Você me tira do eixo, é um ciclo vicioso, eterno, um
desatino.
Tu és viciante, cravo e canela. Doce como o mel da abelha venenosa. E
eu tenho alergia ao mel, às abelhas, às flores e aos meus outros milhões de
amores. Passados, amargos, antigos.
Eu deveria ter tido alguma relação alérgica a ti quando permiti sua
entrada na minha vida, não tive, nada, nadica de drama, não houveram mentiras, não
houve um lado negativo, não houveram mais outras pessoas.
E você se instalou aqui, dando lugar à expressão de novos sorrisos e novos sentimentos.
Acostumei-me com tua presença e teu cheiro
doce e você se acostumou com o meu jeito de viver em outro mundo. Já não há
mais um “tu” sem meu “você”. Já não há mais sua praia sem meu asfalto. Já não há mais você sem mim. Tinha que ser assim.
Você pra mim, por mim. Eu pra você, por nós.
Que assim seja, cravo e canela, assim será.
Que a saudade de você não me mate antes possa lhe repetir "sim" todos os dias da
minha vida. Que a minha ida até você não demore tanto pra acontecer. Que
novembro adentre rapidamente nossa casa rosa, aquecendo nossos corações,
chovendo companheirismo e inundando apenas a felicidade, o amor e a vontade de te dizer te amo, obrigada.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Moleton.
Hoje fez frio. Tirei do guarda roupa aquele
meu moletom em listras tons de cinza que tu tanto gostavas de me ver usando, por um
momento pensei não existir mais nenhuma memória sua dentro deste apartamento.
Ledo engano, minha cara. Nada mudou e por mais que eu tenha mudado
absolutamente tudo que me lembrava de você, eu ainda te encontro aqui dentro de
mim. Suas memórias são como aquela visita indesejada e inesperada que chega sem
avisar, às vezes eu até gosto, convido teu sorriso para um chá e coloco uma
música que agrade tal visita, às vezes isso acaba com meu dia, minha noite,
minha semana, minha vida. Percebi que ainda me sinto como se eu pertencesse a
ti. Talvez eu pertença. Ainda tenho uma foto sua colada na porta do meu guarda
roupa, que até hoje não sei por que ainda não tirei. Faz-me sentir bem te olhar
e saber que as raízes de quem em outra primavera foste minha flor crescem
agora no jardim de outro alguém. Na verdade, flor, foi lá que tu sempre
estiveste plantada, não é mesmo? Nunca foste de fato minha. Nunca fizeste parte
do que eu sou, do que eu fui. É uma sensação violenta pensar assim, maldito
choque de realidade, maldito seja o teu sorriso que é o maior causador de tudo
isso, malditos sejam os domingos de saudade. Na verdade, malditos sejam todos os
dias de saudade.
É. Vesti o moletom e até que me senti bem
usando depois de tanto tempo. Acredita que ainda consigo sentir nele o cheiro
do seu perfume misturado com o cheiro do seu cigarro? Claro que eu continuo
odiando o cheiro do seu cigarro, mas deixa... Só hoje, só agora eu gostaria que
tu estivesses presente aqui, fumando sentada nesta sala, soprando a fumaça na
janela. É, flor... Bateu saudade. Será que se eu colocar uma placa de
"Não alimente a saudade" na minha cara você para de me deixar assim,
mesmo que tu não faças a menor ideia de que, mesmo depois de todo esse tempo, a
saudade de você ainda me visita?
Passei o dia todo pensando em como seria se tu ainda estivesses aqui, isso até me surpreendeu, você sabe, eu tenho aquela velha mania de “não lamentar o leite derramado, não discutir com o destino”. Maktub. Maldito maktub que não se aplica a nada no momento além da tatuagem e filosofia não correspondente com a minha realidade. Nada disso estava escrito, flor, nós sabemos. E se eu tivesse te escrito mais canções de amor pra te fazer rir e sorrir? Mais poemas só pra te dizer que eu te amava pra caralho? E se eu tivesse te dado melhores (bons) dias antes de levantar da cama? Se eu tivesse reclamado menos do cheiro do seu cigarro e fumado mais baseados contigo? E se eu tivesse te enchido de elogios banais só pra dizer que eu amo a cor dos seus olhos, o tom da sua pele, o jeito tão apaixonante como você sorri? Você ao menos sabia que quando você não estava por perto eu sentia uma vontade imensa de te abraçar forte como da primeira vez que te vi? Não sei e desisto de tentar saber.
Você costumava dizer que nós éramos iguais a um conto de fadas, e eu já nem sei quantas coisas eu fiz pra te esquecer, pra te tirar daqui de dentro, te desalojar do meu coração, não sei quantas outras princesas eu conheci, e você não tem ideia de quantos novos contos de fada eu já tentei escrever, em vão. Você sabe que foi em vão. Você foi perfeita e insuperável, talvez essa seja minha maldição: conviver com a sua saudade, flor. Tu foste realmente perfeita, só esqueceu-se de me avisar que nem todo conto de fada termina em sorrisos e finais felizes.
Passei o dia todo pensando em como seria se tu ainda estivesses aqui, isso até me surpreendeu, você sabe, eu tenho aquela velha mania de “não lamentar o leite derramado, não discutir com o destino”. Maktub. Maldito maktub que não se aplica a nada no momento além da tatuagem e filosofia não correspondente com a minha realidade. Nada disso estava escrito, flor, nós sabemos. E se eu tivesse te escrito mais canções de amor pra te fazer rir e sorrir? Mais poemas só pra te dizer que eu te amava pra caralho? E se eu tivesse te dado melhores (bons) dias antes de levantar da cama? Se eu tivesse reclamado menos do cheiro do seu cigarro e fumado mais baseados contigo? E se eu tivesse te enchido de elogios banais só pra dizer que eu amo a cor dos seus olhos, o tom da sua pele, o jeito tão apaixonante como você sorri? Você ao menos sabia que quando você não estava por perto eu sentia uma vontade imensa de te abraçar forte como da primeira vez que te vi? Não sei e desisto de tentar saber.
Você costumava dizer que nós éramos iguais a um conto de fadas, e eu já nem sei quantas coisas eu fiz pra te esquecer, pra te tirar daqui de dentro, te desalojar do meu coração, não sei quantas outras princesas eu conheci, e você não tem ideia de quantos novos contos de fada eu já tentei escrever, em vão. Você sabe que foi em vão. Você foi perfeita e insuperável, talvez essa seja minha maldição: conviver com a sua saudade, flor. Tu foste realmente perfeita, só esqueceu-se de me avisar que nem todo conto de fada termina em sorrisos e finais felizes.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Vive la vie.
Respirou fundo como se tivesse todo o tempo do mundo em suas
mãos, não tinha nada...
Quer dizer, mais nada, mais ninguém ao seu redor onde pudesse encontrar palavras clichês que serviriam de consolo ou até um abraço apertado que dissesse “Estou aqui”.
Não tinha nada. Na mesa a vodca ruim da garrafa de plástico era o veneno que usava assiduamente pra se matar aos poucos. Tão linda – diziam as pessoas – mas parece viver num mundo paralelo a esse. Ela vivia aqui, no tal mundo cruel, talvez ela fosse deste mundo mais do que qualquer outra pessoa, ela tinha noção do quão perigoso uma pessoa podia ser a si mesma, ela tinha sido, nos últimos vinte e quatro anos, seu pior inimigo, tinha brigas terríveis com sua consciência e vivia constantemente numa guerra consigo mesma. Não que fosse má, mas seria se pudesse, não que também não seja egoísta em toda ocasião que pode.
Quer dizer, mais nada, mais ninguém ao seu redor onde pudesse encontrar palavras clichês que serviriam de consolo ou até um abraço apertado que dissesse “Estou aqui”.
Não tinha nada. Na mesa a vodca ruim da garrafa de plástico era o veneno que usava assiduamente pra se matar aos poucos. Tão linda – diziam as pessoas – mas parece viver num mundo paralelo a esse. Ela vivia aqui, no tal mundo cruel, talvez ela fosse deste mundo mais do que qualquer outra pessoa, ela tinha noção do quão perigoso uma pessoa podia ser a si mesma, ela tinha sido, nos últimos vinte e quatro anos, seu pior inimigo, tinha brigas terríveis com sua consciência e vivia constantemente numa guerra consigo mesma. Não que fosse má, mas seria se pudesse, não que também não seja egoísta em toda ocasião que pode.
Vivia numa guerra tão desnecessária quanto estar viva. Seu sonho era escrever mais, ter mais tempo pra conhecer as
ruas do seu bairro, se conhecer, ter mais tempo. Tempo pra ser viva. Viver.
Cada dia em que ela acordava era uma luta vencida, mas... Pra quem?
Cada dia em que ela acordava era uma luta vencida, mas... Pra quem?
Nem ela sabia.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
dégât
Ando escrevendo pouco. Decidi viver pra vida, sair deste
quarto e respirar qualquer ar diferente, não resolveu. Troquei minhas noites
por drogas alternativas cujas promessas eram me manter acordada, não resolveu.
Troquei meu coração por uma garrafa de vodca da mais vagabunda e alguns
cigarros ruins e parei de sentir, mas não resolveu: voltei a pensar e descobri
que pensar também machuca, pensar também é algo absolutamente devastador,
guria. Andei fazendo tanta coisa diferente nos últimos dias que estou quase fazendo
uma lista com todas as coisas idiotas que eu fiz pra te esquecer. Você
provavelmente daria risada da minha cara agora, veja só, você me disse uma vez
que eu tinha que parar de iniciar projetos e não concluir. Esquecer-te é só
mais um desses meus projetos que eu nunca vou conseguir terminar. Você é um
ciclo sem fim. Gritei teu nome e ninguém me respondeu. Gritei de novo e a
saudade quase me mandou tomar no cu, porque nem ela quer mais te sentir. Eu não
aguento mais essa sensação de vazio que eu carrego, o vazio pesa, eu não
aguento mais respirar seu cheiro doce sem você estar aqui, sem você estar
sequer na mesma cidade que eu, eu não suporto mais essa intoxicação amorosa que
não cura nunca. É como uma espera inconstante pelo que eu sei
muito bem que não vai vir. É cansativo, é uma busca que não dá sequer uma
trégua pra que eu possa respirar. Batalha sem motivo. Guerra sem fim. Malditos
sejam os domingos de saudade, flor. Malditos sejam todos aqueles que te afastam
de mim. A verdade é que eu desaprendi como ser eu mesma, perdi o jeito, passei
do ponto. Devo ter esquecido meu amor próprio em alguma mesa de bar por aí. E tudo
bem, guria! Eu continuo vivendo, enquanto morro de amores por você.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Not You.
Só queria te contar, sinta-se feliz por mim, guria: Hoje tu
reapareceste e por algum motivo eu não senti aquela vontade maluca de sair
correndo da minha casa e te dizer um grandessíssimo obrigada por APENAS ter se
lembrado da minha existência.
Hoje foi indiferente o sentimento.
Hoje foi indiferente o sentimento.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Ainda é sobre você.
E mais uma vez me pego aqui, parada em frente a esta tela
branca, pálida, tentando escrever algo digno da sua atenção, algo que faça com
que tu reflitas sobre o que fizeste comigo. Tu não sabes o mal que andas
fazendo ao meu mundo, guria. Pois bem... Desde que você se foi flor, é como se
eu tivesse parado completamente de viver, esperando assim por uma volta sua que
convenhamos: todos sabem que não vai acontecer. Não de novo... Digo, eu não
teria essa sorte de novo. E talvez isso não seja mais sobre sorte.
Desde que você decidiu que não me amava mais eu meio que deixei de existir,
tenho crises existenciais constantes e tão desprezíveis que fico imaginando
porque é que eu fui depositar todo meu mundo em ti, guria. Desde que você
decidiu que não me amava mais eu não escutei aquela musica, sabia? É uma música
que eu tive que tirar de todas as playlists. Alterei o caminho que faço até o
trabalho porque se tornou algo doloroso passar pelas ruas que nós passávamos todos
os dias, "nossas" ruas. Parei de viver. Voltei a fumar, voltei a beber meu uísque vagabundo
às vezes também, troquei nossos discos de blues por livros de auto ajuda tão ruins que eu
só leio quando estou bêbada. Parei de frequentar aquela cafeteria hipster famosinha
que você adorava e que a cada vez que íamos dávamos um nome diferente aos
atendentes. Você guardava os copos e eu achava isso tão engraçado, mas essas atitudes eram tão, sei lá... Tão você. Desde que você decidiu que não me amava mais eu não uso aquela camisa com a estampa
da sua banda favorita, que tu me deste só porque sabia que eu não gostava, mas
eu usava pra ver aquele teu sorriso bobo, como se dissesse "venci". A verdade, guria, é que desde que você decidiu
que não me amava mais é como se eu tivesse feito minhas malas e me mudado de
mim, saído pra fora do meu corpo, desta casa cheia de coisas, cores e memórias
suas e vazia da sua presença, do seu cheiro, do seu ar, é como se eu tivesse saído desta rua sem saída, desta cidade, deste
mundo. É como se em algum momento eu tivesse apenas desistido de mim e me mudado
do que eu costumava ser, de quem eu era por você. Eu era a prova viva da tal teoria de ter se
tornado alguém melhor.
Só que agora, flor, me sinto tão vazia que é como se o tal alguém melhor tivesse saído pela porta, correndo atrás de você. Só restou eu aqui, parada em frente a esta tela com meia dúzia de palavras...
Só que agora, flor, me sinto tão vazia que é como se o tal alguém melhor tivesse saído pela porta, correndo atrás de você. Só restou eu aqui, parada em frente a esta tela com meia dúzia de palavras...





