A mão dela deslizou carinhosamente no meu rosto e eu não contive a felicidade em receber o toque. Ela ganha a minha atenção com toda delicadeza possível, muita calma,, os olhos dela encurralaram o rato que sempre foge. A mão escorregou pra nuca.
Toda vez que ela me abraça, ela o faz com a mesma intensidade de quem não me vê quase todo dia, e transa comigo como se fosse a primeira vez... sempre.
Ai ai ai.
E logo eu que me sentia tão cansada de ser/ter somente diversão pra essas mulheres malucas, me aparece a mais inusitada, não tô falando que ser bagunceirinha eu não gostava, e gosto ainda... Mas essas coisas que o afeto dado na intimidade me gera eu adoro mesmo, não aguento, perturba minha cabeça e eu fico encantada com uma diversão dessas. Enlouquece um pouco, rouba meu controle. Fora do meu normal, do habitual. Ela é tudo o que me atrai, então sei lá, só sei que após meus lábios terem tocado os lábios dela pela primeira vez eu nunca mais quis tirar. Pelo contrário, é quase o tempo todo querendo tudo que a gente já viveu de novo e mais um pouco.
Acendi meu beck enquanto a observava vestir-se novamente. Já é a quarta vez que a vejo só essa semana porque eu sinto saudade. E ainda há planos de fuga juntas na sexta.
Tá paz. Tudo paz. Pura admiração mesmo. Gata do caralho. Acho que meu olho até brilha quando eu olho pra ela, sei lá.
- Que foi?
Nem respondi, só levantei da cadeira e a beijei.
- Maconheira do caralho. - ela disse, me empurrando, eu ri, e respondi que ela me conheceu assim. Eu gosto quando ela fuma um baseado comigo e divide a brisa.
E ela tem gosto de amor quando eu a beijo. Sabor de mulher que me vira a cabeça quando eu como com vontade, sem talheres, apreciando ela com as mãos, puro tato. Cheiro de intimidade sendo criada. Eu gosto. Gosto dos encontros sóbrios e dos mais malucos, gosto de tudo. Ela me olha e automaticamente eu entro em puro estado de nervosismo e não sei nem o que fazer direito, então eu taco beijo. E ela fala pra caralho quando me vê, eu gosto disso também.
Ela tem gosto de amor pra vida, ou quase isso, cheiro daqueles amores que complementam a vida. Sei lá. Dose de alegria. Eu sou dessas que é fã da intimidade, muito ligada ao sexo e fã do sexo repetido pra melhorar ainda mais o que já é bom, imagina pra mim então que já foi incrível de primeira? Eu gosto de deixá-la a vontade comigo. Ela me deixa mó paz. Outra vibe. Outro mundo. Eu não quero outra vida.
A gente se curte e curte o momento onde quer que estejamos, isso é fato. Ela faz o momento ser leve pra mim, feliz, conduz minha brisa.
Eu só volto pra minha vida por causa das responsa, das onça. E devoro os dias que não a vejo - que denomino como dias de saudade - pensando em cada uma das vezes que devorei as horas passeando com voracidade pelo corpo dela.
Tô que é só saudades.
Mas por enquanto tá tudo paz.
quinta-feira, 12 de maio de 2022
Clichês para Bebel
sábado, 7 de maio de 2022
sufoco
Parece que eu só pisquei mais forte e de repente eu já estava com meus amigos no meio do baile, depois pisquei mais forte ainda e lá estava ela, só ela, nem precisava mais ninguém... subindo viela por viela, envolvidona comigo e eu tacando beijo na boca dela. Sem parar.
Ai ai.
O outono deixava as noites do outro lado muito mais frias que o habitual. Baile lotado mesmo assim. Bailinho gostosinho, mas o clima quente mesmo era só entre a gente, eu e ela. Bêbadas inconsequentes escondidas lá no alto da favela. Só eu e ela, dez gramas de maconha, um copão de whisky com energético, entre uma dose e outra de Jack de canela, bebida escolhida por ela com a desculpa de que era pra esquentar. A gente ainda tem quase a garrafa toda, e eu tô tão quente que já tirei a blusa nesse frio do caralho - nem senti o frio, pra falar bem a verdade. Mais um beijo e ela vai ter eu no colo dela sem camiseta porque eu sou bem dessas mesmo... quando quero.
Toda vez em que ela me beijou a boca essa noite, toda enroscada braba que a gente deu... pensei que eu ficaria bêbada - caso já não estivesse - só de beijá-la. A língua molhada, azul de bala deslizou na minha e me deixou afim de levar ela pra casa na mesma hora. Instantâneo.
- Mais uma dose de Jack? - ela me perguntou como se indicasse que não transaria comigo ali, e tudo bem. O dedo dela já quase dentro, ela já estava quase entrando na minha calcinha porra, ela é filha da puta, penso que só não quero que ela negue buceta porque eu tô bêbada e tô maluca. Transar com ela agora é igual necessidade, só quero, só vou, só preciso.
- Mais uma dose e casa? - respondi.
Mais uma dose pra esquentar. Pra não deixar a gente perder o ritmo. Não vamos.
- Posso compartilhar algo bobo? - ela acenou com a cabeça que sim e fez aquela carinha dela de atenta que eu não aguento - Aqui é meu lugar favorito no mundo. - falei acendendo a metadinha de beck enquanto ela nos servia outra dose - eu gosto do visual, da altura, de ser escondido, de poder tipo... tá aqui agora com você, sei la, olhar pra tudo isso sem a gente ser vista. Gosto da sua companhia também.
Ela riu como quem achou que pudesse ser mentira ou cantada, mas era verdade. No céu a Lua era a única iluminação que nós tínhamos lá do alto. A lua, meu isqueiro e as luzes que vem do baile lá embaixo.
- Você traz toda mina que você pega pra cá e fica falando isso? - Dei risada e neguei, mas sei que isso também é verdade.
Com ela é tipo tudo sempre paz, o jeito que rola com ela é natural. Desde o início, é diferente a paciência que ela tem comigo. Eu gosto. Me deixa confortável, me faz querer tá perto.
Olha o céu comigo sempre que o ar parece pesado pra respirar.
A atração carnal também é inquestionável. Do tipo rara, do tipo que todo beijo que ela me dá na boca deixa a minha buceta molhada. Eu quero ela grudada em mim, em cima de mim, eu quero afundar meu rosto nas coxas dela, eu quero carimbar minhas digitais em cada centímetro do corpo dessa mulher, deixar saliva por tudo, eu quero lamber as costas dela do rabo até a nuca, com dois dedos dentro. Animal assim, claro e direto assim. Eu quero transpassar ela mesmo, rasgar ela no meio, sem limites. Desmedido. Carnal mesmo. Ela me deixa pirada.
Eu tô maluca.
Ela é do bonde, eu gosto é disso, conheço há tanto tempo e do nada a gente passa a transar repetidamente pra caralho no sigilo, é isso?
Me olha com cara de tímida das vezes que me encontra no jet e eu percebo que conheci alguém mais sonsa do que eu. Vai buscar goró comigo e me beija em toda viela possível até a adega. Trajeto de dez minutos vira vinte e cinco, todo mundo percebe mas a gente não deve porra nenhuma pra ninguém, né?
Lá no alto ela tinha cheiro de minha dupla, de par ideal. Parou e me olhou no meio do beijo "sua carinha de sonsa engana" e três tapinhas leves no meu rosto, tipo de elogio que eu gosto... beijou meu pescoço. Ah mano.
- Tira a mão de mim vai, caralho. - Eu disse séria, ela sabe que eu sou perrequeira, ela responde colocando mais ainda as mãos em mim, cravando as unhas nas minhas coxas. Desde quando implicar tanto com alguém virou forma de flertar e eficaz? Menina maluca, eu gosto. Transa comigo na mesma brisa que eu tô, isso que é foda. Bebe comigo, dança comigo, fica comigo, usa comigo. Eu só queria tirar ela dali logo.
Odeio o sorrisinho debochadinho dela, mas adoro causar o mesmo. Ela gosta de surpresas então às vezes eu apareço do nada, só falta o laço, mas ela gruda em mim sempre que me vê, o laço é ela, eu dou o nó e ela aperta. Grude certo. Bala certa. Eu viro fã, me faz sorrir um dia todo e no outro eu já quero mais. Mais sorriso e beijo na boca.
O resumo disso é: dessa vez eu levei essa maluca pra minha casa, a gente se agarrou tanto que o motorista do aplicativo não entendeu nada, subi pro apartamento com ela me beijando a boca, com uma parada entre um lance e outro e minha mão irresponsável se enfiando dentro da calça sentindo ela tão, mas tão molhada... Pareceu que nós nunca chegaríamos no final da escada. Sufoco.
- Quer água? - perguntei na sala.
- Quero ser chupada...
Ah para, vai virar minha cabeça assim... Precisou falar mais nada. E eu também não quero escrever mais nada. Só quero falar que não paro de pensar na gozadinha inundada e gostosa que ela deu em pé comigo atrás da porta do meu quarto. Espero ansiosamente repetir em breve.
Ai caralho, nunca mais escrevo bêbada.
Uadauel e tchau!
sexta-feira, 6 de maio de 2022
ressalva
Amanhecer numa situação que eu considero errada - PRA MIM - sempre pesa muito, eu quero fugir, eu não quero interação social, eu só quero parar o incômodo, só quero me tirar da situação onde eu não me sinto em paz. Às vezes a vinda é uma caixinha de surpresas e eu evito vir porque eu não quero mesmo ter que lidar com a possibilidade de acordar ao lado dela e ela apagar o meu brilho antes mesmo do meu primeiro beck do dia, jogando sentimento no meu colo pra que somente eu lide com tudo isso sozinha, me enchendo de apontamentos de quem me conhece até mal, eu diria. E me perguntando se eu ainda tô transando com alguma conhecida dela.
O que isso importa, porra? Que diferença faz? Nenhuma diferença. Mas ela sabe que eu tô sim. Transando com as amiguinhas dela pra caralho.
A manhã era fria, até escura. Por mais que eu me questione muitíssimo quando venho pra cá, eu gosto. Eu estou quase acostumando e não problematizando mais nada. Eu gosto dela, muito mesmo, mas gosto mais quando está de noite, eu estou bêbada, ela bêbada e a gente se diverte sem roupa. Eu não sei lidar com ela enquanto casal, mas sei lidar com a casualidade... com ela ou com outras. Eu descobri que gosto mais quando eu tiro ela do alto do nono andar pra gente rasgar a madrugada na loucura juntas, mesmo sóbrias. Nem se for pra gente mergulhar pelada, nem precisa envolver sexo. É só ocupar espaços e criar boas memórias. Qualquer coisa que quebre a rotina dela, a minha. Qualquer coisinha ao lado dela, eu gosto.
Desde 5h07 eu estou acordada, é quando meu relógio desperta diariamente me lembrando que é a hora de ir pra casa. Lá estava então a velha - e muito bem conhecida - sensação da sobriedade do erro, a seriedade do erro, o peso do erro... E o erro? Bom, o erro tá aqui, ó... Deitadinho, acomodado, íntimo... do meu lado depois de trepar comigo e de ter me chupado quase a noite toda. O erro tá aqui, totalmente nu, cru e desmascarado. E a errada, errante, sei lá... tá louca pra fugir.
Blá blá blá...
Olhei pra ela enquanto ela dormia abraçada em mim, imóvel. Nua. Linda. Que erro, porra? Que erro? Talvez não tenha nada de errado, só o fato de que definitivamente eu não quero magoá-la, mas isso tudo ainda é sobre mim, eu só tenho 100% de certeza do meu lado da história, só tenho certeza mesmo de como eu recebi cada uma das situações. E de como hoje eu só quero paz. Eu não sou capaz de reconhecer as emoções nos rostos das pessoas, gestos, nada, nunca fui, desde pequena as emoções são confusas pra mim. Tipo daltonismo. Então as coisas precisam realmente ser claras pra mim. Eu não sei adivinhar nada. E hoje eu só quero paz.
Tá paz. O foda é não conseguir me encaixar em nada na vida dela, nem encaixar ela na minha. Os amigos dela me olham como se eu fosse uma carteira de droga ambulante, mas meu nome é Jéssica. Será que mesmo depois de me verem tantas e tantas vezes entre os aniversários dela, dos pais dela, da irmã dela, dos bares, dos feriados na areia e nas aleatoriedades dos encontros... eles sabem? Não que me importe porque meu foco é ela, sempre foi. Mas será que sabem? Entende? Me pergunto somente se alguma vez eles vão conseguir interagir comigo sem interesse em algo. E mesmo eu sendo tão fechada assim ela não entende como tudo mundo me acha legal. A família toda, as tias, as primas, aquela vizinha maluca. A pivetada toda dos andares de baixo. Eu gosto da minha vida, gosto tanto ao ponto de me sentir confortável pra não mudar nada em relação à ela. Eu não encaixo ela em nada. Talvez seja pouca questão. Eu sei que se eu não parar de fazer isso, eu não ajudo também. Eu não deixo ela me conhecer de fato, nem saber o quanto tudo mudou de uns anos pra cá. Talvez porque eu não queira inserir ela meu mundo. Porra, eu gosto dela... Gosto mesmo. Gosto desde que eu era uma piveta de dezessete anos e ela uma piveta de quatorze vivendo uma parada meio vibe aquele filme "Era uma vez...". Mas ainda acho que amor não é tudo dentro de qualquer relacionamento, tem outras coisas que não passam batido. É balela. Pelo menos quando eu olho à minha volta o amor sozinho não mudou porra nenhuma. Sou fiel somente às notas de papel.
Nada.
Nem com muito esforço.
Sozinho não vence, precisa alimentar e se deixar o amor sozinho... eu rapidamente esqueço que sinto.
quinta-feira, 5 de maio de 2022
"Oi Caramelo, tá paz? Tá fazendo o que?" ✓✓
Ela tem um jeito muito particular de conseguir o que quiser de mim. Às vezes a sensação que eu sinto é que ela fica gigante e eu pequena, ela domina meu corpo, minha mente facilmente, rapidamente. Ela me mastiga e eu torço pra não sair da boca dela nunca mais, ou pra que ao menos ela não me engula, não até a manhã seguinte. Não até eu vestir minhas roupas após uma noite ao lado dela acordada. A gente se aproveita muito. Eu gosto da sensação de intimidade, dos convites que vem do nada do "vamo agora?" Vamo, então bora. Se for tem que ser agora. É isso e mais nada. Ela me beija quando tem vontade, sem aviso prévio e eu gosto muito de ser beijada.
Queria morar dentro da cabeça dela, sério. Igual ela alugou um apartamento dentro da minha mente e mora lá dentro por muito, muito tempo num mesmo dia. Às vezes esqueço, mas volta. Ela sempre volta.
Ela é mais que puro êxtase, é puro amor. Pura paixão e diversas sessões de reapaixonamento do brabo com uma dose extra de sexo encaixado, gostoso e com saudades, porque toda vez que eu venho aqui e a gente transa, eu fico com saudades no dia seguinte. Sempre pensando na próxima vez em que eu vou estar nua na presença dela. Com ela me beijando de uma forma tão suave que eu não consigo parar de olhar pra ela. Ela me atrai, me arrasta, me perturba, me deixa uadauel das ideia. A língua dela percorre pelo meu corpo inteiro e eu só venho pra assistir isso.
Tem coisas que eu só faço por ela. Pra ela. Porque é ela. Porque eu sei que ela vai ficar feliz. E eu gosto mesmo dela. Já quis não gostar, mas eu gosto. Tento lidar com isso, com ela e comigo mesma da melhor forma que eu posso, e consigo. Eu sou mó paz.
Eu gosto do cabelo soltinho e caramelo, dos olhos castanhos que fecham tempo. Parece que ela se destaca. Brilha. Mais uma noite. Eu estava lá. É mais um texto cíclico, eu sei. Curto período de viagem, a busca por ela em algum pico da velha cidade. A mesma coisarada.
Eu a reconheci de longe, bagulho de louco, ela me viu da outra esquina rasgando o farol vermelho e a primeira coisa que ela disse foi que teve certeza que era eu. Só eu apareço em plena 1h59 da madrugada. Diz que me classifica como: "fi de exu mirim, que quebra vidraça, não fica parada, perturba e é perturbada, coração bom e cara de brava". Eu só acho ela gata pra caralho e mimada. Gata e mimada na minha vida nos prédio, do outro lado ou na favelinha e gata e mimada no velho bairro burguês silencioso, 100% asfalto.
Ela diz que eu sou muito dela e eu dou risada. A gente se completa, será? Eu sei que é muito possível que a gente seja mó casal chave, mas eu gosto de questionar. Ela me complementa mesmo que seja uma noite só.
Vim até aqui só pra ganhar a porcaria de um beijo na boca e ela me beijou a boca assim que me viu. Sem o trajeto de beijar ombro - pescoço - queixo/bochecha antes. Direto. Na boca. Sem rodeio. Certeiro. Gostosa do caralho.
"Saudade, caralho!". Que beijo é esse que ela tem que me gera energia pra achar que tudo pode ser acertar?
Eu gosto do jeito que ela passou a me olhar com o passar dos anos. Me orgulho de como ficamos boas em assumir que a gente se gosta mesmo e fodac.
Era saudade.
Eu sei que sim e digo que era saudade, também, da minha parte. É aquilo, vamo fazer o quê, né?



