sábado, 10 de março de 2018

casamata

Estou aqui. - apita meu celular, notificando a mensagem que eu esperei TANTO pra receber. E lá ela estava, sentada no mesmo pico onde diversas vezes antes nós dividimos uma ganja.
A vida tem dessas ironias, né? Às vezes até demais. Sorrisos e braços abertos em minha direção. Depois de meses.. Linda. Ainda me impressiono com a beleza dela. O mesmo clichê de frases pra se iniciar uma conversa, padrão e chato porque eu nunca mais soube o que dizer pra ela. Ela ainda me olha sorrindo com a mesma cara de chapada de sempre e eu ainda acho a coisa mais linda de se ver. Os olhos ainda ficam pequeninos quando ela sorri. Eu nunca deixei mesmo de amar essa mulher, que saco. E lá estávamos nós.
"Você mudou." Eu sei, pensei. Todo mundo percebeu.
Mudei - respondi. Acendi meu beck e notei que eu não tinha nada pra falar pra ela. "Continua com aquela lá?" Aquela lá. Eu sempre achei engraçado e até fofo ela se referir à minha atual como "aquela lá". Resume tudo que ela entende sobre a grandeza dela na minha vida.
"Por que a gente tá aqui?" Eu não tenho paciência, nenhuma, quero tatuar na testa pra ver se eu me lembro de ter alguma. Eu pulo etapas, chuto o balde... mas nunca tenho paciência. Ela diz que vai se casar. OI?
Ela. Vai. Casar. Eu não me preparei psicologicamente pra essa possibilidade e é como se eu sentisse um soco no estômago, mas eu realmente preferia um soco no estômago. Um turbilhão de pensamentos malucos, eu não sabia exatamente como me sentiria, me lembrei dos beijos quentes na escada, do primeiro beijo, do primeiro sexo, lembrei de quando ela conheceu essa mina e das fotos delas que eu rasguei nas minhas explosões de ciúmes. Lembrei de tudo em meio minuto. "Como assim?" - É como se minha pressão fosse baixar, juro. Um furo de beretta no meio do meu coração. O ar é pouco. Sensação chata. Caralho. Doeu. Diz que resolveu há pouco tempo e decidiu que eu deveria saber por ela. Não digo nada, o que eu diria pra mina mais decidida que eu já conheci? Eu só queria ter dito pra ela que eu queria que ELA ficasse. Muito. Mesmo eu sendo filha da puta e fingindo sentir pouco, engolindo sentimento demais. Dizer que em nenhum segundo deixou de ser ela aquele primeiro pensamento bagunçado do dia, mesmo que eu tenha desejado muito, muito mesmo não pensar e tenha tentado de tudo pra obter sucesso, e às vezes até conseguido, mas ela... Ah. Quis contar que eu nunca mais achei uma dupla tão foda e sincronizada comigo no tênis, quis contar que estranhamente, ainda consigo sentir o cheiro do seu bolo de laranja, meu preferido, me guiando da sacada até a cozinha e queria assumir que eu roubei o jogo mesmo aquele dia que nós apostamos algo muito idiota e jogamos uno quinze minutos antes do ano novo, no apartamento que ela morava em Santos, tenho certeza que ela se lembra porque aquilo deixou ela tão puta e eu nunca confessei que roubei. Ela nunca entendeu como ganhei, também. Eu só queria ganhar. E o fiz. Minha maior qualidade - e defeito - é sempre conseguir dar um jeito de conseguir tudo o que eu quero, ou quase tudo. Senti que não conseguiria dessa vez., mas quis. Passou na minha cabeça um montão de planos malucos pra tê-la pra mim e eu não executei nenhum. Não consegui lidar com a situação. Eu quis muito, muito mesmo dizer que eu ainda lembro do sorriso dado aos elogios e a timidez. Do jeito como ela acordava engraçada quando estava de ressaca, parecendo um leão pós briga e dos apelidos chatos que arrumei pra perturbar ela pelo ano inteiro em que a gente estava o auge do amor, no topo da colina dessa história toda de apaixonamento. Ela é minha maior referência de amor e paz, amo o jeitinho pausado e tranquilo que ela fala, fecha os olhos entre as frases, meio bicho do mato, lenta, saudade do tato, do toque que ela tem, sotaque caiçara que ela nunca perde e eu sou tão fã, nunca consegui resistir ao "tu" que ela fala. Amo cada parte dela, cada expressão, cada gesto, cada pensamento, cada sorriso, amo sua maneira de ver a vida, sua paixão pelas coisas em que acredita, seu gosto musical, sua forma de se vestir, seu sentimento à flor da pele, amor que ela tem pela vida e em viver.
Amo ela menina, ela parceira, ela mulher, ela companheira, ela amante, ela conselheira, ela aconchego, ela inteira. Ela... Ela.
ELA PRA CARALHO.
A ansiedade chegou fazendo morada em mim. Respirei fundo algumas vezes e ela parecia intacta. No pasa nada. No pasa nada. No pasa nada. Ela insiste no gostar de mim, no amor, na ideia de eu ser um grande amor na vida dela. Mesmo blábláblá de sempre. Eu sinto raiva de mim, dela, da situação. De ter me colocado nessa situação. Ela me abraça, se despede. Eu não consigo acreditar que ela só veio para isso. Eu não vim até aqui esperando nada, mas definitivamente não esperava por isso. Se desculpa. Chora, até. Vê-la chorar ainda é como se um buraco se abrisse no chão, maior que o que já estava aberto antes. Acho que ela esperava que eu fizesse algo.
Vê-la chorar dissolve toda minha raiva e faz com que todas as frustrações virem areia, mas o furo de beretta no peito segue aberto. Gelado. "Fica bem". - O que ela me pede que eu não faço? Ela continua filha da puta aos meus olhos, eu não julgaria o egoísmo, o que sobraria dela se ela se doasse a mim 100%?. "Fico". Sempre insisto no "fico" e ela sabe que não. Mas quem se importa? Mas e ela? Ela fica bem?
Eu só queria ter falado pra ela que meu coração nunca fugiu da sua casamata.


quarta-feira, 7 de março de 2018

clandestina

02h43 - "Quanto tempo, né? :) rs"
É a mesma cena: reconheço de cor a investida. Esperada, confesso..
E da forma mais suja e clandestina possível você sequestra minha mente, de novo.
Rouba meu tempo, de novo.
Você é minha brisa que bateu mais forte, sou viciada em você e eu tô escrevendo sobre seu rabo de novo. É... Às vezes acho que meu mundo gira em torno das suas pernas abertas e das horas que gastamos sem pressa. Você é daquelas conexões raras. Foi tiro certeiro. Coisa mútua, de pele, só acontece uma vez. Tesão à primeira vista (e em todas as vistas após).
E tudo que era rápido demais aqui estranhamente foi... desacelerando.
Eu tava, como sempre, high e você também. Tenho certeza que só me mandou mensagem porque já tinha whisky demais dentro da sua cabeça. Algumas mensagens depois e lá estávamos nós. De novo e no mesmo motel. Não me surpreende mais estar aqui. Não mudou tanta coisa desde a última vez, talvez a cortina que eu deixei cair vinho, um quadro ou outro, mesmo sofá, mesmo tapete. Eu continuo igual, mas eu ainda me surpreendo como você consegue ser uma nova mulher a cada vez que te encontro aqui. Eu nem sei qual das suas mil faces eu gosto mais, provavelmente qualquer uma desde que esteja entre minhas pernas.
Eu gosto desse seu olhar de felina enquanto eu bolo a manga rosa. Clandestina. Me faz ficar confusa entre qual de nós duas você quer na sua boca primeiro, não me importo com a ordem. Depois que eu bolo você acende e quem entra em combustão somos nós, adoro minha palma impressa em você quando cê fala "mais forte", às vezes acho que eu não vou conseguir, mas é só a ponta dos seus dedos segurar minha nuca que é como uma injeção de ânimo, seu corpo encosta no meu e sua buceta me revigora. "Goza na minha boca...?" Você me assiste, sorri e rebola. Eu gosto do gosto viciante que  tem, minha língua remapeando cada pinta do seu corpo, aquela vontade imensa de conhecer você inteira de novo, e de novo, e de novo. Você brinca com a minha mente igual vídeo game, mesmo com o som no talo só consigo focar no seu gemido no meu ouvido. Fumaça exala o quarto, a playlist já foi e voltou. Preciso dizer que você fica linda rebolando em cima de qualquer beat. Lírica escorrendo pelos meus dedos... Que a sorte a minha ter pequenas doses da sua poesia.
Gostosa, perigosinha, filha da puta, você me surpreendeu: mais um ano e o tesão não muda.
Au revoir, meu bem.
Meu número continua sendo o mesmo.
Forte abraço e grande beijo.