sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

desce do muro

Queria entender qual "problema" dessa mulher comigo.
O jeito que ela me olha faz com que eu fique deliciosamente afim, desconfortável de um jeito bom, a cara de sonsa me atrai. Não a encaro muito porque nos meus olhos são explícitos a vontade dela que eu sinto. E ela me olha com cara de quem quer o mesmo, mas às vezes eu tenho dúvidas disso, embora ela sempre pareça adorar me ver rs
Outro dia de quebradinha numa festinha qualquer, em nem cinco minutos ela me olhou e apagou todas as pessoas a nossa volta. Quando eu me vi já estava em cima dela mesmo, mas muito em cima. Perto demais, e quando eu percebi que já estava perto demais, encostando demais... Ela me olhou, eu olhei pra ela, ela falou qualquer coisa que eu nem entendi, mas eu percebi e caí em mim. Inferno de mulher. Deixou o clima gostosinho, me deixou muito afim de descobrir o que exatamente ela quer comigo. Se é contra ou a favor, eu fico nessa dúvida sempre. Ela só precisa ser mais objetiva comigo. Mais explícita.
Queria entender como ela conseguiu apagar todo mundo do jet, também... Só me olhando de longe. Merece parabéns e beijo na boca por me fez perder a postura e o controle.
Queria mais dela pertinho de mim, assim...
Mais pele na pele...
Só de eu não passar mais vontade seria muito bom.
Ai.


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É só mais do mesmo, Júpiter.

 "c tá onde? eu tô com saudades, tô indo te ver."✓✓
A mensagem deu como visualizada em menos de cinco minutos depois que eu cliquei em enviar. Estranhei a velocidade da visualização e respirei aliviada por ela ter recebido e principalmente lido às 21h37. 

Escrevendo...

Escrevendo...

Escrevendo...

Que saco.
Me pareceu uma eternidade. No papo? Tudo que me parece muito demorado me soa ansioso assim. Eu não tenho paciência, em nenhuma quantidade, nada, zero, até tatuei na mão pra me lembrar de ter - quando necessário, se eu ter paciência não sobrepor às coisas que eu acredito. Mas ainda não sei ser paciente. É uma virtude, mas ainda é uma virtude que eu não tenho. E acho que nem sempre a gente nasce destinado a ter todas as virtudes. Seriam as virtudes conquistáveis durante a vida? Não sei, mas nesse caso em específico acho que paciência foi exercitavel porque eu não tive outra escolha senão esperar. Blá blá blá.
Enfim.
Eu nem sou tão impaciente assim, no geral, em relação à isso, à resposta de mensagem, internet, nem me considero muito social, mas é necessário lembrar que eu manifestei minha vontade de ir ao encontro dela quando eu já estava pra lá da metade do caminho em direção à casa dela, naquele último segundo que minha bateria permitiu, no último fio, na garupa da moto do meu amigo à milhão, cortando o vento, tentando ler mensagem, sem saber o que me encontraria lá quando eu chegasse. Eu dei tempo de sobra pra ela mandar outra mulher - caso ela estivesse com outra mulher - embora. O mesmo que ela faz comigo. Mas hoje foi minha vez, hoje eu tô o puro suco do egoísmo e falta de bom senso. Na pior das hipóteses eu a esperaria na casa dela, na sala, no sofá, no hall, na varanda, no quarto dela, foda-se, eu a esperaria sentada no meio fio, rondando pelo bairro super deslocada, me perguntando "que porra eu tô fazendo aqui?" (como sempre), se fosse necessário. Em qualquer lugar, eu só quis encontrá-la. E ela sabe disso.
Ela me respondeu com a localização, sem falar mais nada. Entendi que era uma sinalização de eu que eu poderia aparecer a qualquer momento dentro daquele espaço de tempo, sem crise. Ah mas eu ia mesmo, eu fui. Foi tipo uma forma de falar "vem" nas entrelinhas. Ela não estava em casa e considerando que eu acho a maior parte das avenidas daqui iguais me cheirou como um desafio encontrá-la. Eu só li o nome do lugar,  li o endereço rapidamente, e avisei que estava indo ao encontro dela, juro, onde quer que ela estivesse numa noite gostosa no meio da semana. Porque onde quer que ela estivesse eu sei que era exatamente o lugar perfeito pra eu estar. Era onde eu precisava estar. Porque com a gente funciona bem assim. Eu gosto de surpresas. E eu não perderia mais a oportunidade de vê-la nunca. Hoje menos ainda, considerando que me soou mais uma vez como necessidade.
Me encontrou num lugar onde nunca nos encontramos antes, e meu olhar se encheu de alegria ao reconhecer ela sentada à minha espera. Acho que a encontrei pelo cheiro de mulher que vira minha cabeça do avesso, me abraçou bem forte como quem não ia soltar e a recepção foi como eu esperava mesmo, quente, calorosa e feliz. Me beijou a boca e me apresentou pros amigos que eu não conhecia. Me perguntou se eu queria beber uma dose ou ir pra casa. Escolhi casa. Desesperada pra estar na presença dela e somente dela. Mais nada. Tenho dessas, uma necessidade intensa de ficar só com ela. Sou muito restritiva, e acho que isso talvez seja um problema. Eu não sei socializar com muitas pessoas ao mesmo tempo, fico com preguiça. Mas com ela... Eu posso ser só eu. Com ela eu consigo falar sobre tudo e nada, e rir. E respirar sem me preocupar com nada.
Descobrimos juntas que a placa do sexto andar já foi reposta. Ela perguntou se eu queria roubar a de outro andar, só pra variar e eu achei fofo de um jeito que não vou tentar explicar porque só eu entenderia, recusei a oferta embora infringir qualquer tipo de regra ou lei sempre me pareça muito atraente.
Ela é ótima em me desarmar. Em me animar. Fiquei realmente feliz em vê-la.


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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

tu n vale porra nenhuma também, espero que saiba

Eu ia adorar valer um pouco mais e ser menos atraída por ela, por beijo na boca com gosto de filhadaputice, por sexo quando é dado, pegado assim, gostoso e natural. Igual rola comigo e ela. Intenso e devagar. De me fazer pirar. De me fazer sair de mim. Fritar. De me fazer gemer baixinho pedindo pra tomar dedada rapidinho. Bagulho pulsa mesmo, é foda. De dentro pra fora. Atração é fodaaaaaa. Buceta com vontade específica é o que eu não controlo. Ela é minha química barata, medida exata pro tesão. Absurdo como que me ganha.
PULSA. Me faz pulsar até conseguir o que eu quero com ela... Beijo na boca, entre outras coisas.
Bastou ela ser direta, brechou na reta... e foi meu corpo colado no dela, tirei a camiseta rapidamente porque eu fiquei com muito calor, tesão incomum, sem medo nenhum, fervendo pra caralho com ela na minha frente. Ufa!
"Tô louca pra dar pra você..." - eu e minha famosa coragem inebria que fala. Ela riu. Mas que se foda. Soltou um "é recíproco" e fez tudo ter mais sentido, ela me provoca demais, é foda. Nem me beijou direito eu já fico molhada, queimo a largada, já explodi vontade de ficar pelada.
Bem perto de mim me beijou devagar, sem parar, lento, lentinho, deixava a língua sair da minha boca, sabe quando você sente que a pessoa não tem pudor nenhum só pelo beijo? Que chupa gostoso só pelo beijo? Então, esse é o beijo dela. Quanto mais minha boca estava na dela mais eu queria continuar. Impossível afastar meu corpo do dela, e ela seguiu me tocando. Lambeu meus lábios devagar enquanto deslizava os polegares pelo meu queixo, pescoço, seios... Lambia minha cara, minha boca, deu uns selinhos pra me trazer de volta, me beijou o pescoço e me deixou louca. Eu somente segui desejando descobrir o cheiro dela depois de gozar comigo hoje, quase ajoelhando pra descobrir, doida pra provar o sabor ela tem quando tá molhada no meio do jet, eu sou pirada nisso...
Minha língua tocava a dela com certa fome, voracidade, mesmo lento... Eu só queria sentir ela ali. A puxei pra mais perto de mim, segurei uma das mãos e coloquei a outra mão dela entre minhas coxas... Ela subiu sozinha até me sentir molhada, o toque dela foi puro instinto. Incrível. Me beijava sem parar, mas quando tocou minha buceta molhada, sabendo que era a única culpada por eu estar assim, ela pausou o beijo e suspirou um "que gostoso...". Fechou os olhos enquanto me dedilhava levemente, filha da puta. Minha respiração ficava mais intensa a cada vez que ela quase entrava em mim. Ela rouba a cena demais. Quis sentir ela encaixada em mim mais do que nunca, só de pensar nela dentro de mim e sentir a ponta dos dedos, o corpo no corpo e a boca na boca eu molhei o dobro, com certeza. Totalmente lubrificada, safada e convidativa. Ela é perigosa demais.
Ela estava com as pontas dos dedos quase dentro de mim, em pé, eu pressionava com vontade contra a porta do banheiro e ela me sentia molhada sem entrar em mim. Continuamos o beijo até que ela me afastou um pouco, alguém batia a porta e nós demoramos pra perceber mesmo. Vesti a camiseta rapidamente, sem desgrudar dela completamente, a ponta dos dedos seguiu em mim.
"Não me olha assim." - quis engolir ela com a buceta porque eu não sei esperar. Toda hora é certa e propícia pra mim, ali talvez não fosse diferente. Mas eu mal posso esperar pra encontrá-la novamente.
Eu guardei o beijo, a cena, os dedos, a expressão deliciosa com a qual ela me olhou... Bati várias pensando nela depois disso. Pretendendo muitíssimo encontrá-la novamente o mais rápido que a gente conseguir.


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sábado, 19 de fevereiro de 2022

camaleoa

Quase não acreditei ao vê-la adentrando meu prédio. Não pisou na placa de metal, segundo ela em respeito à mim. Os anos deixaram ela mais engraçadinha e empática. Já falei que aos meus olhos é estranho ver ela e meu bairro juntos no mesmo quadro, né? Então... Ainda não encaixa mesmo, mas ela veio mesmo assim. Pela primeira vez acho que eu quis lidar com isso logo de uma vez, totalmente curiosa pra saber a motivação da visita inesperada. Olhei pra ela e tive a impressão de ser tudo novo, tudo. Falo do sentimento como um todo. Aquela sensação gostosa de quando a gente se apaixona, sabe? Quando tudo ainda tá bem fresco e quente, o vapor de um novo amor ou qualquer equivalente. Tudo soou novo, gosto de mulher que me deixa nervosa. E eu até gostei da surpresa madrugadeira que ela me fez desse vez.
Subiu reclamando dos degraus, normal. Entrou no meu quarto e eu nem tenho certeza se ela esteve aqui mais do que - chutando muito alto - cinco vezes antes. Foi estranho olhar pras coisas dela espalhadas na minha cama, minha parede preta, as placas roubadas... Tudo junto, bastante misturado. Tudo encaixado. Parecia sonho. Daqueles que são dahora, no caso.
A parede não era assim antes, né? - tocou a parede e encostou, me fuzilando como quem me convocava pra beijar ela grudada nessa parede preta, me chamando com aquele olhar dela que me convida pra pular em cima, pra puxar pela cintura beijando a boca, sem medida nenhuma, sem modos, isso é coisa bastante batida que ela faz porque sabe que eu não consigo resistir, e sim... eu sigo péssima em resistir à mulher que me olha assim, tipo como ela me olha. Não que ela monopolize o olhar, não que seja exclusividade dela... É aquele olhar de "me pega". Ela é dona, somente, do olhar que deixa minha buceta molhada mas também não monopoliza isso. Enfim, acenei com a cabeça que não, indicando que não era preta mesmo antes e achei a pergunta até um pouco sem sentido. Ela se aproximou de mim.
Me beija? - Fechei os olhos, sorrindo, esperando que ela me beijasse, como nesses filmes românticos que ela adora. E eu sei que eu não precisava pedir, mas eu quis permitir a aproximação dela assim... de forma verbal e clara. Quase como um contrato. Ela sabe que eu valorizo muitíssimo as palavras, tal qual valorizo o silêncio de tudo que não precisa ser falado e o silêncio como um todo. Porque silêncio pra mim é raro.
Me abraçou então como quem não me via há anos, mas tem me visto pra caralho nos últimos tempos. Foi bom. O beijo veio logo após o abraço apertado, me cheirou o pescoço, a cara, meu corpo... igual cheira essa cocaína que ela não larga nunca. E eu pensei que talvez a gente tenha se visto mais na casualidade, no impulso, na loucura igual agora do que sob qualquer outro rótulo que a gente teve antes. E isso também é bom.
Em poucos segundos juntas quando estamos dispostas nós vamos de 0 à 100, tudo muito rápido, sem enjoar. Com a gente as coisas acontecem muito rápido mesmo, basta um beijo. Não dá pra beijar ela dentro do meu quarto sem desejar profundamente trepar com ela. Sem desejar que ela arranque minha calcinha nos primeiros trinta minutos juntas, sem desejar ser chupada por ela.
E nós transamos na frente do espelho da porta, encostadas na parede e na cadeira. Eu nunca sei porque eu vou, mas sempre sei porque ela vem.
Ela nua pela casa, para e me encara, nós duas sem máscaras alguma, quase cruas, o relógio aponta que já é quase a virada de um novo dia. Quando ela me encara, me rouba o ar, me tira até a linha de raciocínio.
É revigorante, o abraço, o cheiro... Caralho. É o mais próximo de paz emocional que eu já senti nessa vida, e também o oposto. Acho importante. É como se nada pudesse me parar ou me tirar dos braços dela agora. Talvez não possa.
Por um momento, enquanto a gente tava ali deitada juntas na minha cama, sujando meus lençóis com suor, e ela acarinhava minha nuca, senti como se nunca tivesse deixado de ser "mulher dela". E eu achava até engraçado o termo. Ri e pensei que responderia o mesmo que eu mais nova teria respondido "Te pertenço só aqui, enquanto eu estiver aqui". Não gosto e nunca gostei da sensação de pertencimento porque a liberdade é fundamental.
Enquanto me olhava eu senti que poderia levá-la pra qualquer lugar. Qualquer convite que eu fizesse agora eu sei que ela aceitaria porque eu a conheço o suficiente pra saber que eu dominei a mente dela nesse segundo, só pelo olhar. Porra louca do caralho. Qualquer convite... Mas por qualquer razão não existia nenhum outro lugar tão simbólico e especial que eu a quisesse, comigo, senão aqui.


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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

inflamável

Ela deslizou a mão sobre minha perna bem devagar. Me deixou confusa. Eu tenho uma dificuldade tremenda pra reconhecer a maioria dos sinais de emoções, ela até pode ter flertado comigo antes de invadir meu espaço, mas eu sou lerda e so fucking instrospective vibes na maioria das vezes, iboa. Eu quase nunca sei se é investida braba e bruta em mim porque quer beijar minha boca mesmo ou somente sinal de amizade, então o toque dela de início ficou de uma forma que titubeou na linha entre o invasivo e o excitante, mas não deixou de ser um toque corajoso, quase eufórico... do meu joelho até minha coxa, segurei a respiração e ela pausou o toque, me olhou como quem me pedia permissão pra continuar, voltou pro joelho e tudo começou a ficar mais intenso. Tocou em mim com mais vontade e fez que eu viajasse na minha própria vontade, eu sentia a palma inteira da mão dela em mim, meu corpo queria mais, foi convidativo e ela me olhava de pertinho, sabe? Eu não aguento olhar pra cara dela ser ter vontade de beijar, sem querer muito lamber esse rosto inteiro. Mulher linda do caralho. Eu ia conseguir resistir? Achei que sim, fiz de tudo para tal, mas foi óbvio que quando ela tornou a vontade dela mais nítida que a minha eu não consegui resistir à porra nenhuma mais, aff... Ela desempatou o jogo, e isso me soou instigante demais, efeito que as mulheres diretas causam em mim. Cheirou até o desafiador. Eu ficaria o restante do dia beijando ela. Uma pepsi de lata, dois beck e ela eu passo o dia.
Enquanto ela me olhava assim, tão gostoso e sem pausas, foi toque certeiro no ponto fraco, eu não tive pra onde fugir. A gata encurralou a rata, papo reto. Me deixou levemente nervosa, minha mão suou e eu achei engraçadinho a situação, ri de mim. É culpa do charme dessa charmosa do caralho. Culpa do meu desejo por ela. Imaginei os mesmos cinco dedos me tocando, não sabia queria TANTO  a palma dela em mim até eu sentir a palma dela em mim, os dedos, me segurando, me puxando pra mais pertinho, o desejo foi inevitável e eu não passo vontade. Cedi e ela seguiu alisando minha perna, como se tivesse me mapeando mesmo. Sem tirar a boca de mim. 
Eu já tinha sacado que ela dava uma pirada em mim quando eu tô de shorts e a culpa disso é dela mesmo, porque ela me fetichiza pra caralho que eu sinto só pelo jeito que ela me olha, mas essa parte é problema dela. O pensamento é livre, ela poderia me desejar sem demonstrar isso, mas mesmo sendo ruim de interpretar emoção, nesse caso, depois de ela me tocar assim eu já acho que quer me comer e não tá sabendo pedir. Mas se ela deixou isso tão nítido que me fez querer ela perto. Enfim, deslizou a mão na minha coxa  e comentou qualquer coisa sobre a tatuagem que eu juro, nem prestei atenção. Comentário padrão, mas quando eu ouvi a voz dela ecoando naquele espaço, ela me trouxe de volta pra mim. O arrepio foi inevitável. Roubou a atenção quando encostou em mim. Me ganhou.
Entrelacei os dedos no cabelo e a puxei pra mais perto de mim, pela cintura. Riu antes de me beijar.
- Até que enfim, né? - eu dei risada, balancei a cabeça e pedi pra que ela me beijasse logo porque eu senti necessidade pura do beijo mesmo. Eu gosto disso, do problema, de causar problema, exercendo minha função de ser a mais nova perturbação da cabeça dessa mulher. Nem questão de segredinho, mas eu mantenho tudo no sigilo porque minha vida não interessa a ninguém. 
Eu sou maluca por ela, só quando fala comigo já é um tesão do caralho. Fiquei agitada pra caralho, perdida e ela me pediu pra ficar parada.
- Acho que não consigo. - fui perrequeira e levantei do lado dela, ficando de frente pra ela e aí então ela tirou a camiseta. No mesmo instante eu parei, observando as curvas dos seios dela. A atração foi quase, sei lá, artística. Eu tirei um print com meus olhos e juro que a colocaria dentro de um quadro, juro. Por mais doido que isso possa parecer, eu ia adorar poder olhar pra ela todo dia pelo menos um pouquinho.
- Você é linda. - eu parei mesmo, fui incapaz de desgrudar meus olhos dela, de desviar o olhar, observando encantada cada centímetro dela. Eu tenho cara de idiota, imagina olhando pra ela.
Ela me faz sorrir. Ela ri de tudo que eu falo, parece que tem até dificuldade de me levar a sério.
- Você é maluca, sonsa e sem gracinha... - e riu, me atacando, me agarrando e encostando em mim - e gostosa... - em poucos minutos eu já estava compartilhando de momentos nua na companhia dela, também, explodimos feito gasolina e fogo. Notei que o contato é 100% inflamável e perigoso, pega fogo mesmo. Audaciosa, deliciosa e filha da puta. Felicidade instantânea. Por mim estaria com as mãos em mim até agora. Eu gosto é disso.


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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Casualidades, repetições e situações isoladas, enfim.

Entrei naquele elevador como uma flecha, de tão rápida que eu me sentia, minhas mãos suavam e eu duvidava verdadeiramente da realidade que acontecia à minha frente. Foi uma das poucas vezes em que estive sozinha ali dentro e quando dei por mim eu estava mesmo lá, me encarei no espelho do elevador por alguns segundos. E eu estava MESMO lá, de novo, uns cinquenta quilômetros longe da minha casa e cento e cinquenta reais mais pobre perdidos pra Uber só porque eu queria encontrar algum conforto em algum lugar no mundo e ver um rosto conhecido. Ela foi a primeira pessoa em quem pensei quando acordei, hoje. A mensagem que chegou - e foi pura coincidência - me convidando, veio num tom de salvação.
Não demorou até que o elevador chegasse ao andar de número nove e lá estava ela. O mundo dentro da minha cabeça fez silêncio por meio segundo quando eu a vi. Eu ainda me surpreendo em como ela me atrai no estado mais puro da atração mesmo, na máxima, no mais high que a atração pode chegar, e em como às vezes atravesso todos esses quilômetros rapidamente só pra olhar pra cara dela, só porque eu preciso muito olhar pra cara dela mesmo, real. Ela é a coisa mais neutra da minha vida, um ponto de paz, quando a gente levanta bandeira branca uma com a outra ela me reinicia, alguém que não faz parte da minha rotina, mas está sempre ali. Eu sou fã demais dessa cara de maconheira que ela tem, da fala lenta, dos olhos que fecham quando ela sorri... Eu gosto dela. Eu gosto pra caralho dela. Eu sempre gostei.
Já me aguardava na porta, cabeça apoiada no batente, o cabelo bagunçado, a cara de sono, de pijama, descalça, crua, sem grandes expectativas comigo, enquanto aguardava que eu subisse. Era quase madrugada já, pra mim ainda era cedo pra caralho mas quando cheguei acelerada e a vi assim, slow, me senti inconveniente pra caralho mesmo sabendo que se ela não pudesse ou não quisesse me receber eu nem estaria aqui.
"Tu parece coisa da minha cabeça, parece lenda. Só aparece de madrugada... Pra me comer." - ela disse e revirou os olhos balançando a cabeça e a expressão séria dela me fez rir. Eu amo o humor ridículo dela porque é exatamente igual ao meu. Ruim. Nós nos entendemos bem.
Me abraçou forte, beijou meu ombro, meu pescoço - como sempre - mas não completou o trajeto, não me beijou os lábios e eu confesso que senti falta. Caminhamos juntas até o quarto buscando contato uma com a outra de alguma forma, dentro do quarto dela ela me olhou séria e me perguntou se eu tinha alguma predileção por visitar as pessoas durante a madrugada. Perguntou se eu não poderia aparecer pra um dia de Sol ao lado dela, ouvia cada palavra enquanto arrumava tudo que me soava desorganizado sobre a mesa, ela me perguntou se eu não poderia ser normal pelo menos um minuto da minha vida e eu dei risada, pedi um cigarro e me acomodei na cadeira do quarto. Me senti bem e protegida de alguma forma.
"As pessoas não, só você." - respondi enquanto ela bolava um beck. O cheiro dela me lembra a madrugada. O silêncio foi o barulho prevalecente na nossa conversa aquela noite. O silêncio na minha cabeça é violento, tem cheiro de problema, explode. E ela me entende e me respeita mesmo que eu não fale nada.
Eu me olhava no espelho do quarto como se a qualquer momento meu coração fosse parar mesmo, tenho mania de me olhar em espelho quando tô ansiosa. Olhava pra mim e olhava ela na cama, repeti o desvio de olhar algumas vezes e ela seguiu deitada, fumando um beck,  me seguiu com o olhar enquanto eu andava até o banheiro. Ela me olhava quieta e calma, paciente. Tão paciente que eu me senti bem. Confortável mesmo que minimamente. Às vezes eu esqueço como socializar, esqueço como iniciar uma conversa, como conduzir, foda-se. A humanidade é um saco porque eu seria diferente? Pra que fazer amizades se eu não posso ser honesta com ninguém? Se ninguém está de fato interessado em mim. Tanto faz.
Fiquei me encarando no espelho do quarto dela, ia pro banheiro. Voltava. Eu nunca consegui ficar muito quieta. Quase desci até o hall e voltei só pra não parar o movimento. Me distrai em algum momento ela se levantou e me abraçou por trás, deslizou as mãos no peito, beijou minhas costas e apoiou a cabeça entre meu ombro e pescoço. O toque foi sutil, cuidadoso, eu me senti acolhida, sei lá. Me perguntou - entre um beijo e outro nas minhas costas, abraçada - se eu ainda não tinha aprendido a ficar parada e eu ri. Não consigo mesmo. Sempre balançando, andando, sei lá. Ela sempre deu risada disso, enfim. Nem era disso que eu estava falando, mas por um momento eu obtive paz. E eu sempre falo sobre isso, sobre paz. Por um momento a bandeira branca foi levantada mutuamente e notei o quanto estamos ficando boas nisso com o passar dos anos. Em nos respeitar. Em nos aceitar e nos querer como somos mesmo.
Pensei no que ia falar quando a visse, pensei em me desculpar sem necessidade, mas não disse nada, me abraçou mais apertado e eu me senti vitimada pelo afeto dela, foi bom e genuino. Eu não queria olhar muito pra cara dela porque não queria receber nenhum julgamento. E ela, de alguma forma, me julga sempre. Mesmo que não queira, mesmo que não perceba, mesmo que o faça sem ser intencional, mesmo que ela seja neutra ela o faz, ou talvez também nem julgue nada e isso seja apenas minha própria cabeça porque às vezes eu me sinto mesmo um pouco culpada. Não importa. Então eu tenho a sensação de ter que me defender, de ter que me explicar. Mesmo que eu não tenha que fazer porra nenhuma. Eu não devo nada pra ela. Mas ela é praticamente capaz de ler meus pensamentos, isso é tão foda que ela reconhece a brisa que eu tô só pelo jeito como o qual eu olho pra ela, o beijo, minha postura, o jeito como minhas mãos se movem, ela é um bagulho de louco ... Ela me conhece melhor que ninguém e isso me rasga por dentro, queima meu peito porque eu queria ser melhor pra ela, com ela... mas eu ainda sou egoísta demais pra isso. Mas hoje, e só por hoje, eu encontrei a paz que eu buscava.
"4h46 agora. Vai amanhecer. Eu tô com você. Mas vamo pra cama? Eu levo um espelho pra tu se olhar deitada também." - meu corpo relaxou por um momento e eu me senti brecada. Talvez a voz de sono dela seja a solução pra tudo de ruim que eu sinto.
Câmbio, desligo.


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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

bicuíra

A garrafa de vinho nos ouviu mesmo metade da noite falando nada com nada, como eu já tinha previsto. Sentada ao meu lado no meio do chão da sala, ela me olhava com aquele olhar dela que eu não sei resistir. Ela sabe que eu não sei resistir. O olho fecha um pouco, o sorrisinho, aquela expressão dela que me atravessa, que me pede um beijo na boca, quase implorando, que me pede pra ficar aqui, pra não sair e pra não querer ir pra nenhum outro lugar, agora. Pelo menos não agora. O olhar que parafusa meus pés no chão, que impede o rato de fugir e vez ou outra até de respirar. O olhar que faz eu esquecer que existe um mundo do outro lado dessa porta.
"E existe? Qual a importância do mundo lá fora? - me questionei em pensamento. Nenhum. A resposta é essa. Eu atraso corre até pro Papa se ela me chamar. Eu deixo de lado qualquer pessoa.
Aqui dentro, dividindo somente com ela o espaço da sala branca e ampla eu nem me lembro que os meus problemas reais vão me encontrar de volta assim que eu entrar no elevador e descer daqui do nono andar, eu tenho certeza que toda a minha insatisfação pessoal e sensação de estar regredindo na vida só por "me sujeitar" a passear novamente na vida dela, descumprindo minhas próprias promessas, o mal estar, arrependimento, que seja... o peso disso tudo pode me encontrar mais rápido que uma bala assim que eu colocar meus pés na rua. Como pode não me encontrar nunca, também. Eu sempre pago pra ver. Essa é a merda do "dá pra lidar depois". Na verdade não dá pra lidar depois, eu sei disso. Mas pra mim, mulher apaixonada, não há nada mais urgente do que beijar a boca dela. Escutar a voz. Sentir o cheiro. É o efeito que ela me causa desde a primeira vez em que eu a vi e nós éramos apenas duas meninas sem nenhuma maturidade ou muitas expectativas com a outra, só querendo beijo na boca e um canto seguro e a sós pra ficar sem roupa na presença uma da outra. Quando tudo isso não era nada demais, só atração.
A ponta dos dedos dela tocou meu pulso bem suavemente, com calma, deslizou pelo meu braço. Tateou meu ombro, me fez um carinho no pescoço. Olhando nos meus olhos. Comentou sobre as escritas que tenho tatuada e brincou com possíveis significados. Ela me sente, eu a sinto de volta. Me perguntou, num tom de deboche se eu tinha casado com o beck, tamanho a demora pra passar. Segui num cafuné lento enquanto ela encostava em mim como se fosse algo normal, banal e rotineiro, ficamos assim por alguns minutos. Em silêncio. Passei o baseado pra ela e isso foi quase como criar uma conexão, dois tragos depois ela me devolveu, passou a mão pelo meu braço e então pulou pra perna. Alisou minha coxa por alguns instantes olhando fixamente o próprio carinho. Seguindo as linhas das tatuagens lentamente com a ponta dos dedos. Balançou a cabeça sozinha, como em negativa de algo.
"Que foi?" - perguntei, cortando o silêncio.
Taz, né? Nunca em silêncio.
"Eu gosto quando você tá aqui. Eu penso em você quando você não está." - Respondeu baixinho.
A expressão dela me pareceu um pouco triste, e meu coração veio a boca num movimento abrupto, sabe aquela mulher que mexe com a sua cabeça? Ela é dessas, a maior qualidade dela é ser incrível. O maior defeito dela é o mesmo. Eu não quis estragar o momento e hoje eu não quero citar defeito nenhum, foda-se. Em todo texto eu falo um defeito dela, do meu ponto de vista, e largo um foda-se. Há anos ela quebra meu coração de tempos em tempos, há anos eu sou ardilosa e filha da puta com ela usando vingança como desculpa. Eu não sou mais essa mulher, revidar qualquer coisa, causar qualquer dano emocional, impacto, foda-se... já não é mais prêmio pra mim, mesmo. Eu quero paz.
Senti falta de estar aqui, por ela. Com ela. Ela é mó gata, patriçoca bala, sempre foi, o tempo só melhorou. Ficou com mais cara de safada. Do tipo que eu nem sei porque se envolve comigo, mas sei que é altamente inflamável, a temperatura entre nós sobe muito fácil, só enquanto a gente se olha sobe muito rápido. O cheiro das coxas dela é o combustível pro meu fogo. Quando a língua roxa, por causa do vinho, toca minha língua, eu perco a noção do perigo.
Depois da terceira taça de vinho e do segundo baseado o jeito que ela fala vai ficando engraçado, e eu adoro. Ela já é slow normalmente, a fala lenta, imagina ficando bêbada? Eu fico agitada bêbada. O olho dela diminui e eu me sinto atraída pela cara de fumadora de maconha que ela tem. A gente tem uma vibe tão boa quando a gente quer. Duas chapada sintonizadas rindo de tudo. A vida fica mais dahora na companhia dela. E eu queria, de coração, que a gente optasse pela paz sempre. Mas as coisas são complicadas e meio mal esclarecidas. Mas nenhuma decisão é pra sempre né, nem mesmo as que eu jurei que seriam.
Enfim.


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