Toda vez que eu penso sobre ela eu escrevo uma nova carta de amor, um pouco mais apaixonada, reafirmando os laços, várias linhas falando - ou tentando falar - sobre os sentimentos e tudo que vem com isso que de fato ela me faz sentir. Com o novo. Com tudo de novo. Com a sensação acalorada da vida e de viver, que ela traz pra mim. Sentir é algo louco e eu não sei se entendo muito bem, se lido de forma madura e honesta - principalmente e em primeiro lugar comigo. Me deixa pensativa como ela consegue ser mil e uma possibilidades, mas ainda assim conseguir me fazer achar que nenhuma está ao meu favor. Nunca. Nem quando conversamos horas e horas sobre nós eu consigo sentir que a conheço de forma mínima, nem quando eu tô completamente nua na presença dela, nem quando ela está dentro de mim exercendo a maior intimidade que existe pra mim, nem quando eu tô tirando dela o que a veste, peça por peça, sem pressa. Nem mesmo quando eu tô trepando muito, muito mesmo com ela em cada canto, em cada cômodo, em qualquer posição, consumindo seu sexo e horas de sexo incansáveis e tão, mas tão conectadas, fabricando atração e tensão sexual tão nossa, tão animal... ainda assim consigo achar nossa relação um tanto quanto impessoal.
Eu adoraria que ela morasse somente nos meus textos de amor, queria que ela fosse somente o calor e o teor dos meus textos de putaria que em sua maioria nem são dedicados para ela, mas foda-se. Eu gostaria que ela fosse exatamente como eu a vejo... mas eu sei que eu enxergo mais cores nela do que de fato ela tem, eu sei - também - que a deixo mais cinza do que ela merece ou que realmente ela é. Mas se a história é minha, eu posso colorir ela como vilã pra que eu possa ser a mocinha, porque toda vez que eu penso sobre nós eu sinto que ela me destrói por dentro, eu sinto que ela me abala, me abate, que ela rasga meu coração no meio e o devora quente e cru... Ali mesmo, na maioria das vezes no nono andar, no quarto, na sala, em qualquer lugar mas dentro da casa dela. Sempre nessa cidade. Vir pra cá se tornou uma azia, uma dor de cabeça... uma possibilidade mínima de dar certo.
Eu tô extremamente cansada dessa relação, sinto que o amor não deveria ser isso, não deveria ser assim e às vezes desisto até mesmo de pensar ou desejar que o amor seja com ela, tudo isso me soa como um genérico do amor, uma imitação, uma quinquilharia inútil e barata que comprei na shopee. Ela faz o amor ser uma colher para pratos rasos. Lágrimas de vidro, sempre lá a mesma mágoa, a mesma lágrima que não cai, a mesma rusga. Ela me leva do inferno ao céu, do céu ao inferno e eu torço para que um dia eu consiga recuperar o controle disso, me sentir eu de novo.
Mas... é isso.
Eu disse que não viria, mas eu vim. Disse que não faria, mas fiz. Respeitando os limites que impus pra mim, mas totalmente consciente do que eu poderia encontrar aqui. E toda vez que eu penso em vir e venho de forma amistosa, ela me faz questionar por que é que eu tô aqui. Não estou dizendo que não embarco nas discussões, que ela não me ferve, que eu não bato porta, aponto dedos, julgo, sou escrota, que eu não fujo dela e dos finais dos encontros com ela, eu fujo de dar errado ou que eu não venha planejando ser filha da puta... o problema mesmo é que ainda assim continuo vindo pra ver até onde isso vai me levar.
quinta-feira, 29 de junho de 2023
lágrimas de vidro
segunda-feira, 26 de junho de 2023
tipo o neo, eu me conecto
O vento gelado e constante invadia a sacada deixada propositalmente aberta por nós, e esfriava cada grau de calor existente naquele espaço. Impossível ser feliz no frio que tem feito no estado de São Paulo nos últimos dias, enfim.
Será que não para nunca de ventar nessa cidade?
Será que vai voltar a esquentar qualquer dia?
A fumaça do baseado fugia pela sacada aberta, junto com nossas risadas e conversas. Era um início de madrugada qualquer dessas que eu sinto tanta saudade e chego até ela sem expectativas, sem explicar muito, sem falar nada, desarmada e guarda baixa, sem grandes histórias pra viver, sem projeções. Só a saudade dando as caras e eu aparecendo na vida dela do nada, eu gosto que ela sempre sorri quando me vê, por isso apareço. Eu gosto da companhia. Eu gosto mesmo, mesmo, mesmo dessa mulher, não estaria aqui se não fosse assim.
Dividimos tantos baseados que minha tosse não cessou, vimos passar várias horas sentadas no chão, escondidas na sacada, lado a lado, escondidas de nós mesmas, eu acho, da loucura que a gente cria toda vez. Enquanto conversávamos baixinho mesmo que nós estivéssemos sozinhas e que não tivesse nenhum segredo a ser contado, a ser escutado. Pelo contrário, às vezes sinto que estamos até mesmo desconectadas há muito tempo. Mesmo que a presença dela seja algo que eu já tenha desejado, às vezes sinto falta das conversas de verdade, com um pouco mais de consistência, pra mim hoje tudo que falamos soa como conversas de duas estranhas no elevador ou na fila do mercado, a única diferença é que ela jamais seria tão simpática fora da bolha composta de mil e um playboy otário e chato, que ela vive. Às vezes sinto falta da intensidade que costumava nos consumir e que nos fazia se consumir com muito mais frequência, sinto falta de quando meu peito queimava de amor e não de saudades, saudades e mais saudades...
Meu braço encostou no dela e me gerou um nervosismo amador, calor, eu busquei contato, encostar nela às vezes me parece necessário. Eu me sinto idiota, lenta, sem graça e eu sempre culpo o baseado. Ela percebeu e riu, encostando mais em mim. Não há nenhum outro lugar onde eu estaria senão hoje ao lado dessa mulher. Daqui, com ela, eu me sinto no topo do mundo. Lembro de tudo, tudo que nos envolve. Tremi, mas o frio não tem culpa. Estática, não olho cara a cara. Mesmo que depois de tantas vezes na presença dela eu consiga até esconder melhor o nervosismo, o coração acelerado em qualquer contato, ainda me sinto como na primeira vez. Ela me olhou, fez aquela cara dela que eu amo e então eu a beijei. Com um pouco mais de coragem dessa vez. Ela retribuiu o beijo, mas mesmo assim eu me sinto fazendo tudo errado, invadindo o espaço dela. Eu passo o dia pensando nisso depois, me deixa feliz e ao mesmo tempo tão triste, mas me inspira. Relacionamento ying yang, ping pong, chiclete esticado da porra.
Eu escrevi um milhão de poesias pro caos que ela é, eu tive um jantar romântico à luz de velas com os medos dela, eu transei forte com o ego dela só pra satisfazer o meu, terminamos ambas infladas, mergulhei cinquenta mil vezes na falta que ela me faz, todas as vezes dizendo que a era a última e em todas as tentativos - logo após - acabei afogada na saudade com o coração dela amarrado aos meus pés, tirei a timidez dela pra dançar muitas vezes por essa casa, com maestria dançamos toda noite bêbadas da vinho, na sala. Declarei meu amor num outdoor e em seus ouvidos, estampei sorrisos nesse rosto lindo. Ela ainda dorme com meu moletom às vezes, tem medo de raios, menos dos que sobem pela narina dela, curte o mesmo tipo de som até hoje, só bebe destilado. Eu gosto dela porque eu posso ser eu mesma ao seu lado, na sua cama, na sua casa principalmente nos momentos que ela me tem de um jeito que ninguém mais tem, momentos onde eu sou só eu, despida de qualquer coisa que não seja conveniente ao momento, sentada no chão da casa dela, fumando um green e a ouvindo falar sobre qualquer coisa ou filosofar qualquer uma dessas filosofias banana sobre a vida, veganismo, pilates e namastê... Acho que sigo apaixonada por aqui.
sábado, 24 de junho de 2023
claro, claro, claro que eu mudei
Eu queria que ela descomplicasse a situação, às vezes penso que eu queria que ela gostasse de mim do jeito que eu quero, que eu idealizo e talvez seja somente amor o que eu espero, mas do meu jeito... bem egoísta assim, que se foda, eu queria que ela gostasse de mim além dos longos e longos minutos onde eu me encontro cega de amor, e de olhos fechados metendo dois ou mais dedos de forma intensa e incessante na buceta dela durante nossos banhos quentes, durante nossas noites secretas, durante nossas tardes amenas. Ela acha frio e direto a forma que eu escrevo, eu acho frio tudo que ela faz conosco, e se tem uma coisa que ela nunca consegue ser é direta e posicionada.
Às vezes penso que ela também busca amor do jeito dela, por isso a gente não se entende nunca, porque quando eu cedo ela me faz achar que fui otária, que eu sou um desperdício de tempo e me gera uma fila de traumas, mas o que me deixa realmente chateada é que ela me faz desperdiçar as manhãs, não aproveitar o Sol enquanto ainda posso. E quando eu não cedo, ela me pinta um monstro, bem vilã. Eu cansei de esperar qualquer coisa que venha dela, mas sigo no erro. Sei que deveria quebrar as correntes que me prendem, encerrar os ciclos. Mas ela fica mais gostosa a cada vez que eu a vejo. Por ora, impossível.
Às vezes eu não sei o que dizer, então me mantenho em silêncio enquanto minha cabeça analisa friamente tudo que acontece à minha volta, procurando uma forma - seja qual for - de mudar a situação para torná-la favorável a mim. Calmante. Sempre assim. Rato foge, é isso que um rato faz. Rato não encara as situações, não se importa com as consequências, não cria laços, só pensa em si, apenas é mestre em fugir rapidamente de qualquer coisa que sinalize uma ameaça. Quanto mais ela me aperta, quanto mais ela me sufoca, quanto mais ela me pergunta, briga, surta... mais lisa eu fico. Eu não tenho dom pra vítima, e minha maior arma ainda é me manter em silêncio. Às vezes eu realmente não sei o que dizer.
Porra, eu queria entender a gente... Mas eu perco muito tempo divagando entre o amor que eu sinto e o ódio que às vezes entra em cena tendo o mesmíssimo tamanho e peso do amor. Nem parece que somos o casal que se procura pra caralho, que há três ou quatro horas atrás estava na orla tomando cerveja, que há umas horas atrás tava trepando na sala de estar. E o ódio vem toda vez que eu penso porque ainda fico ali, porque não sei trepar e meter marcha, deixar ela lidar com a bipolaridade dela sozinha, ou sei lá que porra que essa mulher tem de tão desarrumado assim dentro dessa cabecinha. Eu me perco em mim enquanto ela fala, eu não presto atenção em nada, penso que cansei de brigar, de lutar contra, de me sentir na obrigação de me defender.
O tempo muda tudo e às vezes me esqueço disso. O tempo mudou meu rosto, meu corpo, minhas roupas e meu coração. Mudou meu cabelo, as ruas por onde eu ando, mudou quem eu amo. Mudou tudo. Enfim. Acho que devo ter uma leve tendência de ser idiota comigo mesma, me expôr ao risco, me deixar levar por buceta e às vezes até mesmo menos que isso. E olha que buceta nunca faltou, só mesmo a minha paz que nunca está em dia.
O amor é tão urgente quanto é incômodo e em contrapartida, às vezes e somente às vezes, eu tenho uma leve tendência a jogar tudo que me deixa em paz pro alto e me permitir fugir a regra, me permitir errar e ser otária comigo mesma.
Mais uma vez, nem vou fingir surpresa, lá estava eu. Olhando pro rosto dela enquanto lidava com essa merda de comportamento estranho que ela tem quanto a minha vida e lidando também com o vento gelado madrugadeiro que entrava pela janela do quarto dela aquela noite, ambos cortantes, paralisantes. Eu só sei lidar com tudo ao mesmo tempo ou com nada nunca. 8 ou 80. Sonsa ou filha da puta, mas nunca morna.
E sendo bastante honesta, o tempo também mudou minha forma de pensar e de agir se eu resolvesse ser da mesma forma que ela, eu sei que isso faria facilmente com que ela odiasse e como um prêmio infantil e pessoal, vingança, sei lá que porra, é só uma suposição, mas talvez e só talvez eu fizesse com que ela me odiasse... um pouco mais dessa vez.
segunda-feira, 19 de junho de 2023
superjoy
São tão divertidos, gostosos e intensos os momentos em que nós vivenciamos o amor e a atração que sentimos em total sintonia, em total conexão. Sem medos ou receios, sentindo-se completas e completamente preenchidas com paixão, que ferve e é impossível de ignorar, que nos enche de vontade de beijar a boca uma da outra sem parar, de estar perto, de encostar minha pele na dela de alguma forma, de sentir, de carimbar minhas digitais em cada centímetro daquela mulher, de vivenciar cada encontro - que sempre se torna único e a gente adora.
Sigo morando confortavelmente na mais concreta e deliciosa intimidade que nós desenvolvemos encontro a encontro, sorriso a sorriso, de conversas em conversas, semana a semana, sinto que ela me conhece muito, muito mesmo e isso dá uma certa intensidade ao laço que estamos criando nesse quarto iluminado de vermelho e fora dele também, ela é foda! E eu sou fã.
Ao lado dela as horas voam e quando ela está assim... Nua em cima de mim eu não consigo mesmo lembrar de mais nada, que dirá das horas, do relógio, nesses momentos onde ela me retém total atenção posso garantir que pra mim não existe nada mais lá fora, detrás daquela porta, realmente parece que nada mais importa. Eu sou completamente maluca por ela e cada mínimo detalhe, eu quero ser a casa dela, não quero que ela saia nunca mais daqui, não saia nunca mais de dentro de mim. Seguimos assim, então... Muy enamoradas.
Ela é tão gata, tão linda que me impressiona. Quando meus olhos se cruzam com os dela é como se fosse amor instantâneo, ela me beija, me abraça,me cheira, me experimenta, me consome... E eu fico cada vez achando ela uma pessoa gostosa, e posso afirmar: ela é mais gostosa que fumar um baseado e comer um chocolate logo em seguida, tão gostosa quanto dividir uma ou duas garrafas de vinho com ela, transar até não querer mais e dormir juntas, tudo no mesmo dia.
Ela me inspira paixão.
E uns textos de amor clichezão.
terça-feira, 13 de junho de 2023
traz outra dose de rum que eu sou pirata
Passamos metade da noite rindo, discutindo com muita animação sobre vinhos, sobre quadros, sobre filmes, sobre os dias, sobretudo sobre nós. Visivelmente felizes com as voltas e voltas do nosso caminho, tranquilas, animadas, se sentindo um pouquinho mais maduras, mais adultas - talvez momentaneamente - lidando com o fato de que a ausência na vida uma da outra não é possível, é foda, faz falta, nos deixa com uma saudade insuportável no peito, enfim. Passamos boa parte da noite como era antigamente, curtindo cada minuto sem problematizar nada, enquanto ela não se cansava nunca de servir minha taça de novo, de me beijar a boca com sabor de tinto. Eu amo os lábios dela com tons rosados assim por causa do vinho, da quantidade exagerada de beijos intensos e gostosos que a gente se deu, do batom vermelho que ela tirou mais cedo, sei lá. Ela nunca se cansa de me provocar, sentar no meu colo, sabe muito sobre mim, sabe como eu gosto. Me beija o pescoço, me beija de novo e mais gostoso, acende o baseado, me passa logo depois de dois tragos e eu percebo que fico absolutamente atraída por ela com pouco, ela sabe como me prender atenção, sabe como me fazer ficar vidrada, grudada na pele dela, nos lábios, meus dedos entrelaçam no cabelo, ela toca meu rosto, eu a beijo mais, trago o baseado, um cafuné gostoso nela e eu reconheço que essa é a mulher que eu não largo.
Ela nunca se cansa de passear pela minha vida, de fazer morada nos meus pensamentos e pra ser bem honesta eu já não tento lutar contra nenhum sentimento, eu dou espaço pra isso de sentir, confuso ou não, bom ou ruim... eu não estou nem aí, só quero a proximidade com essa mulher que tira minha paz, minha sanidade... mas bom mesmo é quando a gente fica nessa vibe de se gostar tanto, de aportar na vida uma da outra, de roubar sentimentos, de saquear beijos, de se sentir, se tocar, se experimentar e é incrível nossa falta de vergonha na cara de ainda sentir tanta vontade assim de se conhecer e se permitir reconhecer de novo depois de tudo que nós vivemos num estado absurdo de paixão, isso é muito doido. Sempre em busca de um novo encontro, sempre procurando um novo contato, estar lado a lado, sempre ficando puta ou maluca porque a gente se atrai como sempre e sempre mais do que nunca. O bagulho ferve, frita, em poucos minutos eu me encontro amando aquela mulher exatamente como eu desejo, trepando com ela na mesa da sacada, no sofá da sala, no box do banheiro. Pirata que sou, saqueio os orgasmos e sentimentos que ela tem pra me oferecer, essa mulher é ouro pra mim, brilha pra caralho e anima meus olhares, que seguem atentos. Nem tudo é sobre sexo, mas é impossível encontrá-la sem sentir o amor e a libido se misturando perfeitamente e correndo muitíssimo rápido em cada centímetro do meu corpo.
Nem tudo é sobre sexo, mas pra nós é impossível deixar o sentimento somente dentro do próprio corpo, a gente explode, se ama igual duas malucas - que somos mesmo - por culpa da saudade, da vontade mútua que sentimos, o beijo encaixa e eu deixo todas as marcas desse amor bandido carimbados no corpo dela. Quando volto pro meu barco, levo tudo de mais precioso que ela tem.
O amor é uma coisa muito louca mesmo.
E eu sou só uma grande entusiasta dessa mulher, essa é a verdade.
sábado, 10 de junho de 2023
vinho com saudade cai bem
O elevador me pareceu um pouquinho mais rápido esta noite. A saudade também pareceu me bater mais rápido dessa vez. Me olhei no espelho algumas vezes, ansiosa como na primeira em que subi até o andar de número nove, receosa como na última vez. Não sei se estou certa de que gosto de esperar surpresas quando se trata dela, mas ainda assim lá estava eu. Corajosamente. Novamente. Sem um pingo sequer de vergonha na cara e ouso dizer até que com uma dose a menos de amor próprio também. Pela vigésima vez. Só esse ano.
Depois da centésima promessa de nunca mais colocar minhas mãos nela, meus olhos nos dela, meus pés nessa cidade... Enfim... Lá estava eu, subindo pro apartamento dela igual louca, doida de vontade de beijar na boca, olhando pra mim mesma no espelho, sozinha no elevador, me certificando de que eu não estava usando um nariz de palhaço porque não está escrito o quando eu me sinto a mais otária do planeta vindo até o encontro dela depois de tudo, prontíssima para mais uma experiência de tirar o fôlego, a paz, a saúde mental... que seja. Uma foda a mais, uma mágoa a menos, tanto faz também, não é mesmo?
Assim que o elevador parou no nono andar, abriu as portas e eu coloquei meus pés no tapete de entrada da casa dela pensei em fugir, mas não deu tempo, não toquei a campainha e acredito que ela sabia o exato momento que eu cheguei pelo barulho do terremoto que dominou meu peito, meu coração acelerou como se soubesse o que viria após e eu acho que às vezes eu sentir isso é algum tipo de autoproteção. Talvez seja só ansiedade mesmo.
É foda.
Enfim.
Ela sorriu quando abriu a porta. Me abraçou apertado, ofegante, afobada, com uma pressa que eu nunca senti antes nela. Com uma paixão que eu gosto de sentir. Com a saudade no mesmo nível que eu.
Foi bom olhar pra ela. Foi MUITO bom olhar pra ela.
Sorrimos, então, por hora.
Sentir saudade é algo doido, né? Eu sei que a saudade que eu sinto daquela mulher não é física, que eu não posso tocar, que não é palpável mas, eu sinto incomodar igual pedrinha dentro no sapato, isso é fato.
O amor é uma parada de mil grau, e eu gosto dela ao ponto de amenizar a distância, guardar como se fosse muito precioso uma série de lembranças, findar os medos, conversar sobre tudo com uma longa troca de mensagens pelo telefone, eu gosto dela ao ponto de proteger seu nome.
Gosto mesmo dela. Do beijo. Do vinho. De tudo.
sexta-feira, 9 de junho de 2023
say you're leavin' on a seven thirty train and that you're headin' out to Hollywood
Ainda hoje em dia é difícil olhar pra ela sem ficar sentindo o sabor amargo que tem essa sensação chata de que ela já foi uma mulher que eu desejei muito, que tive muito, que dei muito de mim, o gosto do que já vivemos, esse nosso quase romance que, felizmente ou infelizmente, dura até hoje. Não que eu me arrependa, mas o que é que fica quando chega o fim? Só essa sensação vazia de não esquecê-la mesmo tendo amor, pele, tato em todas as vezes que nos encontramos, quando a gente cruza o olhar eu sei que quero beijar a boca dela até acabar o ar, beijar a boca dela até ficar com calor, é muito claro pra nós ainda hoje a paixão ainda nos queima totalmente por dentro e por fora. Se fosse diferente qual o sentido dela voltar depois de tudo isso? Qual sentido de eu colocar meus pés no nono andar mesmo jurando não voltar toda vez, de eu colocar meus lábios nos dela e me deixar levar pela situação?
Às vezes penso que a gente não se entende mais, que não falamos a mesma língua, tirando quando minha lingua encosta a língua dela eu acho que nós não nos comunicamos com clareza e precisão, que juntas fica impossível viver a vida em paz porque não tem um diálogo sequer que não acabe com ela jogando na minha cara as mágoas que ela mantém, cultiva e cuida tão bem, não tem um encontro que eu não fuja dela igual louca por falta de paciência pra dar explicações sobre coisas que eu nem quero. Toda semana que eu a encontro depois ou eu seco minhas lágrimas na calcinha, pele e pêlos de outra mulher ou eu queimo uma sessão inteira de terapia falando sobre ela por mais de quarenta minutos seguidos, quase que sem ser interrompida, eu mesma sou incapaz de me escutar, gosto de pintar ela como a filha da puta da história, então sigo ouvindo que eu não deveria me sujeitar a essa merda toda. E eu concordo... Até eu tê-la comigo no mesmo ambiente, no mesmo ritmo, na ponta dos meus dedos, dentro ou fora de um quarto, com o acesso liberado eu escondo o medo que sinto de qualquer hora eu desapegar mesmo dela e da nossa história e não sentir mais nada, de não conseguir sentir isso de novo, de não sentir mesmo mais nada nunca mais, de não fazer a gente ter algum sentido, e não faz mesmo porque nós somos um ciclo falido onde somos, também, viciadas em reabrir, às vezes me sinto mesmo forçando uma situação que na maioria das vezes nem sou eu quem procura, mas que sempre me encontra de uma forma ou de outra. E eu sempre a recebo de braços abertos porque eu não sei sentir de outra forma senão amar essa filha da puta pra caralho, muito, com toda intensidade que eu conheço.
Enfim, é foda.
Tô cansada de desejar nunca tê-la conhecido.
quarta-feira, 7 de junho de 2023
amantes do vermelho neon
A luz vermelha dominava cada cantinho do meu quarto, incendiando o espaço, iluminando e agregando nossas intenções, luz gostosa que dançava na pele quase que toda rabiscada dela. Meus dedos brincavam com a luz e com ela, que a cada vez que sentia meus dedos dentro dela, apertava mais meu braço, minhas costas, gemia sussurrando pra eu continuar. A cada vez que eu entrava um pouco mais forte, com mais carinho e precisão ela me retribuía o desejo, molhada ao ponto de me encharcar também, rebolando pra frente e pra trás, parece que sempre quer mais, ela me olhava com cara de quem me permite fazer o que eu quiser, como quem estava autorizando totalmente minha diversão, eu poderia virar ela do avesso fodendo sem parar que ainda assim ela me olharia com essa carinha de quem está com bastante vontade e muito à vontade, maravilhosa, gostosa, cheirosa, ela gosta de experimentar meu corpo, eu gosto de cheirar o corpo dela, do sabor, de lamber, de me lambuzar com ela, de me afogar entre as coxas, de morder e marcar a bunda, onde ela adora tomar tapa e ela gosta de cada momentinho nosso e seguia me sorrindo com satisfação, com aprovação. Deliciosa, que mulher saborosa, eu não aguento, eu cedo muito fácil pra possibilidade de passar metade de uma noite com ela, algumas horas com ela me beijando a boca, minha língua no corpo dela, a língua dela na minha, a língua dela em mim, gemendo rouca, ficando louca. Ela me ganha demais no vermelho neon.
Ela totalmente nua parece que até brilhava, parecia o mais belo quadro que meus olhos já estiveram cravados, obcecados, ela de quatro o rabo formava um coração e honestamente? Puta que pariu, eu acho que ela é arte e eu não quero perder nenhum segundo de apreciação dessa mulher, de observação, quero decorar cada centímetro, cada desenho, cada marquinha que eu deixei, do gozo ao recomeço, do recomeço ao cansaço, da siririca dedicada a ela nos vídeos safados que eu envio. Será que mereço tanto? Tão gostosa? Sério, eu não quero perder nenhum segundo ao lado dessa mulher.
Sigo otimizando o tempo porque eu tenho uma fome absurda de devorar as horas ao lado dela, um tesão absurdo de transar com ela até às luzes não serem mais necessárias para nos guiar, até o Sol rasgar a escuridão, embora eu ame a claridade que me permite perceber as expressões faciais deliciosas que ela faz, que eu não entendo, mas acho que ela também gosta. Ela é a mais gostosa do meu mundo, transa comigo, faz de tudo, sem cansar, deliciosa geme no meu ouvido um: "Vamo gozar juntas?".
Gostosa do caralho!
Encerro dizendo que ela joga sujo e muito baixo... por isso me ganha tanto.
terça-feira, 6 de junho de 2023
as sobras de um amor finado
Às vezes ela entra numa procura por mim, uma busca desesperada, me assusta, ela é covarde porque sabe que eu não sei falar não para ela, que eu vivo imersa na saudade que eu sinto dela, e aí quando ela me encontra, me faz mudar rapidamente de opinião quanto a tudo que nos envolve, eu não sei manter minha ideia de afastamento quando ela tá na minha frente, no cara a cara, olhando no olho, quando a pele dela entra em contato com a minha pele eu não sei fazer diferente, eu volto atrás, daí ela me usa, eu transbordo afeto porque eu a amo de fato. Aí ela me esquece com a mesmíssima velocidade com a qual me encontra, eu quase nunca sei lidar com isso então eu infantilizo tudo, viro a maior cuzona, taco o foda-se, taco muito em outras, faço pior com ela, eu ignoro, eu sou filha da puta, mas eu sei que faço isso porque eu não sei mais o que fazer para esquecê-la - também - por aí. Eu não supero essa história, eu não mudo o roteiro, eu não deixo ela desaparecer entre as pessoas que entram e saem da minha vida, eu não consigo deixar ela pra lá. Por mais que eu tente, ela sempre me dribla, sempre está um passo a frente de mim. Mais cedo ou mais tarde ela me alcança.
Ela me esquece em qualquer canto, em qualquer gaveta, me deixa nas mensagens não lidas, arquivadas, esquecidas, me esquece num canto escuro da saudade, sozinha. Me faz sentir como se eu estivesse morando na Sibéria, em Yakutia, no Alaska, na Antártida, sei lá, no lugar mais frio e foda de ser habitado na Terra, no lugar mais depressivo do mundo. Ela me faz achar o amor impossível, inóspito. Drena minha felicidade e minha paciência. Mais nada. Frio e só, solitária como nunca estive, como nunca imaginei estar.
Faz frio lá fora e aqui dentro o vento bate nas paredes e dentro da minha cabeça, ela rouba mesmo minha felicidade, invade meus pensamentos, monopoliza meu sentimento, o nome dela segue perdido, congelado na minha mente. No frio que faz minha cidade hoje.
Eu adoraria não sentir, não pensar, não querer, não desejar mais nada com ela.
Mas faz frio. Entende?
E o que eu posso fazer se é verão quando ela volta? Se a presença dela deixa tudo quente, e ela se desculpa, penso que ela é otária, diz que também sente muito e que faz tudo por ciúmes, eu acho que é falta de amor. Não há outra explicação para ela me deixar tão de lado assim, senão o fato de que ela só quer diversão, distração. Senão o fato de que ela é só mais uma filha da puta no mundo.
Eu sempre me perguntei como é que nasce o amor, que cor tem, que cheiro exala quando se ama, que som faz, qual a temperatura que tem o amor, além do calor conhecido que emana o corpo dela na minha cama e do rubro no meu rosto. Pra onde é que vai o amor quando se acaba? Acaba? Amor deixa de existir? O que é que vira depois de tudo? E o que é o desamor?
Nunca soube responder.
Será que desamor é essa sensação incômoda, chata, que fica quando ela vai embora?
Enfim.








