não tá nem aí pra mapa astral e que também não assistia comédia legendado, que fumava maconha, usava outras coisas mas nunca perdia a linha e tudo bem. Eu me apaixonei assim que a conheci, foi inevitável. E era engraçado nossos papos, sobre tudo, sobre absolutamente e abertamente tudo. O prazer da nossa própria companhia. Do quanto eu fingi que julguei quando ela disse que transou a primeira vez aos dezesseis com um namoradinho da escola, e do quanto ela também julgou quando eu contei que eu só perdi a virgindade aos dezoito, mas que já tinha comido várias minas antes disso e ela ficava indignada porque, segundo ela, eu tinha cara de safada. Quando me contou do primeiro porre, em um verão qualquer, ainda bem novinha bebendo caipirinha que o tio fazia. Me contou de cada paixão que ela já teve, e eu contei das inúmeras namoradas que eu já tive, tantas que nem lembro direito o nome de todas e às vezes preciso puxar na memória porque com nenhuma delas eu tive uma grande história.
Antes dessa história...
Do quanto o vinho branco e baseado embalavam cada papo. Ela terminava a garrafa com um rubor muito único no rosto e eu terminava a garrafa me atirando pra ela. Geralmente sem roupa. Do quanto ela era uma romântica inveterada e eu picareta, falava pra ela que flores eu mandava pra quem morreu, pra quem tá viva é só água, uma cream cracker, maconha e buceta. Na verdade, eu sempre dava flores, buceta, poemas, tudo... Mas sempre a mesma piada otária, porque eu sei que ela sempre se acabava em risadas.
Pelo menos ela ria muito comigo - Pensei enquanto terminava minha xícara de café.
Quando foi que a gente deixou de ser feliz assim?
terça-feira, 7 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 07 - E a vida segue adiante, dançando...
Instalei um aplicativo de relacionamento hoje. Queria uma distração rápida e descompromissada, e foi legal pra mim. Fez bem pro ego. Fez bem pra autoestima.
Mas no fundo continuo achando tudo a mesma balela, a mesma coisarada de sempre, elogia minhas tatuagens, recebe algum elogio genérico de volta, fala de coisas sem graça, com todas eu tento ser engraçada porque eu sou Zé Risadinha mesmo, poucas conversas engatam de verdade. Pouco interessa de verdade quando há pouco interesse real de ambas as partes.
Essa coisa de flerte virtual é sempre a mesma coisa tóxica e insegura de sempre. A gente só mostra o lado bom e nunca fala que só tá ali porque quer sexo fácil ou acabou de sair de uma relação e faz absolutamente qualquer coisa pra superar. É um monte de gente mascarando suas cicatrizes emocionais e seguindo o fluxo. Todo mundo quer mostrar como sua vida é ótima e feliz, na rede social. Meio robótico, até. Um grande valão de necessidade de aprovação e carência emocional preenchido com matchs. Uma pressa sem sentido de tentar encontrar um novo sentido na vida, em tentar esquecer aquilo que aflige. Eu não quero ver as melhores fotos do meu match em viagem, são legais também, mas eu quero vê-la comigo tomando açaí na calçada ou um copão, chapada, rindo das piadas da Alexa, fodam-se os vinhos caros, eu quero vê-la fazendo xixi bêbada, na rua, escondida entre os carros. Eu quero sintonia e não tem aplicativo pra isso porque isso é algo que a gente, sendo o mais humano e genuíno possível, cria. Eu me interesso em saber qual a primeira memória maneira que ela tem da infância, se já quebrou algum osso e qual a história mais engraçada da sua adolescência, eu quero filosofar sobre qualquer coisa mesmo que muito louca, quero saber se tem encaixe quando a gente se beija na boca. Quero essência. E também quero saber se prefere japonês ou churrasco. Sei lá. Eu me interesso por gente de verdade, que eu posso encostar, saber que existe, tocar a pele. Não a tela. Eu não sei viver ali, dentro. Nem assistir a vida por ela. Eu não sei viver amores de plástico.
E além do mais, eu acho que ninguém ali tem intenção real de se encontrar, eu mesma, pelo menos, só quero atenção, distração. Quero imaginar outras possibilidades - mesmo que numa realidade distante - que não fossem com ela ou envolvendo ela. Uma volta com ela e blá blá blá.
Mas, sendo bem hipócrita, hoje foram longas horas espaçadas durante o dia da mais pura superficialidade, corações, likes, super likes e muitos "oi, como vai?". Surtiu efeito, atenção recebida, um afago que dá, fez eu me sentir até um pouco menos sozinha.
Mas a insegurança nunca espera em dar as caras, né?
Passei o dia respondendo mensagens, com os olhares atentos nas notificações, na tela do celular.
Mas.
Assim que olhei pra frente, bati os olhos na marquinha que fez na parede quando eu quebrei a caneca verde. A realidade chegou tal qual um soco na cara. Pensei em colocar um quadro qualquer por cima pra esconder, assim a marca seria um segredo que eu vou esquecer, hora ou outra.
Assim como vou esquecê-la, eu sei, também uma hora ou outra e eu espero que não demore, que não me tome muito mais da capacidade de lidar com isso. Eu sei que não estou lidando com isso da forma mais inteligente emocionalmente, mas estou lidando com algo que não me preparei para a possibilidade de lidar, então faço o melhor que posso comigo, mesmo que de uma forma impulsiva. E não existe nada que seja mais emocional do que quando a gente decide que precisa ser somente racional, porque no fundo não importa o quanto a gente tente, o quanto a gente queira mudar águas passadas, não importa o que a gente faça, depois que tudo acaba ainda assim o que fica é só a vida, que obrigatoriamente segue adiante... dançando.
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 06 - Post-its
Não lembrei dela por uma hora inteira hoje.
Segunda-feira braba, me distraí enquanto fazia coisas do trabalho.
Tive um dor de cabeça terrível e fiquei muito focada em terminar tudo rápido.
Mas aí eu lembrei... Porque ela está em quase tudo.
E é natural que o luto do fim desse relacionamento ainda se faça presente de uma forma intensa por aqui, quer dizer... acho que é natural, mas parece que a intensidade do sofrimento é cada vez maior. Como esquecer?
Quando lembrei, fiquei muitíssimo impressionada porque há seis dias já não consigo fazer quase nada além de desejar silenciosamente uma volta dela que não acontecerá.
Senti paz por uma hora quase inteira, hoje.
Lembrei porque vi uma homenagem para o ator da série chata e favorita dela, vi um episódio pra matar as saudades dela, pra lembrar dela rindo com as cenas... Continuei achando chato pra caralho. Eu tenho uma tendência a me auto torturar ou só uma forma de mantê-la presente e viva dentro de mim? Não sei.
Quase uma hora inteira da mais pura paz e distração... mas aí eu inventei de lembrar, e quando lembrei torci uma nuvem inteira de lágrimas, logo eu que não sei nada sobre dilúvios.
Eu só quero que isso passe logo.
Eu preciso que isso passe logo.
Dentro do meu aquário, escuto jazz de segunda-feira. É a minha trilha sonora para uma tarde de céu ensolarado, mas triste. É a vontade incessante de calar ou abafar o som de um peito que chora, de confortar os olhos que já silenciam lágrimas e acalmar uma mente cheia de guerra, palavras pontiagudas, armas de pensamentos tóxicos, gás lacrimogênio de uma saudade que sufoca e bombas armadas de amor desgostoso.
precioso espaço
Você é puro deleite para meus olhares, diversões rotineiras aos sábados e às vezes - com muita sorte - sextas feiras. Com o tempo quase sempre contado, apertado, adoro te ver contando os segundos dos meus sorrisos soltos e cínicos após o orgasmo. Bebendo o meu vinho tinto barato e reclamando do calor que faz dentro do meu quarto. Elogiando a minha playlist, gosto quando você tira essa camiseta preta e me permite despir sua alma, munida de um amor, uma calma e uma voracidade incomensuráveis. Nós geramos um nível de intensidade que era desconhecida por mim. E eu gosto disso. Sempre fui extremamente fã de tudo que é intenso e acho que ser intensa faz parte do processo, eu não sei se existiu alguma interferência na minha criação ou se nasci com essa característica, e foda-se também.
Adoro te ouvir falar sobre planetas, universo, filosofia, amor vagabundo e poesias. Você é minha. Mas não sabe ainda ou não quer aceitar. Diz que vai embora, mas trepa comigo de novo porque a playlist ficou muito boa agora. Estica os minutos um pouco mais e me fala que nunca será minha... Eu duvido.
A gente tem esse elo elástico... Eu esqueço até mesmo meu nome quando você me pega por entre vielas. Um, dois ou três. Rua principal. Por entre vilas, Moemas, Marianas, Madalenas, Olímpias. Amo como rasgamos o asfalto nos pertencendo de uma maneira muito singular. Amo como vibramos em total sintonia, ao ponto de não conseguir recuar. Não agora...
Eu caminho pelo corredor entre seus lábios, precioso espaço, suas coxas decoram meus ombros. Eu gosto. Você gosta. Nós gozamos. A playlist esgota. Mas nós ainda estamos à mil por hora, aceleradas. O suor escorre no teu rosto e eu me sinto extasiada. Você quer ser mais quente que meu chá e consegue, meus dedos nas tuas coxas, minha língua em você... O contato visual. Você me implora, sem palavras, pra não sair dali e eu não vou, goza e quase fala que me ama...
Sabe que eu tô apaixonada, né?
Você diz que eu vou levar você à loucura.
E talvez seja somente essa minha intenção.
Eu não tenho piedade alguma. Entorpecida, cedendo pra voluptuosidade do teu corpo despido. Meto forte, te boto no colo, falo o palavrão que mais gosta, jogo sujo, transo no carro, na sala, na Lua, na rua, no meu quarto ou no seu, te mostro os seios com o farol fechado, faço qualquer coisa... Você toca meus seios e acelera o carro. Maluca do caralho. Não desgruda os olhos de mim. A gente brinca demais com coisa séria.
Quero te ouvir dizendo, agora: "Eu não sou sua!"
Te desafio!
domingo, 5 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 05 - Carraspana.
Ontem à noite eu bebi como se eu fosse capaz de afogar o que sinto dentro de mim.
Aquela parada de pensar que sou capaz de afogar as mágoas.
Clássico. O starter pack de qualquer alma que sofre com a superação de uma ruptura afetiva. Não consegui. Óbvio.
As coisas não são fáceis assim como eu quero e até mesmo juro que são, pelo contrário, são difíceis e nem sempre têm alguma solução. Às vezes a melhor opção é deixar pra lá, deixar de lado, sei lá, passar com um rolo compressor por cima até sumir. E eu tentei muito, mas ao invés de conseguir eu criei um problema maior ainda, eu não consegui deixar de pensar nela por um minuto sequer, meus amigos perguntaram dela várias vezes ao longo da noite e ninguém sabe ainda que nem eu sei mais sobre ela.
De forma deslavada, menti. Eu não tive outra opção senão fugir de encarar a realidade e ficar repetindo de forma tortuosa em voz alta que eu a perdi.
Eu já encaro a realidade pra caralho sozinha desejando esquecer enquanto eu estou só existindo, na sala vendo TV. Enquanto eu faço um café. Enquanto eu vivo... Sozinha, em casa. Desejando esquecer isso de uma forma como nunca antes desejei nada na minha vida.
Disse pra todos que ela estava bem, que era aniversário da tia-avó dela, na puta que pariu, lá no interior e eu não pude ir por causa do trabalho, depois inventei outra história e outra e outra e outra e assim me esquivei. Não quis ser honesta com ninguém, nem comigo mesma. Como é que eu vou falar em voz alta que ela me descartou e tá plena fingindo que eu morri? Sendo que eu não consigo sequer matar um sentimento dentro de mim.
A saudade dela tá me deixando sem vontade de existir, nos últimos anos eu só existi com ela aqui, então como esquecer? Como reaprender e entender o que é o contrário disso? Por onde eu começo?
Hoje choveu, eu não estava em casa e esqueci a janela aberta... molhou a cama.
O lado dela da cama. "Lado dela.".
Por um momento eu pensei na cara dela de brava que eu adorava e logo em seguida tentei desesperadamente esquecer. O rosto, o cheiro, a risada, a textura deliciosa e confortável do beijo, ela... inteira. Às vezes a nossa cabeça consegue ser o pior e mais sem piedade inimigo que a gente tem, e isso é perigoso pra caralho quando não se consegue manter o controle, a calma, sei lá.
Chorei a chuva toda e mais. Parece que a saudade transborda em dias frios. Pelo vidro da janela, eu observo as gotas que escorrem. Acendo um beck, assisto a vida passando diante dos meus olhos. Tempestuoso, o que machuca o meu peito carrega um nome... Sem ela minha vida é chata, é vida porre, sem graça.
De verdade? A saudade dessa mulher está drenando totalmente minha vontade de viver, no papo.
Acho que isso ainda vai me enlouquecer, tenho certeza disso, porque quanto mais o tempo passa menos eu consigo esquecer o cheiro dela. Acho que tô ficando doida.
sábado, 4 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 04 - vida100vcvidatédio
baby please f with me
Pra amenizar o peso da semana, sempre quero me embolar com ela, subir um balão, baile, copão, sacanagem... eu dropo uma bala na boca da louca. Ela fica rouca de tanto que grita comigo e eu tô afim de ouvir essa sua voz chamando meu nome no sigilo dos quartos baratos dos motéis desse bairro. Adoro vê-la dançar... Mas ela sequer faz ideia da minha capacidade de imaginar coisas insanas com ela na cama. Ela fica tão gata nas luzes clichês dos motéis. Eu gosto quando me ataca, me joga beijo, anda nua pelo quarto. Me provoca. Me chama, me quer.
Abre o teto, bota um som. Domina e protagoniza comigo a situação. Olha pra mim. Me pede buceta... Que eu não nego, acendo o balão... ela me lambe inteira, tira sua própria roupa depois tira minha camiseta... Toca meus seios, esfrega buceta na minha coxa, me lambe com a língua azul. Me excita, não quer tirar a calcinha, mas tira a minha. Penso que a gente é muito louca. Sempre se encontrando e querendo isso. Transando muito, mas muito mesmo no sigilo.
Encostada em mim, ela rebola em frente ao espelho do motel barato, a gente dá um belo quadro, filha da puta que sou penso que adoro essa trepada porque igual ela não tem, é foda, mas também sou apaixonada e acho que seríamos um casal dahora.. enfim, eu viajo nessa mulher, viajo nesse sexo.
Com uma mão seguro o copo, com a outra insinuo a entrada. Já posso sentir ela molhada...
Através do espelho ela me encara com essa sua carinha de danada, a ponta dos dedos escorrega e eu gosto. Também adoro muitíssimo o gosto de amor que tem esse mel... Ai, caralho. Tira o copo da minha mão, foda-se o balão, ela só quer me ver e sentir puxando a calcinha pro lado, entrando rápido, ela gosta que eu mordo o rabo, entro forte. Dando muito amor em doses curtas. Com dois dedos. Com três. Com a língua. De qualquer forma. Uadauel.
Ela goza, eu me lambuzo com ela de novo e era só isso que eu queria... Buceta, maconha e um pedacinho do tempo dela. É normal eu considerar essa mulher mais sorte que loteria? Ela me dá equilíbrio, paz, amor, serotonina, todas as inas, a porra toda... Desde que chegou na minha vida que ficou tudo uma delícia.
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 03 - You know I'm such a fool for you.
Hoje passei a tarde inteira pensando em ligar pra ela... Em baixar a guarda, em ser quem procura mesmo ela não estando nem aí se vou ou não procurar por ela.
E aliás... Eu não estou perdida, tampouco ela!
A saudade me lembra que já são três dias sem essa mulher nessa casa e a tristeza me invade, me rouba a tranquilidade, caralho... eu quero essa mulher de volta...
Pensei em ligar, pensei, pensei, pensei...
Pensei demais, mas eu não tinha nada pra dizer pra ela, óbvio que ela sentiu falta da caneca mas sei que não vai voltar pra buscar. E eu não sei o que fazer. Então seria muito tonto da minha parte ligar só pra dizer oi, olá, hi, holla... Qualquer coisa? Ligar só pra ouvir a voz, pra dizer que a saudade tá me matando? Sei lá.
Hoje parece que a ficha tá caindo de que ela realmente não vai voltar. E parece que hoje tá sendo pior que os últimos dois dias. Mais pesado. A memória dela fechando a porta do elevador é constante, fica indo e voltando e me tira concentração no resto do dia.
Vi que ela estava online no whatsapp. Meu coração, então, num pulo por pouco não apertou a opção de enviar uma mensagem de voz, por pouco não mandei um meme, qualquer coisa até porque sempre fomos ótimas amigas, ótimas em conversar por horas sobre diversos assuntos. Ótimas em tudo. Quer dizer... Em quase tudo, se fôssemos ótimas em tudo ela não teria ido embora. Eu queria poder falar com ela sem medo. Sem ressalva nenhuma. Sem nenhum receio.
Enfim.
Não consegui fazer a chamada, nem mandar mensagens, nem oi, nem hi, nem holla.. e inclusive deletei o número dela da minha agenda pra me impedir de ir atrás, de procurar... Mas foi dolorido e incessante a necessidade estranha de ouvir a voz dela por, ao menos, alguns instantes.




































