Às vezes ela me faz agir como se eu nunca tivesse sequer encostado em outras mulheres antes, aquele nervosismo juvenil e amador com sabor de novidade, como se eu sequer tivesse beijado outros lábios antes dela, antes de hoje, toda vez é assim e pra ser sincera eu gosto, me faz sentir vários sentimentos que eu não sinto habitualmente.
Enfim.
Mais uma noite, mais uma vez nós, mais um rótulo qualquer de vinho português dessa vez, pra gente tomar dando palpite no sabor, aroma e afins como se nós entendêssemos muito sobre o assunto. É isso. Vinho é atalho pra minha sem vergonhice ficar mais clara, pra vontade dele vir a tona e tudo mais. Não que precise, mas parece que quando a gente mete chapada, é sempre melhor. Nossa foda louca é sempre memorável. Ponto. O oral lento, dois dedos dentro... É sobre. O álcool mata a pressa.
Olhei para aquela mulher por alguns segundos enquanto eu imaginava toda a delícia que é a presença dela, ela comigo e mais um pouco, e ela dropava mais vinho na minha taça. Eu sou uma grandessíssima entusiasta dessa mulher e isso não muda. Do cheiro, da voz, da risada, do jeitinho que ela fala. Tudo. Por mim, eu moraria entre as coxas dela, moraria na sua risada deliciosa, moraria dentro dela.
É isso.
Entre vinhos e baseados, ela me beijou os lábios mais uma vez, me tocou e tirou lentamente minha camiseta de time, segundo ela, porque ela é santista e não é muito chegada em palmeirense. Dei risada porque sei que ela só fala essas groselha pra me ter pelada mais rápido.
Minha respiração ofegante denunciava que, por mais uma vez, ela tinha me ganhado. Era isso. Foi nítido. Mais uma noite conosco gastando as horas entre beijos e fodas.
Ela me observou nua por alguns segundos, depois dispensou sua taça, o free jazz tocando baixo ao fundo, palavras não eram necessárias, eu sei muito bem o que acontece depois do vinho, depois da gente fumando baseadinho, quando ficamos juntas e sozinhas.
Ela me puxou e embalamos um misto de dança com pegação sem limites. Meus seios tocavam os seios dela, meus lábios nos dela, molhada como eu estava, já não conseguia prestar atenção em mais nada que não fosse a língua dela tocando a minha, a textura do beijo, o sabor de vinho nos lábios, depois aquela boca linda no meu pescoço, descendo mais um pouco ela lambeu meus seios. Os dedos dela adentraram meu shorts e minhas perna afastou e abriu espaço quase que por impulso. Ela driblou minha calcinha e entrou tão rapidamente, com a calcinha afastada mesmo, que eu posso considerar ela a mulher mais sagaz que eu já trepei na vida, ela me beijava os seios, a boca, o pescoço e me fodia com total maestria. Como negar que na mesma hora meu corpo arrepiou inteiro, só eu sei o quanto eu quis aquela mulher dentro de mim nesse momento. Respirei fundo, ela sabia que estava no caminho certo. Me comia olhando na minha cara.
Enquanto ela cumpria uma demanda imensa de tesão que habitava em mim, meus dedos seguravam o corpo dela por inteira, eu sentia - e queria - aquela mulher inteira dentro de mim, por completo, assim, igual ela estava. Em pé mesmo, nas costas do sofá da sala, foda-se o local, o espaço, foda-se tudo. A gente tem uma coisa uma com a outra que se encostar dá choque, dá bom, queima, pura perdição.
"Não para, eu tô quase!" - eu praticamente implorei baixinho, mas ela não quis me deixar tão no controle, tirou os dedos molhados e quentes de dentro de mim e seguiu com a língua. Rebolei em seu rosto, depois deixei ela livre pra se movimentar, a língua dela pra cima, pra baixo, me engolindo, me lambendo, os lábios deslizando nos meus, minha perna nas suas costas, ela de joelhos, meus dedos carinhosamente em seus cabelos... Que visão! Eu gostaria de um quadro dessa cena, pela minha experiência.
Minha perna tremeu, eu escorria. Ela levantou, me beijou, senti na sua boca meu próprio sabor, depois ainda com a língua na minha boca, ela encaixou novamente os dedos, forte e devagar. A intensidade da minha rebolada aumentou, nos encontramos dentro de um movimento. Se ela queria buceta, então ela teve buceta!
"Hoje eu não vou te dar paz." - ela disse.
E posso falar? Não deu mesmo, não me deu paz, mas me deu inspiração pra um texto quer eu uso de pretexto pra eu não esquecer dessa noite deliciosa.
quarta-feira, 26 de junho de 2024
terça-feira, 25 de junho de 2024
segundos requintados
Parece que quanto mais eu fujo dessa mulher, mais eu me sujo com suas digitais pelo meu rosto, com sua saliva pelo meu corpo. Tudo.
Longe do nono andar, só por hoje. Mas ainda assim: eu, ela, whisky, baseado, luzes, corpos que se atraem, a mesma balela de sempre, nada muda. Essa mulher ainda vai me levar à loucura ou à monotonia literária, eu tenho certeza. É foda. Os mesmos olhos castanhos nocivos, no nono andar, aqui ou em qualquer lugar. Mas eu já estou tão envenenada por tudo isso que já não sei mais até onde é possível eu me embebedar mais com esse amor. E foda-se também.
Meus olhos atentos observavam ela dançando, entre beijos na minha boca e dedadas de MD, próxima de mim o suficiente pra eu encher essa cara linda que ela tem de beijo, pra eu sentir o cheiro do seu pescoço, o gosto da língua, tudo... O movimento lento me garantia uma visão que eu vou guardar pra sempre, junto com as outras dezenas de cenas dela que eu sempre acho vou guardar pra sempre. Ou até amanhã. Como é que pode essa mulher bagunçar tanto meu universo assim? Como? Com qual intuito? Eu queria tirar da memória dessa mulher todas as vagabundas e os caras otários que ela já teve, principalmente aquele cara sujo que eu não gosto e da ex que eu jurei que fosse durar. Eu consigo sentir tanto ciúmes mascarado de raiva quando estou longe, consigo jurar que nunca mais ela terá nossas fodas no sofá, nossos baseados na sacada, nada, nunca mais... mas quando ela está no alcance dos meus dedos, eu só sei continuar tecendo essa porra de obsessão.
O amor que não dá certo sempre encontra um jeitinho de se manter por perto, será? Eu não sei. Mas lá estávamos nós, contrariando nossas próprias promessas mas indo sempre de acordo com nossas vontades, nós duas de novo, hoje, sempre, juntas como sempre estivemos. Meu olhar flechado de amor olhando pra ela igual, desde o primeiro dia quando eu era só uma menina de quinze e ela também, só uma menina. Mas nas últimas horas nos amando e rindo a todo instante como se isso fosse fazer toda tristeza se manter distante de nós. E talvez faça mesmo.
O problema pra mim é que ela é igual cocaína, brisa ótima e pós destrutivo. Ela me dá horas de sorrisos, orgasmos e mil motivos pra seguir aqui, mas sempre pela manhã, quando ela esquece o amor na cama e me olha como se nunca tivesse me visto nua, eu vejo a minha própria autoanulação ao esticar minhas mãos pra receber grãos de amor e atenção, acho que enquanto o cheiro de seus fluidos corporais forem meu melhor perfume, eu nunca vou aprender a falar não.
O que é que há? Não é como se eu fosse a mulher que mais presta no mundo, como se eu não fosse também filha da puta e trepasse com outras, como se eu não vivesse enfiada em outras coxas e camas, como se eu nunca tivesse escutado outras mulheres falando que me ama. Mas é ela. E essa mulher, eu repito, ainda me dói de um jeito absurdo. Ainda me faz desejar que o amor fosse algo diferente do que ela me apresenta hoje em dia.
Eu queria que ela fosse, que ela coubesse e principalmente que ela quisesse tudo que me envolve. Eu quis tanto, tanto, tanto tudo com ela. Eu queria que ela me amasse além da carne e da cama, eu queria que ela me amasse além do pele na pele, me amasse até os ossos, eu queria mais do que o suor transpirando pelos poros e ela me jurando que essa foda foi melhor que a última, me incentivando a botar com mais precisão da próxima vez mesmo que seja inegável que cada vez que a gente trepa fica melhor e mais gostoso, mais intenso, enfim... Eu queria mais do que ela trepando comigo lembrando do quanto eu gosto de comer ela em lugares específicos. Eu queria que ela me amasse não somente quando a buceta dela está nas minhas papilas gustativas, queria que ela me tomasse o coração mais do que toma meu corpo, que ela tirasse nosso sentimento do superficial e supérfluo.
Mas cada vez que estou imersa em sua ausência penso que ela só gosta dela mesma. Deve gozar olhando a própria foto, só pra concretizar sua própria devoção. Acho que ela só me serve, agora, como inspiração pra textos decadentes e poesias sobre fodas e desamor. .
E caralho, pra ser honesta, depois de tanto tempo, não importa o quanto ela diga que me ama ou não ama, a gente trepa gostoso, claro que sim, eu jamais negaria, mas acho que se ela gostasse de mim além da foda, eu com certeza saberia. E eu escrevo pra me ausentar da culpa.
terça-feira, 18 de junho de 2024
sábado, 15 de junho de 2024
no guardanapo 24
segunda-feira, 10 de junho de 2024
la noche y tú
Juro que eu queria voltar no tempo e achar um momento onde eu pudesse entender porque eu a escuto, a leio e nunca aprendo nada com isso. Nunca entendo nada. Sinto que em algum momento a gente tinha um amor absurdo pra se oferecer, mas agora estamos somente presas num sentimento que em algum tempo distante fez sentido, fez feliz e foi só nosso. Meu e dela. Só que agora estamos aqui....perigando cair no esquecimento, agarradas ao fiapo de esperança de que ainda vamos viver isso.
Ou tentando fazer o que resta disso o mais positivo possível pra nós.
Quando eu olho pra ela... eu não sei explicar, eu sinto como se tudo de errado alinhasse, mas depois desordenasse de novo. Ela é um minuto de silêncio pra minha cabeça, mas parece que logo depois vira duas horas inteiras daqueles barulhos que quase me fazem querer explodir. Um looping. E quando ela me olha, eu acho que ela derrete igual a mim.
Mais uma vez nós nos encaramos aqui... É só mais uma pra conta. Mais um sábado gelado, impróprio e até inóspito, mas aqui estou eu... aguardando que ela desça lá do alto do nono andar, me busque na portaria pra que a gente possa jogar juntas essa roleta russa de sentimentos. O que será de nós quando eu subir? O que será de nós quando amanhecer? Eu não sei, é muito louco esse enredo e eu, hora ou outra, tenho medo de ficar presa nisso pra sempre, de não conseguir tornar as coisas claras o suficiente ou fazer tudo isso caminhar pra frente.
Eu subo, aí vem o clássico de sempre: ela, eu, uma atração predominante, muito beijo na boca, sexo, o vidro dela desenhado com as minhas canetinhas, baseado aceso, whisky on the rocks, sorrisos, risadas preenchendo meu coração e meus ouvidos, mais doses de whisky, eu eventualmente assistindo ela cheirando cocaína, carícias, mais whisky, uma observação minha é que quando ela me beija, eu sinto gosto da química. O que me marca são os olhares dela se enchendo de perguntas, mas eu não sei expressar isso verbalmente então eu só evito de olhar pra ela e continuo deslizando e me escondendo por entre suas curvas.
Quando a gente vai pra sacada eu amo sentir o vento gelado provocando arrepios pelo meu corpo. "Por que aqui nessa cidade só venta?", eu pergunto. Ela dá risada, diz que não sabe e muda de assunto. Eu tô bêbada demais pra racionar agora. Nós transamos mais uma vez porque a proximidade entre nós é uma loucura e eu não quero parar nunca, foda-se o frio e os prédios da frente, são 2h37 agora, já estamos morando num domingo com corpos quentes embolados. Ela goza e diz que eu sou uma mulher puramente tátil - e eu tive que procurar no Google pra entender o que ela quis dizer.
A minha insatisfação vem com o gozo. É claro que é delicioso trepar com ela porque eu sei o quanto eu gosto disso, mas eu não queria que ela fosse ilustrada somente pelo meu erotismo intelectual, não quero que a gente se encare por frestas como Píramo e Tisbe, não quero mais manhãs nos envolvendo em tons sem graça, não quero mais a ausência dela me fazendo ser triste e fazendo com que eu me perca no fluxo das palavras que eu não disse.
Às vezes acho que tudo gira em torno dessa mulher e talvez sim, talvez seja assim mesmo, ela é o meu dilema, será? Eu não encontro solução pra esse problema. Eu só sei continuar aqui, debaixo dos olhares e desejos dessa mulher.
Ela me despedaça, mas ela... ela continua inteira, imbatível, inabalável. E isso são coisas que antes eu sequer percebia, realmente não via porque eu a vestia de amor, projeção e poesia... E brisa.
sábado, 8 de junho de 2024
me desculpe, meu bem, nada aqui é poético
Às vezes penso que eu não quero saber mais sobre ela, nada, zero notícias, sem novos olás. Não quis saber dela ontem, nem hoje e nem quero querer saber amanhã. Às vezes penso que melhor que seja assim, ela longe de mim porque de perto ela deixa cinza meus dias e apaga meu sorriso.
Às vezes acho que eu preciso me apaixonar perdidamente com urgência, me permitir viver um novo amor que me tire o chão abruptamente, que me encha de novas inspirações, que me faça criar borboletas no estômago e faça meu cérebro produzir uma paixão quimicamente intensa, sei lá. Preciso disso urgente. Mas como?
Por onde começar se eu farejo o cheiro dela em outros corpos? Se eu procuro os lábios dela em outros rostos? Eu penso que talvez meu destino seja conviver e lidar como posso com a saudade que eu sinto dela.
Mas repito a pergunta, como esquecê-la? Se na metade do meu processo ela me reencontra e a cada vez que ela reaparece na minha vida automaticamente minha cabeça inventa de fabricar paixão ou equivalente. Fazendo eu viver tudo de forma intensa. Incessantemente procurando nela o mesmo brilho que vi da primeira vez. E talvez eu nunca mais encontre isso nela, eu sei. Mas ainda assim, é quase automático eu sentir o amor. Eu juro, eu não queria sentir amor, mas eu já senti tanta nojo, ódio e mágoa dela que acho que eu sentir saudades, hoje, beira o necessário e o amor é o único sentimento que eu posso ofertar que é mais respeitoso e menos prejudicial principalmente comigo.
Isso não é um texto, é só um desabafo.
Nada é como eu quero e nada é como eu acho que é.
Me desculpe, meu bem. Nada aqui é poético.








