domingo, 31 de dezembro de 2023
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
domingo, 24 de dezembro de 2023
ninguém bate, parte três
Hoje já é literalmente quase natal.
Acho que hoje é o último dia onde o espírito natalino vive de uma forma efervescente e concreta no coração das pessoas, eu não sei.
Mas sei que hoje é quase natal, véspera... e pra mim já é natal. Tudo que resta pra amanhã é um feriado triste, alcoolizado, cansado e que eu acho que já não tem mais o encanto da coisa, entende?
Natal costumava ser meu dia favorito. Luzes de fada não me visitaram esse ano, não iluminaram meu quarto, não quebraram a cortina... E lembrar disso não me trouxe nada além do lado da frio de uma saudade insana. Há meses, entre nós, há um silêncio quase mortal. Seria um presente ter pelo menos um áudio dela dizendo "Jessie, estou aqui!". Algo que sinalize que ela ainda pensa em mim como penso nela. Algo que me mantenha em paz de que ela está bem, lá onde o céu é mais azul. Algo que me traga esperanças. Que me faça sorrir de novo.
Eu perco muito tempo desejando isso. Muitos minutos, horas, dias, meses, anos... Muito tempo. As horas correm velozes mesmo contra minha vontade, escapam por entre meus dedos e quando percebo já se passou um quarto de tempo. Sentada assisto as voltas dos ponteiros. Boa noite, feliz natal, coisa e tal. Torcendo pro tempo passar rápido e o dia amanhã nascer de novo logo e tudo isso acabar. Os dias me envolvem com tamanha rapidez que fico tonta. Volto a desejar vê-la de novo entre luzes de fada, entre vãos de portas, entre brechas do tempo, entre dias secretos... Mas não há sinal dela por aqui.
Ela não está impressa nas páginas dos meus livros de poemas. Nem no sabor excepcional do meu doce favorito. Não está, também, nos momentos felizes, mas também não está no pior de todos, não está dentro dos pacotes de presentes, nem mas datas, nem nada. Eu não a encontro mais... Ela está somente na brisa leve que vem de lá, e sopra na minha janela.
Mas estamos aí... Mais um natal.
Eu juro, eu não pedi.
Não pedi por ela.
Mas eu ainda quero muito...
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Fuja, peixe! Fuja!
Subimos até o nono andar depois de uma caminhada apressada pela rua. É incrível o poder que ela tem de estragar qualquer dia que ela queira da minha vida.. Quando ela quer. E parece que ela sempre quer, é só uma observação pessoal minha mesmo. É incrível o poder que ela tem. Aliás... Que eu dou, né? Inconscientemente, enfim.
Ela se olhava no espelho do elevador, arrumava o cabelo como se pouco importasse a raiva pela qual nossos corpos estavam tomados naquele segundo. Mexeu no cabelo, olhou o batom, a roupa, tudo... Me encarou por poucos segundos naquele quadrado de lata... Mas quando ela me olhava, ela me devorava com o olhar... Não no sentido que eu gosto. Ela tem um olhar capaz de me transferir uma culpa que eu não sinto, que eu não carrego. Ela tenta fazer eu me sentir culpada em toda oportunidade que ela tem.
E outra observação minha é que parece que esse elevador demora mais tempo do que o normal pra subir. Ela teve segundos demais pra me provocar, odeio quando ela me ignora durante seus períodos de raiva, finge que não me escuta ou algo assim, insinuei que acenderia um baseado no elevador pra obrigar ela a olhar pra mim.
- Ei, tu não pode fumar essa merda aqui!!! Tá louca? - ela gritou, tirando o baseado quase aceso da minha boca.
- Foda-se. - respondi. Já que ela não morre de amores por mim, eu vou matar ela de raiva. Ora, pois!
Ela sabe exatamente como me tornar uma mulher destemperada, não que precise de muito, mas ela é expert nisso. A raiva é uma energia densa que eu tenho aprendido a lidar, mas nem sempre dá certo, e tudo bem, assim são nossos sentidos e reações mais animais, não é? Eu acho que o ódio é primitivo e o amor é mais moderninho.
Já na sala, ela me devolveu meu baseado, me sentei no sofá e acendi, enquanto apreciava nosso relacionamento puramente conveniente, acontecendo dentro de um apartamento inteiro decorado com os nossos silêncios pálidos, com nossa paixão morna, os quartos cheios de fodas requentadas enquanto deitamos e rolamos em cima de lençóis macios feitos de finais mal resolvidos. É sempre isso.
Mas eu quero mesmo me tornar alguém melhor.
Quebrei o silêncio perguntando como ela acha que se chama o que vivemos.
- Isso se chama amor. - ela me disse.
É sério? - pensei.
Amor.
- E o resto? - questionei e ela se calou.
Não sei se ela entendeu bem a pergunta, mas como eu não obtive minha resposta, criei uma. Se chama dor. É por isso que eu fujo mesmo e não tô nem aí, trepo com ela e sumo antes que ela atinja meu coração. Ela gosta da minha versão Taz. Não tem outra explicação. Ela gosta de dar pra mim com ódio... E tudo sempre acaba em vinho e sexo hard. O que antes era maneiro, agora me assusta.
E além do mais tem coisa que não vale a pena, sabe?
Será que em algum momento ela já pensou nisso com mais clareza?
ninguém bate (parte dois)
É quase natal. De novo.
Natal era a época do ano que eu mais costumava gostar. Gosto das luzes, do clima, sei lá. Tudo fica diferente no final do ano... Tudo. É como se as pessoas quisessem viver com uma dose extra de pressa e intensidade. O natal traz um clima diferente. Uma emoção, comoção a mais. Não sei explicar.
Mas é... Daqui alguns dias, mais um natal.
Mais um.
Não sei porque lembro mais dela nessa época do ano, a saudade fica mais intensa, mais densa, mais pesada, quase paupável. A saudade que sinto dela atravessou os anos. Juro, anos sem sequer vê-la, muito e muito tempo que não nos falamos e que eu acho que sei nem mais como é a voz dela... Mas ainda penso.
Ainda penso muito nela, pra ser honesta. Principalmente no final do ano. Desejo não desejar que a gente se veja de novo, algum dia. Porque a cada dia que passa isso vai se tornando mais difícil, sabe? Mais impossível.
Deseja somente que ela esteja feliz, onde quer que esteja, torço para que ela esteja iluminada sob a luz do céu que brilha mais azul do que o céu que brilha na cidade cinza.
Cinza e com saudades pra sempre, pensando direto nas batidas que ela deu atrás da minha porta naquela tarde cansada... Me proporcionando uma surpresa deliciosa.
Mas é isso. Mais um natal. Mais uma data.
Mais um natal e ainda é isso que eu mais peço: não querer pedir.
Não querer pedir por ela.
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
rotina
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
madrugadas frias madrugadas
As madrugadas silenciosas do meu bairro
Que tanto sabem sobre mim
Que somente as ruas ditam pra onde vou
Somente o asfalto frio me vê com bastante frequência
As madrugadas calmas do meu bairro
Que tanto de mim, por aqui, já presenciaram
Transas juvenis na praça, bem ali, atrás da quadra
Em meio às minhas escapadas proibidas
As madrugadas calmas do meu bairro
Onde o silêncio imperou sozinho nas conversas sussurradas
Em meu quarto nunca solitário
Ou silencioso
As madrugadas frias do meu bairro
Que me assistiu ser feliz
Compartilhando a vida
Vivo noites onde somente a minha falta de inteligência poética é capaz de me afligir
sábado, 16 de dezembro de 2023
cinzas do tempo
A gente tem o hábito de falar sobre o tempo como se fosse algo que nós tivéssemos em mãos. Mas não temos.. não temos nada além de uma ampulheta ou um relógio, algo que simule um controle temporal, alguma coisa que marque as horas e nos mostre o quanto de tempo que a gente perde até cair o último grão de areia, ou o último minuto, sei lá.
É confuso.
Eu queria estar no futuro dela. Mas como eu poderia estar em algo que ainda não existe? O futuro, portanto, é somente devaneio. Nada concreto. Ainda não é real.
Eu tenho um posto na vida dela destituído pela minha ausência, dissolvido pelo tempo. Tornou-se passado, e a cada dia que se passa nossos dias de felicidade vão ficando cada vez mais distantes. Às vezes tenho medo de esquecer, mas na maior parte do tempo eu tenho é vontade.
Eu queria negar a saudade que me invade, ao mesmo tempo que faço de tudo para não lembrar que um dia seu sorriso decorou minha vida. Que por longas horas nos pertencemos.
É. Vai entender, né? Tem casal que não fica junto, não tá no script da vida.
Enfim.
O relógio feio da parede da cozinha parou, ficou travado lá, em um horário matinal. Demorou umas três semanas pra eu tirar ele de lá por pura preguiça, mesmo eu olhando ele parado ali... O dia todo. Quando tirei percebi que talvez o tempo contado ali já não era tão precioso. Então fiz um quadro daquele relógio, que já não conta mais as horas e vive novos tempos. Queria transformar tudo de feio em arte, em algo bonito. Mais agradável aos olhos.
Talvez, se eu consertar as horas eu seja totalmente capaz de consertar, também, o tempo e saber exatamente quantos minutos que eu perdi tentando encontrar a hora certa do abraço, do sorriso, das mãos dadas, do sim e do não que eu nunca dei.
Eu passo muito tempo pensando nisso... Eu sei... Mas será que é possível que ela não sinta minha falta em nenhum minuto do seu dia? Será que ela não sente falta de nada que me envolva? Das risadas? Dos cafés adocicados? Nada? Nem mesmo as curiosidades aleatórias e um tanto quanto inúteis, que eu contava pra ela de hora em hora?
Aliás... Será que ela sabe que polvos têm três corações?
E inclusive, sorte a dele.
boladona de amô
o que é raso não interessa
villain again!
Ela grita que me odeia - eu sei que não é bem assim - mas ouvir da boca dela me machuca, vou dizer que não? Ela diz que eu sou canalha igual seu pai, que eu posso tranquilamente ter duas, pra provocar eu digo que acho que sou bem pior, que tive duas e acho que até mais.
Me arrependi logo em seguida das coisas que eu disse. Mas eu não posso voltar atrás, as palavras já estão soltas no ar, já estão ecoando no ambiente, agora é como se eu tivesse quebrado uma taça no chão onde pisamos descalças. Ou a gente recolhe cuidadosamente os cacos e aceita que quebrou, ou acaba se machucando com aquilo ali. É igual com as palavras. Palavras mal usadas viram armas.
Olhei pela janela, andei um pouco pelo quarto e não encontrei solução, lá estava ela... E seu silêncio tirânico. Seu olhar que também não diz nada de ruim, mas não conforta. Aquele olhar que se eu filmasse, daria um belo drama pro cinema.
Naquela noite eu estraguei o roteiro que ela criou pra nós, eu não lembrei das falas que ela escreveu, deixei os segundos finais com aquele silêncio constrangedor igual pós piada de filme comédia fraco e bananinha, eu movimentei a história, roubei os créditos, tive mais tempo de tela.
Mas ela ainda pode ser a heroína dessa história. O super poder dela é me abalar completamente, eu acho que ela é a SuperFilhadaPuta.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
s'il te plaît, disparais
A primeira vez que eu bati os olhos nela, meu corpo inteiro, inteirinho tremeu. De imediato tivemos uma conexão capaz de me roubar a noção do horário, do certo e do errado. Me gerava arrepios quando ela estava próxima, juro, eu ficava alterada até quando ela só encostava no meu braço. Nua comigo ela criou um laço tão forte e apertado que chegava a me sufocar... Mas era bom, nunca diria que não. Foi tão bom que eu fui criando na minha cabeça a ideia de que eu a amava mesmo. De que era mais que paixão, bem mais que isso... E na minha cabeça a reciprocidade era visível, eu achei que ela sentiu o mesmo que eu senti. Na verdade, ainda penso que sim. Se ela conseguiu fingir tudo que vivenciamos juntas, ela merece um prêmio por ser uma ótima atriz. Mas também não duvido.
Enfim, creio que juntas tocamos a mais fervorosa paixão, que ainda queima no meu peito apaixonado.
Eu adorava nossas loucas ideias. Nossos assuntos sem fim. Nossos encontros aqui e ali. Eu amei infinitamente cada uma das vezes em que meus lábios tocaram os dela, eu juro.
Eu fui ficando cada mais vez mais maluca por ela.
E de repente... Tudo foi ficando em algum canto escondido, guardado no armário da falta de vontade e interesse dela. Às vezes ela me encontrava, mais depois nem um oi simpático rolava... E eu fui ficando pra depois. Ela foi ficando pra lá também.
Quando eu dei por mim, nós tornamos totais desconhecidas. Não vou negar que a saudade e o sentimento ainda morem aqui dentro e é justamente esse o problema.
Sentir tudo que senti por ela foi uma delícia, foi maravilhoso, eu juro, mas se eu pudesse voltar atrás, em tudo. Não ter cedido a isto.. não ter permitido que acontecesse nada. Poderia ter me poupado.
Teria evitado morar sozinha nessa história porque tudo que vivemos foi tão intenso, mas tão intenso que às vezes... eu... eu me arrependo.
no guardanapo 05
ansiedade que bate, bate
ansiedade que já bateu
eu não tinha nenhum problema
e os que eu tenho: ela que deu!
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Eu acho mesmo que ela nasceu em Júpiter
A fresta de luz clara e amarelada proveniente do Sol invadiu a janela, bateu no meu rosto e me acordou. Olhei em volta e mais uma vez a rispidez do ambiente foi causada pela minha percepção danificada. Mas as primeiras horas da manhã me deixaram atônita e ansiosa, e não me soaram tão convidativas assim. Ainda mais quando notei que ela já não estava na cama. É sempre um amargor estranho acordar na cama dela, principalmente quando eu acordo sem ela. Enfim.
Ela estava, estranhamente, já acordada. Me aguardava com um baseado bolado, sentada no sofá na sala. Acendemos o beck e as primeiras conversas da manhã foram amigáveis, tranquilas. Fumamos enquanto conversávamos sobre assuntos genéricos e ouvíamos o som de algum desenho animado sem graça na TV, entre as pausas da conversa. Eu gosto quando ela se distrai. Eu gosto de tanta coisa nela que eu nunca contei pra ninguém, nem mesmo pra ela.
Lá estava, então... A pura paz matinal. Sem surtos. Sem crise. Hoje minha ansiedade bateu a toa. Não tive nenhum problema diplomático com essa mulher. Foi até confuso.
Às vezes acho que ela é capaz de ler minha mente. De se antecipar pra fazer totalmente o contrário do que eu acho que ela vai fazer, sei lá. E sobre mim: eu acho que perdi o jeito de falar sobre ela. Perdi o tato. Mesmo. Pra estar com ela.
Ela nem sequer lembra por alto a mulher que eu conheci e me apaixonei, eu sei que eu também mudei e nem digo que mudamos fisicamente, mas a cabeça hoje é outra. Fases e fases. Às vezes acho que estou conhecendo uma nova mulher, mas quando ela se aproxima muito eu penso que ela sempre será ela. A mesma de sempre.
Quantos e quantos textos de amor eu já escrevi pra ela? Quantos textos de amor com ódio? Em quantos textos eu detalhei nossas transadinhas casuais e deliciosas ou nossas discussões matinais? Inúmeros. Tantos que ela nem sequer imagina, nem sabe.
A questão é que eu perdi o jeito pra isso.
Eu não sei mais como falar sobre ela!
Logo eu. Que sempre tenho um elogio pronto para ela, que sempre oferto amor... Ao mesmo tempo eu penso várias vezes que deveria ter feito uma escolha diferente na noite anterior. Mas isso não quer dizer que é um tchau, né? Nunca é.
Eu não sei o que falar sobre ela!
Logo eu... Que sempre posso passar uma demão a mais de tinta na imagem de mulher filha da puta que eu pinto dela.
Mas ela é isso, né? Quando eu tô convicta de que já não tenho sentimentos pra presenteá-la, quando eu acho que não tenho amor mesmo por ela... Ela volta mostrando pra mim que eu não sou capaz de deixar pra trás tudo que sinto e que se eu olhar e procurar direitinho na minha caixinha de afetos... O nome dela ainda mora lá dentro.
Eu não sei como falar sobre ela porque ela sempre me surpreende.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
no guardanapo 04
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
sobre nascentes, coisa e tal
no guardanapo 02
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
"detesto teu jeito, logo te rejeito!"
- O que foi? - ela me perguntou. Um tom preocupado, mas eu sei que serão tantos questionamentos que eu só quis ignorar a pergunta, o momento, tudo que eu sentia. Era só a ansiedade me convidando pra um chá da tarde às duas e pouco de uma madrugada incomum, adentrando a casa apertada que é minha cabeça quando eu estou na presença dela. Só ansiedade mesmo. Talvez a brisa do MD cobrando a conta. Talvez a brisa do álcool. Não sei. Mas só ansiedade, que piora sempre com o imediatismo que ela tem em relação à minha resposta,.eu odeio muito quando ela me pressiona com o mesmo tom que usava quando estávamos juntas, ainda. Aquele tom de cobrança com um misto de propriedade e autoridade. Eu não gosto.
Abri a janela porque o ar do quarto dela estava quente, tão quente que eu mal podia respirar. Coloquei metade do meu corpo pra fora e enchi meus pulmões com o oxigênio úmido daqui. Me permiti um momento rápido de observação, e nove andares abaixo eu... nada via. Olhei pra trás e observei, por alguns segundos, ela nua ainda.
Sabe quando você quer tanto algo, deseja, mas você acostuma que não tem e aquilo fica só na ideia? É estranho pra mim estar na presença dela, não me habituo nunca. É daí que surge a vontade de transar com ela e fugir. Não é sobre ela, mas sobre mim. Eu que crio expectativas demais sobre isso. A gente já teve muita conexão e hoje eu me sinto um tanto faz na vida dela, mas essa é só minha visão sobre tudo isso. E eu não tô nenhum pouco interessada na visão dela.
Eu amo essa mulher.
Eu sempre amei.
E hoje em dia eu trato isso com a maior gentileza que consigo, mas isso não muda o fato de que a gente só se reconecta no sexo, que dividimos o espaço com o tesão, nossas vontades pessoais e uma porção de sentimentos errados, sempre encurralados, encobertos pela vontade de transar uma com a outra que a gente sente.
Ela é a coisa mais dahora que eu já vivi na minha vida. Uma conexão extraordinária resumida à sexo, drogas e surtos matinais. A conexão só deve ter acontecido para mim. E tudo bem, enfim.
O amor não vai me levar aos pés dela novamente, só pra cama. Mesmo que na manhã seguinte eu sofra, mesmo que eu pense muito, muito, muito nela... Mas ainda assim eu dê preferência para outras.
Mas voltando... Olhei pra ela, enquanto ela ainda aguardava minha resposta.
- Só quero respirar. - respondi.
Não menti.
Percebi que às vezes eu pinto ela como um monstro nas histórias que eu conto. Ela só não é mais a mesma, escrevi textos apaixonados pra ela, palavras onde eu não a encontro mais. Onde eu não me encontro mais. Porque as coisas mudam. Tudo muda, então eu culpo a vida pelas mudanças, pela confusão, pelas palavras sem sentido, pela culpa que eu sinto, eu a culpo por tudo... Aí eu me lembro que preciso ser mais compassiva, até comigo, menos filha da puta... E logo desculpo-a.
domingo, 10 de dezembro de 2023
gastando palavras
Que loucura, né?
Pessoas se envolvem
Mesmo
Se olham e se atraem de uma forma muito incrível
Não é confuso como ela comigo dá choque
Dois corpos nus em contato
Não é necessário nem palavras
Só o tato
Só a proximidade
E o nível de estresse vai abaixando
Sexo cura uma pá de problema...
Pelo menos eu acho que os superficiais sim.
Não é lindo a atração?
Beijo na boca é um quadro caro
Sexo é óleo sobre tela
A gente é pura arte, então, só me resta apreciar
E escrever essas palavras que escrevo pra ela
Que são sobre sexo, amor e balela
Pedaços de pensamentos
Qual é a credibilidade de uma poeta encantada?
intangível
sábado, 9 de dezembro de 2023
canela
Ela faria as obras de arte que moram no Louvre se sentirem um pouquinho menos belas e importantes. Faria meus escritores favoritos sentirem inveja da musa que me cativou e decora meus textos de amor.
A cada linha que escrevo para ela, eu descrevo um motivo a mais pelo qual eu acho que ela me faz respirar uma paixão absurda, mágica, rápida, tão acelerada quanto ela é. Que me atropela, me levanta, me joga pro alto.
Me fornece tanta paz. Tanto amor.
Ela é a coisa mais linda da minha vida... Mas a paixão ainda me gera uma mistura entre maluquice e confusão, eu não entendo sentimentos então eu torço para que ela esteja aqui, mas só quando eu acordar. Que saia dos meus sonhos, mas que more em mim. Que me deixe dormir, que saia da minha mente, que saia de mim porque quando ela está longe faz tanta falta que não vivo bem então: saia de mim, mas venha pra mim, tome conta de minha mente e não me deixe mais dormir.
Que torne as coisas quentes por aqui nesse bairro frio de São Paulo.
Porque a única certeza que eu tenho é que depois que ela aterrissou na minha existência tudo que eu sinto de ruim foi magicamente diminu...indo.
lumière
Atesto aqui a falta
Eu ando
Perdida
Entre bairros, cidades, saudades e avenidas
Gosto da Lua pairando no céu e da luz dos postes
Iluminando a velha rua
E o cheiro da noite secreta
Amo Gardel
Mas com você só aprendi contar estrelas
Nunca dancei tango, nunca fui à Argentina
Agora só me resta uma prosa, um vinho
E uma vontade incessante de dizer pra você
Vem atrás.
De mim.
E diz:
"Olá! :)"✓✓
Que eu vou te responder
Sem demora
Na mesma hora
"Você já olhou pras estrelas hoje?"✓✓
Nazaretchy
Conheci uma senhora que se chamava Nazaretchy
Ela, curiosamente, vivia das atenções que lhe davam
Alguns lhe davam algumas migalhas de likes
E corações virtuais
Poucas gramas de afeto real
De sobremesa, sempre tinha um doce comentário genérico
De algum amigo NPC
Pobre Nazaretchy, é super exposta a coitada! - alguns diziam
Vivia pela tela, eu tenho pena dela
Respirava com ajuda do wi-fi ou 4g
Vive, vive, vive...
Todo dia
Mas vai morrer sem saber o que é viver
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
mar gelado
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
balaio de gata
Uma noite animada de sexta, um tanto de gin na cabeça e uma coragem explosiva... foi tudo que eu precisei pra permitir que ela me beijasse. E ela me beijou a boca com uma paixão momentânea, instantânea, mas muito bem construída, muito gostosa, me encantou. Eu fico apaixonada por mulher corajosa, né? Me beijou os lábios como quem me descobria, como quem esperava mesmo por esse beijo. E conseguiu. Eu adorei, pra ser honesta.
O calor febril tomou posse rapidamente de nossos corpos, reivindicando um contato inevitável. Claro que pegou fogo e as coisas evoluíram muito rápido, sem roupa ela descobriu que eu sou uma mulher totalmente tátil. Ela se diverte e brinca com meu imaginário. Me tira as palavras e a roupas muito mais fácil do que eu imaginei que ela o faria. Me olha e lê as palavras escritas no meu corpo como se eu fosse poesia... me faz sentir a maior delícia do planeta.
Me beija, me ganha, me toca, me encharca de vontade, e segue lá... brincando comigo, a ponta dos dedos me toca sempre do quadril à cabeça.
Faz eu me sentir desejada.
Me chama de gostosa quando eu rebolo.
A gente encaixa, só de lembrar fico arrepiada.
Ela faz tudo por aqui ser carnaval bem antes de fevereiro... Ela faz eu me sentir muito "uau", é que eu sou meio desacreditada de tudo e penso que ela brocharia irremediavelmente ao descobrir que eu nada tenho de tão especial hahahahaha e é isso.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
valsa fria
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 30 - Laços Multiplicam Traumas
Nada vai se resolver em um mês.
Não sei quando foi que eu achei que tudo ficaria em maré baixa depois de uns dias.
E eu juro que tentei muito, que pensei muito... Mas lá se foi quase um mês inteiro desde que ela decidiu meter o pé dessa história. Quantas desventuras de amor eu vivi no silêncio da minha consciência? Ou da falta dela? Vários!
Quanta saudade trinta dias conseguem abrigar?
Há quantos anos eu escrevo textos de amor para ela?
Quantos poemas ela ganhou, ao telefone?
Quanta falta agora eu sinto de ouvir ela falar com aquela paixão amadora - que eu sempre amei - sobre tudo aquilo que ela gosta e acredita...
Quanto tempo até eu esquecer disso tudo?
Quanto tempo até eu superar a porra dessa história?
Fiquei sabendo hoje, sem querer, através de um amigo em comum que ela voltou a morar com os pais no litoral, que comprou outra caneca nova e igual. Que ela anda muito chata, não parece normal.
Eu também não.
Como esquecer se eu sou dominada pela saudade dia após dia, hora após hora?
Eu vejo que talvez os defeitos nem sejam tão chatos assim, só eu que fui implicante. Hoje eu acho que se ela acendesse um cigarro aqui, eu me juntaria ao lado dela e aceitaria um para que eu pudesse dividir algum momento com ela. Tudo é muito irônico. A amiga dela fumou aqui, onde eu impliquei que ela fumava. E não me incomodou.
Ainda torço para que ela não me esqueça.
Por que eu não vou esquecer, aliás.... Como esquecer? Se isso me mata a cada dia um pouco mais? Se eu já chorei tantas e tantas lágrimas com sabor de água do mar que acho que esse quarto virou um aquário, é possível que eu tenha virado um peixe que nada nas próprias lágrimas? Um peixe francês, soturno e muito triste... sei lá. Ela me magoa por hobby, mas eu não penso em dar troco nenhum dessa vez... eu preciso fechar a conta.
Tudo é muito irônico, mesmo... Eu transo com a amiga dela para esquecer alguém que eu vou lembrar pra sempre, e não importa o que eu faça, não importa a atitude que eu tome, isso segue o curso dos desfechos típicos, vida corre normal, eu ainda acordo, durmo, escuto os pássaros cantando na minha janela, ainda gosto das mesmas coisas, ainda escuto as mesas músicas e ainda acredito nas mesmas ideologias.
Ela, mesmo que eu a enxergue diferente, ainda é ela.
Eu continuo sendo eu, ainda, e eu sei que há uma imensidão de mim... em mim... meu nome ainda é caos mas eu nunca mais quero ter que me apresentar pra ninguém.
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 29 - E não é essa minha intenção!!!
Já se passou quase um mês inteiro desde que ela foi embora e até agora eu não entendi nada do que se passou aqui. Nada.
Como é que eu posso acreditar que eu vivi uma parada real nos últimos anos se ela parece outra pessoa, agora? Claro que eu não quero que ela seja pra sempre a mesma pessoa, mas cada minuto desse término me faz acreditar que talvez eu queira sim, é foda entender. Eu só quero que ela seja ela. E que a gente seja a gente, de novo. Como sempre fomos, como nos reconheço.
Todos os dias quando eu acordo eu penso, mas eu não queria pensar.
Eu tento esquecer isso, me desapegar, me desprender... Mas não dá.
Só quero ter de volta os souvenires, a caneca, as alianças ou qualquer outra tranqueira decorando minha estante.
A falta do sorriso dela pela manhã é algo que me rouba a capacidade de ficar em paz, em alguns dias.
Me sinto relutante em sair de uma situação cíclica. Entrelaçada numa trama ótima... Mas que cada dia mais me mostra que sofrer cansa.
terça-feira, 28 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 28 - Je ne regrette rien
Eu me sinto, ainda, ligada à essa história, como quem continua atada ao que já se foi, ainda há bolas gigantes de metal e âncoras de ferro por aqui. Eu não entendo sinais, eu preciso das perguntas. Eu sei que ela sabe disso, mas é como se cada pergunta dela matasse minha certeza sobre tudo que vivemos.
E eu sei que tudo que eu fiz ou faço é porque pra mim é o correto e eu nem queria ser filha da puta, mas às vezes eu cedo espaço demais pro ódio, amor e pra líbido fazerem morada nessa casa. Em revezamento. Nunca ao mesmo tempo.
Em resumo: se ela não me liga, eu não ligo. Porque entendo isso como se ela não quisesse falar comigo. Se ela não me procurar eu acho que nunca mais vou dar o ar da graça na vida dela. É assim que eu interpreto, eu não lido, eu não sei fazer contato.
E assim seguimos.
Assim seguiremos.
O silêncio dela sobre nós ainda é algo difícil de receber. A saudade deveria ser normal aqui? Se eu cedo pra saudade, me sinto fraca, se eu cedo pra libido me sinto arrependida, e sinto que eu sigo usando transas desesperadas para esquecê-la.
Nada muda.
Nada mudará.
Como eu posso exigir algo dela se, mesmo depois de tudo no sábado passado transei com a amiga dela de novo, depois do trabalho? Como eu posso exigir que ela me desculpe, sem que eu peça desculpas? Como querer que ela fique em paz se eu sei que ela vai saber que eu transei com outra mulher no mesmo ritmo que com ela, na mesma cama...?
Me arrepender já não adianta. Coloquei, então, meu arrependimento pesado no bolso, hoje eu não posso fazer porra nenhuma além disso.
02h02
Das coisas que eu gosto, sexta
Das coisas que eu amo, ela
Subo a rua, o clima frio
Quando eu a toco tudo aquece, embala
No balanço do amor improvável
Escondida com ela sobre o telhado de uma tia
Que nós temos acesso pelas vielas ali de cima
Vemos metade da cidade em tons claros por causa dos postes de luz laranja
Assistindo pessoas apressadas correndo com seus carros
Na avenida que corta tudo lá embaixo
A fumaça do baseado sobe em silêncio
Daqui, ninguém nos flagra
Ninguém nos para
Ela me beija a boca e não dizemos nada
Entre sussurros, encontro as palavras
Certa não estou, mas a atração me domina
Eu olho pra ela e vejo vivo o fogo da saudade
Que me bate em toda vez que a vejo
Madrugada chuvosa, viela da esquerda
No final da viela tem balão, treta e copão
Mas no meio tem nós duas
Nuvem, chuva, Lua escondida
E um envolvimento que nos corrompe
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 27 - Meteoros em colisão
Eu deveria ter imaginado, né? Que algo poderia ficar errado depois do reencontro. Mas eu não poderia prever e esperei que ela cumprisse tudo à altura das minha expectativas, que são só minhas... Agora o peso de uma segunda feira egoísta, mal resolvida e mal humorada chegou, e eu só desejo o reembolso do meu tempo gasto e arrependido.
Não tão arrependido, mas eu quero falar que sim pra dar embasamento pras minhas lamúrias.
Eu falo dela como se só ela fosse o caos, eu não. Só ela fosse filha da puta, eu nunca. Só ela fosse otária, eu não porque afinal... O inferno é sempre o outro, né? O inferno é a ausência dela. Não ela, ela é a maior delícia e paraíso que já foi colocado nessa terra. O melhor trabalho de Deus. Uma pintura viva que agrada meu olhar em demasia.
Eu queria não ser tão arrebatada por essa vontade imensa que sinto dela e de tê-la por perto, porque agora eu só quero se for do jeito que eu quero. Às vezes fico puta e não entendo porque ela não volta se há dois dias atrás ela ficou a noite toda me olhando como se só me amasse há umas dez horas, aquele frescor fugaz de uma paixão nova, mas na verdade tem dez anos. Eu sei, ainda estou aprendendo à lidar comigo... Imagina com ela.
Somos dois planetas, dois meteoros em rota de colisão, uma vez ou outra dá susto e choque quando está perto.
Vai ver é exatamente por isso que ela não volta.
domingo, 26 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 26 - Não há novas mensagens... não há novas mensagens... não há novas mensagens
Ela não me ligou hoje
Não fez sinal de fumaça
Não me disse mais nada
E voltamos pros dias cinzas e sombrios
Dominados pela raiva
Eu também não liguei pra ela hoje
Me senti usada, como se ela só quisesse sexo
E talvez seja isso, ou marcar uma posição dentro da minha vida
Será que se eu ligar minha voz gera calor ou dor?
Será que eu mando um poema de despedida?
Será que ela espera minha ligação? Será que não?
Dançamos assim, então, a valsa do amor orgulhoso, silencioso
E eu nem gosto de valsa
Prefiro tango, sonetos e vinho
Ela não suporta sonetos e acho que agora, nem a mim.
Eu só odeio baseado apagado
amor requentado
e ódio gritado na despedida, nada mais.
Eu preciso superar essa história
Tirar da memória
Deixar pra lá
Mas eu ainda me pergunto... Como esquecer?
sábado, 25 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 25 - Afinando silêncios.
Amanheci abraçada com ela no edredom, no lençol suado por nós um bom período madrugada adentro, afora, não sei, só sei que foi assim. Grudadas como um bom casal. Exercendo uma liberdade gigantesca.
Olhei pra ela e foi verdadeiramente estranho tê-la ali. Não consigo tratá-la pelo nome, ter alguma formalidade, tato. Mas eu o faço porque ela também o faz, então eu sigo a maré. Às vezes soa como se eu tivesse convidado uma estranha do aplicativo de relacionamentos pra trepar comigo, como se eu estivesse comendo buceta só pra divertir... mas era ela. A mulher que me arrasou nos últimos dias, cuja falta me faz sofrer mesmo.
Pela manhã meus olhares encontraram os dela fechados, ainda. Um sábado calmo, frio, chuvoso. Me vi na oportunidade de servir café, maconha e buceta novamente. Nos embolados por mais uma horinha ou talvez até duas, ela tomou o café. Um banho, vestiu de volta seu belíssimo vestido vermelho, mas já sem a calcinha...
Em nenhum momento citou nada sobre nós, eu também não perguntei nada, mas nem por isso não tivemos assunto. A noite foi incrível com ela ali, pensei automaticamente em convidá-la novamente. Pra um vinho, talvez. No chão da sala, como sempre fizemos, com boas conversas e muita intimidade, com sorte um pouco de sacanagem.
Mas não deu tempo. Ela perguntou da caneca, menti, disse que quebrei sem querer e ela riu aquela risada dela que me desafia à contar a verdade. Em seguida, me fez a pergunta mais improvável. Me perguntou se eu comi a amiga dela. Direto assim. Eu não pude mentir, eu não sou de contar as coisas que faço na minha vida pessoal pra ninguém, mas penso que se ela me perguntou é porque ela já sabia a resposta verdadeira, então eu disse que sim, que ela veio aqui e transamos sim. Eu pude ver o olhar de desaprovação queimando vivo no rosto dela, aquele fogo de ciúmes com raiva que ela tem dentro da bola do olho dela. Tudo mudou, mas nada me parece diferente. É foda eu ainda me deixar ser afetada pelas mesmas porcarias de sempre.
Em menos de cinco minutos ela apagou o baseado e disse que tinha que ir. Igualzinho no primeiro dia. Inventou qualquer desculpa pra sair da mira do meu olhar.
Por que ela acha que eu deveria não fazer nada mais depois que ela foi embora?
Eu não perguntei sobre as coisas que ela fez nesses dias todos. Não que eu não pense. Não que eu também não tenha uma pontada de ciúmes, saca?
Me vi sozinha na cozinha mais uma vez. Dessa vez doeu menos e me gerou mais um sentimento de raiva... Mas eu não quero dar mais atenção pra esses sentimentos.
Mais uma vez eu tô caindo pelo vão entre os dedos dela.
Mais um baseado apagado.
Dia ímpar.
Ex casal.
Ciúmes.
Chove lá fora.
Bingo.
Curiosamente, assim que ela saiu a amiga dela me mandou mensagem.
Foda-se o Jazz. Hoje ele não vai tocar, eu não vou deixar...
Hoje eu vou comer a amiga dela de novo, só de raiva. Transei com ela hoje e ainda hoje eu vou transar com a amiga dela.
Porque, além do mais, eu sempre passo por mau caráter mesmo, né?
Impressionante.
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 24 - Nomeando estrelas
Ela caminhou até mim, parecia mais linda que há vinte e quatro ou vinte cinco dias atrás... Usava um vestido de tecido leve vermelho. É minha cor favorita, mas não quero pensar que ela usava por mim, sei lá. Mudou um pouco o cabelo. Parecia uma nova mulher. Tremi por inteira quando ela tocou um lado do rosto e me beijou o outro lado. Caralho, que dia louco. Uma enxurrada de sentimentos.
Conversamos sobre assuntos medianos, depois ela me contou que a rotina no trabalho tá insana, que me ligou porque estava bêbada e queria me contar que foi promovida. Fiquei genuinamente feliz por ela. Ela não falou nada sobre nós, também não puxei o assunto. Eu só queria estar perto.
Ela parecia animada comigo, ali. O jeito como os lábios dela pronunciaram meu nome não me geraram desconforto, o tecido do vestido dela tocava minha coxa às vezes e eu achei a textura agradável.
Dali pra frente foi só pra trás...
No elevador, subimos pro apartamento entre amassos e beijos que eu senti notas de paixão, tesão, saudade, mas também tinha ela: a ansiedade. Me prometendo que se eu fugisse antes de entrar seria minha última chance de estar a salvo. Mas eu ignorei, né? Eu nunca escuto porra nenhuma mesmo.
A cada vez que a língua dela tocava a minha eu sentia mais tesão e desespero, misturadinho assim. Morrendo de vontade de perguntar pra ela o porquê daquilo tudo tá rolando, depois que eu passei dias sofrendo com saudades e outras coisas mais. Não perguntei nada. Quanto mais angustiada eu ficava, mais eu a beijava. Como que por desespero sabe? Eu poderia chorar, se eu me distraísse. Juro. Eu poderia abraçar ela pelas pernas, de joelho, como num sofrimento de novela mexicana fraca, pedindo pra ela não sair mais dali... do meu lado.
Ela mexe com todas as minhas estruturas íntimas e internas, mas hoje eu não vou falar disso... hoje só quero vê-la abrindo as pernas.
Levantei o vestido e ela sentou no meu colo no sofá cinza da sala, calcinha pro lado é sempre minha aventura favorita e ela sabe. O beijo encaixa. A gente sempre foi perigosa demais juntas porque explodimos rápido. Quando eu menos eu esperava... Estava lá... Ela, o quadro, a marca da caneca quebrada escondida... Tudo junto. Não parecia sequer real. Uma rapidinho no sofá e depois transamos na mesma cama de sempre, na mesma luz de sempre e o sexo com saudades é uma delícia, parece que fica mais gostoso. Foi incrível o momento com ela, como sempre é.
Mas em determinado momento, eu não consegui mais entender a situação... As perguntas ficaram presas na minha garganta, o desespero foi ficando maior...e eu fui só apagando... Apagando, mas acordada. Bem acordada. Sentindo tanta coisa que eu nem consigo descrever o quê.
Me deitei no chão pra respirar melhor, olhar as estrelas. Eu sempre ando olhando pro alto e isso já me rendeu até uma cicatriz no queixo quando eu era criança, quem convive comigo de perto consegue ainda notar meu "queixo partido" bastante sútil.
Enfim.
Como se fosse pra me acolher, ela se deitou ao meu lado, me tocou com carinho e cuidado... A cabeça ao lado da minha, olhávamos as estrelas juntas, ainda nuas, suadas. Ficamos muitos minutos em silêncio até que vimos uma estrela cadente, desejei que aquele momento durasse pra sempre. Mas eu sabia que não. Também não esperei que uma uma sessão de buceta curasse nossos problemas, não esperei que minhas angústias sumissem só com uma sentadinha dela na minha cara.
Hoje dia vinte e quatro, encontro de ex casal, em dia par, sem jazz, sem blues...
Bingo, é o nome que eu dei pra estrela.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 23 - Tô presa no ponteiro dos minutos.
Um misto de felicidade, ansiedade e confusão me tomou essa manhã assim que eu peguei meu celular na mão. A tela acesa muito clara, já me avisava: uma ligação perdida durante a madrugada.
Dela.
Eu tenho a sorte de ter uma impossibilidade imensa em memorizar números, mas eu conheço o dela pela estética visual. Eu não saberia dizer qual é, mas sei qual é quando bato o olho, não sei explicar e foda-se.
Uma ligação perdida às 2h58.
Pensei em ligar de volta, mas já eram dez e pouco de uma manhã tranquila. Quis deixar pra lá, mas não consegui também. Comprometeu bastante minha produtividade ao longo do dia, minha concentração, roubou o resto de felicidade que eu tinha estocado. Minha capacidade de viver um único dia de paz.
Por que ela não escreveu pra mim? Por que a ligação? Eu não sei, fiquei martelando isso na minha cabeça o dia quase todo. Mil possibilidades batendo a porta. Senti preocupação, medo, saudade, tudo de uma vez. Será que ela queria voltar pra casa? Será que não queria nada? Será que ligou por engano? Será... Será .. Será... Eu só saberia se eu ligasse. Mas eu acho que não quero ligar e eu tenho uma tendência muito forte em sempre priorizar minha vontade. Eu não quero fazer disso uma competição, mas também não quero deixar ela me desestabilizar em uma única ligação.
Mas a minha cabeça virou um embaralho onde eu não conseguia pescar nem mesmo um pensamento solto sem pensar nessa ligação antes.
Não liguei. Não procurei, não sei se era isso que ela esperava que eu fizesse, mas não o fiz. Não senti vontade mas ao mesmo tempo sim.
Eu acho que tô ficando louca.
Pensei que seria bom pra mim não permitir que hoje ela tivesse qualquer um dos meus poemas decadentes de amor ao telefone.
Eu só não contava que no final do dia ela me escreveria. Um oi estranho de receber. Olhei pra tela do celular e honestamente eu não sabia o que dizer. Eu nunca sei.
Um diálogo amistoso e rápido, seguido de um "Vai fazer algo amanhã? Quer tomar um copo, uma cerveja?" - eu respondi que sim com um sorriso que ela não pôde ler, aceitei de primeira. Meu coração pulou dentro do peito, de tamanha alegria. Eu disse que ela não me desestabilizaria? Mas lá vamos nós... Pular do precipício de cabeça, direto pras pedras.
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 22 - Colher pra prato raso
Dizem que depois de vinte e um dias um novo hábito começa a se formar. Hoje é o vigésimo segundo dia desde que ela foi embora, então eu acho que preciso parar de acreditar nessas coisas. Não funcionou de primeira pra mim, quem sabe nos próximos vinte e um? Eu tento me desvencilhar desse sentimento mas parece que quanto mais eu tento mais ele se torna grudento, feito um chiclete que eu já não quero mais mascar, enfim.
Nada muda.
Rotinas, hábitos, maus hábitos... Nada muda.
Tem tanto espaço em mim ocupado totalmente pela saudade insuportável que tenho sentido, tanto espaço preenchido pelo vazio que ela causa.
Tudo dói quando eu lembro. Mas o que eu posso fazer se eu não achei que seria tão foda de esquecer?
Ela está em tudo. No quarto, na sala, no corredor, na cozinha... Até na porra do meu fumo. Em tudo. Mesmo. Acendo o baseado e trago angústias do meu mundo.
Vejo amor onde não tem, porque pra mim, do jeito que enxergo o mundo... Está lá.
Há amor, ainda, na cama, no sofá, o espelho do banheiro, no travesseiro, na minha rotina, há amor nos meus hábitos, havia amor também na caneca e nos anéis. Tem amor até na marca da parede, atrás do meu quadrinho.
Há amor em mim. Inteiramente, amor.
Eu sou só paz, eu sou só amor...
Eu só não sei até quando.
doce de vitrine
Não é delicioso como as coisas acontecem do nada? Do absoluto nada? Às vezes a gente só precisa jogar um shot de gasolina numa faísca de vontade e o negócio vira uma coisa absurda. Eu me atraio por mulher direta. Por mulher que não vale nada. Que me pega bolada.
Um dia desses eu nem sabia quem era essa gata e agora ela tá sem roupa na minha frente. Ela é tão deliciosa que faz eu me sentir uma mulher de muita sorte. Me deixa contente, enquanto vai beijando minha boca, entrosando minha língua na dela devagarinho, criando um ambiente um pouco mais quente pra nós duas. Do nada. Com um alto nível de intimidade já criada, inclusive.
Eu fico enlouquecida quando ela me rende já na entrada da suite e não me dá tempo pra nem ao menos bolar um, curtir uns minutinhos essa hidro, juro que não é nem pela hidro, não ligo, eu quero mesmo é tocar no corpo dela... mas diz como não perco a linha rápido quando ela me chupa da cabeça aos pés? Me lambe inteira? Quando meu corpo vai rebolando sozinho na língua dela porque eu sou danada e participativa? Quando ela me bota encaixadinho daquele jeitinho que é só dela? Me olhando, me comendo em todo canto dessa cama...
Ela me pira em qualquer lugar, me acende, então no caso eu só preciso dela... De uma cama, do carro, de uma rua um pouco mais vazia e nós duas no carro, no cio, embora eu seja a maluca do "Vai vir polícia? Vai ter assalto? A câmera viu?". Ela é maluca por me deixar em paz, não importa, nada rouba nossa brisa. A gente se pertence em qualquer ambiente. A gente domina, reconhece o espaço.
Eu gosto disso que rola com ela justamente porque ela me instiga, é secreto, é só nosso, é só pra nós. Isso que pra mim soa melhor. Criando memórias deliciosas, que eu tenho de cor.
Eu tenho uma séria atração por aquela mulher, uma vontade de tocar no corpo dela, um forte dom pra transar cada vez mais gostoso com ela. Vou negar quer ela me faz gozar em menos de vinte minutinhos, chutando alto, quando quer? Que me bota sentada na frente dela e eu sinto seus dedos perturbando minha libido e seus seios despidos encostando nas minhas costas? É possível eu mensurar isso? Que o combo do contato me tira do eixo? Que eu não piro no ar quente que sai da boca dela batendo na minha nuca, quando eu quero rapidinho e ela obedece. Gozo, ela sorri, me chama de vagabunda, mas nunca me ofende, eu faço minha parte, caio na cama, mal respiro, eu já tô de quatro, querendo mais, empinando o rabo.... E ela é um absurdo.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 21 - Cinza chumbo
O dia estava terrivelmente cinza, juro, sem uma gota sequer de cor.
Carros, pessoas, cachorros sem dono, ruas, letreiros, tudo... Tudo cinza, como nunca antes. Não tinha cor em nada, absolutamente nada.
Tenho vivido uma vida inteira na cidade cinza e eu nem ao menos tinha me dado conta disso.
O sol ardeu triste quando tocou minha pele. Esfreguei os olhos, numa tentativa desesperada de acordar do pesadelo, mas não acordei. Tudo continuava cinza. Eu estava extremamente acordada. Vivendo dias de plástico como se eu estivesse vivendo dentro do filme O Show De Truman.
Às vezes tenho vontade de falar com ela, sem guerras, sabe? Só pra ouvir ela falando sobre planetas, astronomia, corpos celestes, sobre qualquer coisa... Com aquela entonação de voz que só ela tem que encanta e vicia, que alegra, sabe?
Toda vez que sinto saudades dela, escrevo uma nova poesia no meu bloco de notas.
Tenho acumulado poesias aos quilos por aqui. E assim sigo, dia após dia.
Cheia de poesias. Estou cheia das poesias.
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 20 - O tempo fode tudo.
Eu convivo com meus próprios silêncios há tantos dias que já não sei mais como seria a voz dela ecoando por essa casa, batendo nas paredes, ocupando meus espaços vazios.
Eu não sei mais.
Nosso desencontro foi um corte seco, mas profundo.
Eu não vivo de forma normal desde então.
Só me restou aquele dia, com gosto de amor venenoso, café amargo e baseado apagado antes de acabar.
Nenhuma última dose, última dança, última vez me prenderia atenção, estou presa naquelas horas. Eu tento não deixar ela escapar de dentro de mim, mas é difícil. Estou perdendo um pouco a cada dia. Um pouco dela. Um pouco de mim.
Mais uns dias eu acho que não existirá mais nada de nós.
Me sinto totalmente sem equilíbrio. A quietude dela sobre mim e sobre nós, tem me trazido uma incrível sensação cinza e uma falta de paz de espírito impressionante.
Eu daria qualquer coisa para que isso sumisse, como mágica.
É isso. Acho que o tempo fode com tudo. Igual eu.
domingo, 19 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 19 - HELLO THERE!
Um adeus sem outra escolha ou saída.
Encontros não planejados que acabaram com o meu dia, com minhas expectativas.
Eu sou maluca por aquela mulher. Foi estranho olhar pra ela bem ali na minha frente e não falar nada, mas sentir muito. Sentir de tudo. Eu misturo amor com ódio, ódio com outros sentimentos, faço um bolo de tudo que sinto e fica bem difícil de digerir.
Nem eu consigo me entender, às vezes. Tenho aprendido à lidar comigo.
Fico repassando na minha cabeça os dias com ela, os dias sem ela, cada um desses últimos dias amargos. Fico pensando se deveríamos ter conversado amigavelmente no mercado. Se eu deveria ter dito algo.
Eu não disse nada, mas penso todos os dias.
Não guardo os anéis e nem a caneca, mas ainda guardo secretamente uma única foto impressa de nós duas, no primeiro bailinho em que fomos juntas. Era uma festinha de dia das bruxas. Tinha no máximo dois ou três meses que a gente se conhecia, que a gente se envolvia. A gente já se pertencia, mas não sabia. Tínhamos fantasia de casal, cumplicidade sem igual e uma paixão que aquecia o peito, que fervia o corpo. Lembro que no dia da foto, tínhamos bebido tanto no dia anterior que o olhar dela denunciava a ressaca.
Os olhos ressaca ainda me desfocam. Me tiram a tranquilidade, me roubam a paz.
Ainda são um abismo descolorido que agora me chamam pra um mergulho na tristeza... e eu sempre aceito.
sábado, 18 de novembro de 2023
"Cartas 💔" 18 - Desconexo.
As flores estão mortas
A caneca está quebrada
E os anéis estão amassados
Mas o sentimento segue ali... vivo.
Queimando, intacto
Como uma fogueira de fogo calmo, só a brasa
Que não se apaga, e destrói a madeira em pouco tempo
Consumindo tudo quando eu lembro
Que ontem eu a vi, no mercado
E agora parece que estou de volta ao primeiro momento
Seria irônico, se não fosse cômico
Fomos de casal à estranhas em poucos dias
E desde então eu luto incessantemente pra esquecer
Eu tinha tanto pra dizer, mas esqueci
Percebi isso ontem, quando eu a vi
Eu fiz festa, mas o jazz tocou triste
Reencontro de um ex par romântico em dia ímpar
Se fosse par, seria blues
Se fosse reencontro, seria na nossa casa
Se eu tivesse algo pra dizer teria pensado
Se eu tivesse algo pra dizer teria me vindo à garganta
Mas não veio nada.














































