sábado, 30 de outubro de 2021

ação premeditada

Ligeira - foi a primeira coisa que eu notei nessa carinha de vagabunda que ela tem, não para de mexer no cabelo enquanto fala comigo, me encosta demais, fala umas coisas bem estranhas e subjetivas e ah... que se foda esses sinais, eu nunca erro. Ganhei o jogo assim que ela se aproximou de mim. Quebrou a barreira que eu crio quando acho que estão flertando comigo, porque eu sempre acho que é coisa da minha cabeça. Mulher pra mim precisa ser direta. Não tenho tempo pra perder tempo. E tão rapidamente quanto brisa passageira ela entrou na minha reta, desde a primeira vez debaixo do meu olhar eu já a desejei, eu nunca erro MESMO, depois da minha terceira dose de whisky eu acho que eu só pisquei e estava em cima dela, ela sorria, eu também.
Sortuda sou eu. Tudo vai bem.
Tirei minha camiseta num tom provocativo como quem a convidava pra tirar meu shortinho verde - favorito dela. A nudez é natural pra mim. Eu gosto de ficar nua. Agora imagina se eu não ia gostar de estar nua em cima dela? Porra! Eu olhava ela vestida e já sonhava com ela pelada, foda-se. Transar com ela foi uma ação premeditada.
Eu a olhava com tanta vontade que por um milésimo de segundo pensei que ela fosse rasgar meu shorts só pra me tirar de dentro dele rapidamente, e só eu sei o quanto eu queria sair de todas as vestimentas rapidamente. Eu adorei e me diverti pra caralho com a situação, a vagabunda sou eu. O olhar dela queimava, botava fogo em mim, ela queria e eu queria... nitidamente... Gostosinho.
Tocou meu rosto com carinho, eu queria tapa, alcançou minha nuca, e mesmo leve eu gostei do toque, desceu pro pescoço e insinuou que me enforcaria, me segurando certinho, do jeitinho que eu gosto, ri e encaixei minha buceta na coxa dela, nossos olhos se encontraram e ela me chamou de linda, contornou minha tatuagem da barriga com os polegares e deslizou as mãos dos meus seios até minhas coxas, confesso que me senti admirada.
Apertou minhas coxas e deslizou a ponta dos dedos por entre meu shorts folgadinho. Me tocou por cima da calcinha e eu molhei tão rápido que transpassou o shorts, marcou mesmo. Ela sorriu e perguntou se eu estava com pressa, eu estava, lógico que eu estava. Ela seguia com toda calma, como quem fosse capaz de ler minha cabeça tão facilmente que fiquei assustada. Sentiu minha buceta por cima da roupa e eu pensei que eu mesma poderia rasgar meu shorts só pra sair de dentro dele bem rápido, me olhava com vontade, sabe aquela expressão de mulher que quer trepar com você? Fiquei ansiosa pelo toque que não veio tão rapidamente quanto eu queria, mas juro, eu poderia pedir, eu poderia guiar os dedos dela até dentro de mim. E ela entrou no meu shorts e saiu diversas vezes. Não aguentei.
Sentada, ainda, na coxa dela puxei meu shorts e a calcinha pro lado e encostei minha buceta na pele dela, mulher gostosa do caralho. A cara dela denunciou que ela não esperava que eu fosse queimar a largada assim. Eu me segurava pra não pedir pra ela me comer logo, o arrepio na nuca ela nunca conseguiria notar, nem o frio na barriga, mas eu conseguia notar ela tão enlouquecida quanto eu, continuei num movimento lento de vai e vem, ela acompanhava o movimento enquanto segurava meu quadril olhando pra minha cara, sem desviar o olhar, olhando dentro do meu olho. Vagabunda do caralho.
Eu só conseguia pensar nela dentro de mim, não tinha espaço pra mais nada na minha mente. Só ela, na verdade só conseguia pensar nela me fodendo com a mesma cara que me olhava no momento.
Deslizou os dedos por entre os vãos do tecido e alcançou (finalmente) minha buceta. Colocou um dedo, fiquei mole, rebolei um pouco mais rápido com ela dentro, ela me abraçou pela cintura e encaixamos num ritmo gostoso, numa foda deliciosa.
"Você tá molhada do jeito que eu gosto, olha como você está...".
Queria ter respondido que ela me deixou molhada do jeito que eu gosto também. Desde o beijo eu já estava explodindo vontade de dar pra ela.
Não aguentei, levantei pra tirar o shorts e a calcinha, e ela me seguiu da cama até a minha parede preta, senti o corpo dela inteiro contra o meu, eu estava contra a parede, ela me empurrava.
Sussurrei "me fode" no ouvido dela e em menos de um segundo ela já tinha dois dedos dentro de mim. Correspondida e bem comida. Ligeira, não disse? Foi a minha primeira impressão.
Acho que foi gostoso pro ego dela eu pedir. Eu queria pedir.
Ela beijou minha boca, lambeu minha cara, ajoelhou e lambeu minha buceta sem tirar os dedos de dentro, sem parar de meter. O que me impressionou foi ela descer sem perder o ritmo. Admirei a coordenação motora em pensamento enquanto acarinhava a nuca dela e agradeci pela habilidade dela em me dar prazer ser tão compensadora quanto a cara de vagabundinha gostosa que ela tem, vale a pena. Tirou os dedos molhados de dentro de mim e colocou na boca. Gemia me chupando, um gemido abafado, gostoso. Voltou com a cara molhada e me beijou de novo. Minha língua deslizou pelos lábios dela.
Ela faz tudo sem tirar de dentro...
"Você tá muito molhada, eu já tô quarto dedo."
E depois dessa frase foi uma ou duas vezes que ela meteu mais forte pra eu gozar. A minha sensibilidade a OBRIGOU sair de dentro de mim só aí. Ela é gostosa pra caralho e eu escrevo pra não esquecer, ela vai ganhar uma gozada nas minhas siriricas toda noite quando eu lembrar disso.


terça-feira, 19 de outubro de 2021

velhas desconhecidas

Quando eu percebi já estava há quase uma hora inteira aguardando-a no hall de entrada, deu tempo de eu ler um monte de páginas do meu livro de sonetos e olha que, neste livro, Neruda publicou apenas cem, e eu já pensava na volta pra minha casa...
Não acho o amor nem um pouco romântico, Platão dizia que era doença mental e eu acho que hora ou outra prefiro Platão a Neruda.
E estar ali, naquele sofá branco sujo ao lado do elevador me lembra quantos sonetos já dediquei à ela. Quantos escrevi sentada ali, enquanto aguardava que ela descesse linda como sempre pra rasgar a madrugada enfiada em algum baile, quebrada, qualquer lugar, mas comigo? E agora, mesmo depois de tudo eu sigo a aguardando para que ela desça e me beije. Eu sou muito comédia.
Quantas vezes chegamos bêbada e eu não quis subir para não acordar os pais dela esbarrando em tudo e decidi aguardar aqui? Mesmo sabendo que os pais dela sempre gostaram de mim. "A preferida.". Levanto, dou alguns passos ansiosos pelo hall, me olho no espelho e volto a me sentar. Eu nunca esperei tanto, mesmo, pra nada. Que agonia do caralho.
A porta do elevador não abriu.
Essa menina.... mulher, segue sendo um assunto delicado, motivo principal de eu achar que foder um monte de mulheres sem nome é o certo, preenchendo o vazio emocional com vazios emocionais novos e uma sucessão de relacionamentos ruins porque eu projetei essa merda toda que ela me deu em toda mina que se apaixonou por mim depois dela.
Mas ainda olho pra ela e nos vejo iguais, eu não fui santa, muito menos ela... Vagabunda curte é vagabunda mesmo, e ela sabe minha opinião.
Mas pela primeira vez eu estava totalmente sóbria num sábado a noite, enquanto a aguardava lendo sonetos... Logo eu. Tem coisas que quase ninguém sabe sobre mim, só ela, eu e o Exu que me guia. Igual eu jogar tênis, chorar de emoção quando escuto ou vejo alguém dançar tango ou escrever sonetos e a minha falta de capacidade de pender pra ser uma pessoa boa, ela sabe que também não tenho muita empatia. E tem muita coisa que só eu, ele e Alice sabem. Iboa.
Aquela noite eu, no máximo, tinha fumado um beck, mas como ela mesmo sempre diz "isso comigo é o básico.". A sobriedade pesa para um caralho pra mim, a frieza gela meu sangue num nível que eu acho absurdo e estranho me sentir assim e não sei como meu sangue circula, sempre que eu falo sobre isso, sobriedade e ela, o mesmo blá blá blá de sempre ZzZz, cito para dar algum embasamento pra minha auto opinião, auto crítica, que foi sóbria que eu transei com a melhor amiga dela, com a irmã mais velha, e foi sóbria também que eu mandei ela embora da minha casa de madrugada mesmo sabendo que ela não tinha como ir embora na época e ela dormiu (MESMO) algumas horas na porta do meu apartamento, em pleno inverno que faz na cidade onde eu moro. Ela já fez várias coisas comigo também, mas a diferença é que eu o fiz sem ressentimento nenhum, pelo menos nenhum no momento. O pós que se foda. Então eu sei que ela torce sempre pra me encontrar bêbada e falante. Pelo menos depois que a gente se reaproximou.
A ansiedade que eu senti no momento me fez optar por não apertar o botão de número nove no elevador naquela noite, pelo menos não na primeira hora. Mas eu nunca tive que esperar tanto. Alguns dias sem vê-la e eu já achei que seria um tanto quanto estranho adentrar o apartamento dela novamente, coisa minha. Loucurinha que minha cabeça cria. Na verdade eu só não queria gastar energia lidando com as memórias que estar na casa dela me traz. Porque nem sempre é bom, mesmo que naquele dia eu quisesse muito que fosse bom. Tenho certeza absoluta que mesmo com todo o drama que eu faço, isso vai terminar comigo batendo forte dentro dela pra aliviar o ódio, ciúmes e tudo o mais que ela me faz - bom ressaltar que hoje em dia muito mais esporadicamente - e já me fez sentir. Mas eu ainda gosto de lembrar que tenho feito de tudo pra me tornar mais simpática, interagir mais, aquele rolê de ser alguém melhor ou equivalente, sei lá.
E eu estava lá por ela, num sábado a noite, lendo sonetos, só pela companhia, pela saudade, pelo amor que foi cortado por mim na raiz e não cresceu mais nada no lugar, mas ainda atormenta minha cabeça às vezes. Eu sei que não a amo mais, é nítido isso pra mim, quando eu olho pra ela, quando ela me beija, eu entendo que não é amor, o formato do amor é outro agora. Mas eu gosto de tê-la de forma acessível, me empolga a sensação de poder beijá-la sempre que eu quero. E de não beijá-la também. Eu sei que preciso melhorar isso, mas eu só consigo enxergar sexo na cara dela, no olhar, em qualquer coisa que ela faz por mim ou pra mim.
Ela demorou tanto que eu me cansei dos sonetos e então, apertei o botão de número nove. Subi torcendo para não ter que conversar com ninguém além dela essa noite. Por sorte, nada, nem um boa noite educado de um vizinho qualquer pra responder. 
Saí do elevador direto pra porta dela.
Abriu.
Sorriu.
Lembrei de nós duas quando novinhas, lembrei dela comigo, não me reconheci em memória nenhuma como se por alguns segundos eu fosse somente espectadora da minha própria vida.
Mas ela estava lá. Ela e o sorriso.
Aquele sorriso de sempre. O que me mata. O que causa sempre o furo de beretta no meio do meu coração. Seja isso positivo ou negativo. O frio na barriga não veio e eu estranhei. Foi confortável e normal estar ali.
Ficou esperando que eu dissesse algo mas eu não disse nada. A beijei segurando o pescoço, porque eu simplesmente não queria dizer nada e eu não sabia, também, o que falar. Também não queria ouvir.
Me empurrou pra trás como se fosse oposta ao beijo, como se me pedisse calma.
Me olhou dos pés à cabeça, como quem me analisava, sabe? "caralho". Como quem via algo diferente. Perguntou se eu tinha cheirado, eu ri, perguntou se eu queria vinho e eu neguei ambas as perguntas. Eu só queria ela. Eu só queria um bom orgasmo, ganhar uns tapas na cara de quem sabe dar. Essa mulher é biruta pra caralho, mas eu acho que consigo ser mais.
Me puxou pra dentro, novamente, pela mão, fechou a porta, me encostou na parede mais próxima e me beijou. Minha cara seguiu a mesma. Não mudou a ansiedade. A sensação e sabor do errado é bastante amargo, a ânsia pelo beijo e algum tom de repulsa que senti por achar que o beijo estava sendo dado na boca errada. Mas com ela nunca mais vai ser amor, só mesmo sexo. E sexo eu não nego.  Reclamou da minha cara de brava, mesmo sabendo que eu não estaria lá se não quisesse e "vai tomar no cu, minha cara é assim". Me beijou com ódio. Eu apertei o pescoço dela contra a parede. "Filha da puta". Tirou a peça de metal da minha cintura e perguntou se poderia deixar sobre a mesa ao lado da porta, eu automaticamente tomei da mão dela, conferi novamente se estava travada e guardei na bag. Ela assistiu a cena com cara de quem me repreende e eu senti vergonha. Ela respondeu tirando a camiseta como quem não ligava pra nada que eu fizesse e nada fosse capaz de impressioná-la, em seguida tirou minha bag e eu cedi, baixei a guarda, o que me incomodou um pouco porque eu nunca me separo da minha bag. Vasculhou meus bolsos com as mãos enquanto me beijava, me senti tomando um enquadro. Comentei. Ela achou e riu da minha bombinha, me disse que não dá pra ser malvadona usando bombinha. Ela ganhou um sorriso meu nesse ponto. Me beijou de novo. Transou comigo com o maior tesão da vida, nunca vi. Olhava nos meus olhos, sentada no meu colo, gozando de frente pra mim. Transamos a madrugada toda, entre pausas, becks, risadas e copos de água. Eu bati forte mas estranhamente e ao contrário do que eu achava eu não tinha ódio dela pra expurgar.
Por que ela é assim? 
Tudo com ela sempre acaba em sexo, vinho, drogas e pizza.
Terminei de ler Neruda enquanto ela dormia um pouco.
Quando acordamos, no café da manhã da madrugada que passamos quase toda acordadas, que era o mesmo dia mas eu quero chamar de dia seguinte, enquanto eu terminava meu café com leite ela me disse que achava que não me conhecia mais e que isso, no fundo, a deixava preocupada. Perguntou se eu me relaciono com alguém além dela, e me fez um monte de outras perguntas enquanto eu fugia de todas. Nada de sigilo, minha vida não a interessa.
Ela travou minha mente nisso de não me conhecer mais. Me colocou pra pensar sobre a situação e em como que pode alguém que eu jurava que me conhecia muitíssimo, hoje em dia já não saiba muito de quem eu sou. Embora eu tenha sido extremamente previsível e tenha escolhido um soneto pra deixar escrito num pedaço de papel, pra ela.
Mas quando eu fui """confrontada""" com essa ideia, eu só consegui concordar com ela.
Mesmo que eu não queira, concordo com ela. Ninguém é o mesmo pra sempre. Acho que mesmo ela sendo a pessoa mais previsível que já conheci, ela não se manteve a mesma também.
Mas na hora, bem no fundo, quis dizer a ela que talvez ela não me conheça mais mesmo, nenhum pouco... e pra ser honesta, acho que ainda bem.


terça-feira, 12 de outubro de 2021

splish splash

Ela me encara por um segundo, com o rosto encostado na porta da sala me da um oi alegre, me olha nos olhos... o rosto dela me parece um quadro muito, muito bonito, muito bem feito, uma pintura delicada que combina, combina comigo, combina com ela mesma... sei lá, não sou boa em elogios e eu mal saberia mensurar o quão linda ela é, nem se eu quisesse muito. E o olhar nos olhos às vezes eu não consigo retribuir. Eu tô sempre fugindo, dela, de mim, de tudo mas ela... Me deixa estranhamente slow por alguns segundos, meu coração treme, ela me atrai tanto que eu não sou capaz de não desejá-la com todas as minhas forças. Ela é dona dos meus desejos. Dos meus pensamentos mais malucos e gostosos. Dona das melhores memórias.
Eu a encosto na parede, ela fecha os olhos. O beijo é inevitável, minha língua encontra a dela rapidamente, eu amo beijo lento mas com ela é sempre a sensação do mais puro suco do errado que fica. De atrapalhar mesmo, o dia, a rotina, tudo, de não pertencer a nenhum quadro da vida dela e cada dia a sensação sufoca mais, me esmaga mais. Então eu a beijo sempre com muita pressa porque eu não quero perder um segundo sequer ao lado dela. E não vou. O abraço dela é casa, é lar. Eu não queria que o tempo passasse quando eu estou em contato com ela, mas passa. E passa até mais rápido que natural.
Mas ela ainda é improvável, impossível pra mim. Fora do meu quadro também. Eu juro que queria vê-la comigo rasgando as madrugadas geladas da cidade vizinha ou nos bailes em dias onde o verão deixa qualquer ambiente quente demais pra ficar dentro de casa. Queria vê-la durante a madrugada comigo entre becos e vielas. Como também adoraria vê-la comigo nos chalés luxuosos sigilosos e escondidos em Minas Gerais, resumindo... Eu só queria vê-la perto. Tê-la um pouco mais perto. Às vezes penso que queria comigo, pra mim, não no sentido de pertencimento.
Eu sempre entendi que ela não ficaria pra sempre.
E é estranho como ela me faz perder a vontade de ter várias delas, o desinteresse na troca excessiva de parceiras que não são donas de lábios, beijos iguais aos dela e me estranha notar que há muito tempo já não há itens de outras mulheres esquecidos no meu quarto. Ela matou tudo isso sem querer, sem saber. O desinteresse ou equivalente.
Acho que me encantei demais com tudo que envolve ela. E eu não consigo desacelerar, parar agora.