Eu sou peixe, rato... e até me desculpo de antemão por isso.
Sou animal burro. Boa de fugir. Ruim de memória. Boa em fingir também. Mega Combo da filha da putice com um extra de falta de empatia.
Aliás... Eu sempre fui BOA DEMAIS em fugir e dela então? Nem se fala. Hors Concours no quesito fuga, bebê.
Eu sou boa demais em deixar as coisas pela metade, sem muitas explicações, deixar pra lá mesmo, esquecer. Boa em fugir. E eu tentei muito mudar essa coisa de nunca me importar com alguém além de mim mesma. Colho frutos em dias de Sol e em dias nebulosos eu sigo escapista, especialmente quando se trata dela. Quero que me queira, mas não quero querê-la.
Ela, ela, ela, ela, ela... Porra de mina do caralho.
Eu estou cansada de ouvir da boca daquela mulher que a cada vez que eu revisito nossa história eu fujo, ela volta, eu fujo, ela volta, eu fujo... Cíclico. Ontem eu ouvi de pessoa x que eu nunca levo em consideração que talvez todo esse tempo tenha nos transformado em novas pessoas, talvez até pessoas melhores. E somos? E deveríamos ser? Eu nem sei mais. Deveríamos ser melhores para quem?
Longo caminho para se percorrer, né? Tem isso. Mas vamos lá, dia após dia. Até tento.
E ainda assim há dias em que eu ainda não me venço, outros que eu não penso nela e até me surpreendo, juro não lembro e em outros dias... Eu sei que eu tenho que me manter distante e ainda assim eu nem ao menos tento, há dias em que eu ainda me perco e ocasionalmente me encontro nessa cidade somente para transar com ela nos mesmos lugares de antes. Implorando o caminho todo até chegar a ela para que ela não me faça lidar com nada do que eu não queira lidar. Ela só me representa a certeza de um sexo bom, satisfatório.
Foco no: nos mesmos lugares de antes, hora ou outra parece que ela faz tudo muito bem pensado e de forma intencional.
Às vezes eu estou deitada na minha cama em paz e após uma troca rápida de mensagens eu me pego apertando o pescoço dela contra a parede e com outra mão batendo forte na xoxota dela, descontando minhas raivas e saudades. Eu sou sem filtro. Ela mesma costumava dizer que o sexo ia me ajudar a canalizar toda raiva que eu sinto. O cheiro dela é o mesmo, praticamente mesmo gosto pra tudo então sempre fica fácil demais de conseguir o que eu quiser dela, mas ao mesmo tempo também acho que muita coisa mudou de verdade e ainda assim ainda é como se nada tivesse mudado, vai entender.
Mas o meu lado... O meu lado da história é que eu me mudei de mim mesma. Abandonei tantos e tantos hábitos, mudei rotina e blá blá blá. E a única certeza que eu trago é que eu não sou mais quem eu era quando estava com ela. Talvez isso seja só o primeiro susto que ela teve depois de eu passar tantos anos longe. Às vezes eu me olho no espelho e nem me reconheço mais. Imagina ela? E tanto faz.
É bom ser alguém sem memórias aos montes em gavetas ao ponto de não conseguir guardar memórias novas. Nunca fui acumuladora, mas ela... Tudo é sobre ela e sempre foi, sendo bem sincera. As memórias seguem lá, mas hoje consigo ter o mínimo de filtro com coisas sobre ela e sobre nós que eu fantasiei tanto positivamente que a realidade quase me fez morrer. Quase. Não morrer, de fato. Mas até que me ajudou a matar quem eu era. E foda-se. Não muda o curso do rio. Ela nunca fez comigo nada do que eu não teria feito com ela sem sentir o mínimo de arrependimento depois, sem ter que conviver com nenhum sentimento de culpa mesmo. Aliás, já que aqui eu posso ser sincera, ela nunca fez comigo nada do que eu já não tenha feito com ela.
Mas ela nunca pôde, né?
Eu sempre fico buscando respostas pras perguntas que eu nem formulei direito, como saber onde vamos se eu nem sei se quero deixá-la caminhar próxima a mim (ou quase isso) novamente.
E eu que sempre me questiono por qual motivo eu vim, cheia de rodeios, com todo esse rolê de não me posicionar, culpabilizando ela... Então tá... hoje eu vim porque encontrei a chave de uma porta que guardava saudade, saudade específica portanto, sendo assim: abri a porta e hoje vim só pra matar minha vontade. Sendo clara, eu não quero nada, não espero nada além de uma foda sincera. Ela me abraça como se eu nunca tivesse saído daqui, e eu até acho que nunca mesmo. Ela me deixa jogar meu jogo. Eu vou ir, eu vou voltar... Enquanto couber ela me deixa solta, quando vezes a porta dela também não estava fechada? Ela me deixa solta porque eu presa a ela sempre brota um estopim qualquer pra uma deprê fodida depois, e eu sinceramente não quero ter que lidar com isso.
Então minha melhor opção é seguir rato. E a explicação é que se eu conseguir ser tão rápida ao ponto de gozar e ir embora bem rápido também, talvez o impacto seja menor e talvez não sobre tempo/espaço pra me apaixonar por ela.
Let me play my game, you are just another...
sábado, 30 de janeiro de 2021
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
ladra de brisa
Eu sou extremamente fã de vários detalhes que eu capto daquela mulher. Detalhes pessoais e pessoalmente eu constato: que mulher... Pouca fala e muito tato. Detalhes tão dela, tão nossos, em sua intimidade quando ela acha conveniente me incluir, e também alguns detalhes de quando ela invade e rouba a minha. Ela sequestra meu tempo, e eu cedo mais horas de bônus. "Do nada?", do nada porque se for pra ser com ela só é válido se o sangue dela estiver quente, "né ô sua vagabundinha do caralho? Filha da puta."
"Do tipo que você gosta..." - ela retruca.
Suja. Filha da putinha.
E com ela...do nada, é sempre do nada.
Mas também não é como se eu não me fizesse chegar até a porta do apartamento dela com meus próprios pés, não é como se eu não conhecesse muitos dos pontos fracos dela e não jogasse sujo até ela querer muito me pegar e não é como se eu não tivesse em plena (ou quase) consciência no exato segundinho em que meus dedos entram nela. Sempre foi vontade própria, sempre foi consentimento. E essa vontade, vez ou outra, é mútua. Insuportavelmente mútua. É quase que como um pedido do meu corpo.
Mas eu, ainda assim, nunca sei porque eu venho, além de eu ter esse defeito de ser tão sexual.
Ela nua é impactante num nível de quase conseguir me deixar nervosa, perdida mesmo.
Algumas taças depois, hoje eu vou de on the rocks, ela vai primeiro de sentada, já largo meu copo de lado, em seguida eu aciono uma bonafont e duas balas e ganho uma cavalgada braba, um, dois ou talvez três ratata e acho que até o quarto do lado tá escutando os pápápá. Ela lambe minha boca parecendo uma gata e solto no bigode que ela de cara na parede tomando de costas é o detalhe que eu mais gosto de lembrar.
Capto e guardo momentos assim.
Guardo sim, mas ainda bem que eu sou um peixe com memória reduzida e resumida a oito segundos, e uma vontade maluca de fabricar memórias novas. "Eu vou pra minha casa depois que você gozar...". Ela goza uma, eu gozo duas... Amanhã é outro dia e eu queria de verdade perder essa mania zuada de preferir lidar com tudo que eu sinto e com o que eu deixei de sentir só depois, sem falar que isso infelizmente me trouxe a sensação de que eu deveria ter sentido mais, mas que se foda "que se foda". Não é possível que eu seja a única pessoa que procrastina até esse rolê de lidar com emoção, situação, tanto faz. Eu tô aqui... E aparentemente eu optei por me auto sabotar fingindo que eu só vim porque tenho a mania de querer fazer ela sorrir. E eu sei disso, mas eu mesma me induzo ao erro, como pode? Às vezes eu sou muito comédia.
Eu sou muito, muito boa em me manter distante, só que quando eu burlo minhas regras, quando eu me presto ao papel de atravessar qualquer espaço geográfico por ela, e quando ela me olha com aquele olhar só dela... Aff. Quando eu tô com ela é como se os erros que nós temos em comum nunca tivessem existido, e de fato: depois de (supostamente) perdoado nenhum erro deveria continuar existindo. Vai saber o que me dá... Ainda bem que eu consigo separar um tesão vívido de um sentimento que não a pertence mais e sendo bem sincera eu acho que se eu tirar a possibilidade de uma foda casual fácil e boa de cena, na cabeça dela nada resta. Portanto sendo assim... peço licença ao sentimento morto e cedo espaço pra confessar que eu viajo nela mais do ela viaja em qualquer droguinha dessas que ela se entope e se amarra. "Se amarra em mim?" "Eu sou amarradona em você, desde sempre..." "Não é verdade...". Ela para, me encara e sorri "Eu sempre fui.". Há quanto tempo a gente já não tem essa discussão? Vamos abstrair, é ela afirmando sentir e eu entrando em estado de negação. Tô nem aí, mas mesmo meu mecanismo de defesa trabalhando muito bem, eu não fico menos encantada com tudo que ela faz e mesmo que eu não tenha alimentado minhas expectativas, ela nunca me decepciona na expressão que faz quando eu falo olhando nos olhos que ela não passa de uma "putinha com a buceta muito, muito gostosa". Eu adoraria ser capaz de acreditar nas falas dela sobre amor, mas eu não vejo nada além de uma vontade que nunca passa de uma batida forte sem parar na xota (mas não é?). Ela sabe que achou quem gosta o dobro que ela, eu não gosto de falar não portanto não falo. Ela fala meu nome de um jeito delicioso enquanto me fode e eu noto que ela adora me olhar e sorrir, ela adora sentar no meu colo, arrumar a gola da minha polo, tomar do meu copo, me cercar e dar o bote... É esse o pique. Tá estampado na cara dela, escrito mesmo e com todas as letras em neon piscante que ela só volta pro meu colo porque quer muito um entra e sai, entra e sai, entra e sai, tiro a mão de dentro e dou o primeiro tapa na cara, é esse o caminho e eu repito tudo... É tapa na bunda, tapa na cara, vou fazer ela gozar sem ar porque é o que ela pede e gosta mesmo. Não é incrível o quão perfeito é o encaixe da minha mão no pescoço dela?
E foda-se.
Ela não quer ser suja? Permita-me ser imunda.
Por isso que a gente combina... Pelo menos nesse ponto de vista dá pra aceitar que a gente combina.
Eu gosto pra caralho de cada uma das sentadas lentas, enquanto tiro a roupa dela me sinto desembrulhado um presente, bem devagar, tudo bem devagar... porque eu adoro observar enquanto eu entro, pra eu sentir ela molhando, e eu juro que se hoje ela ficar encharcada do jeito que eu gosto vou recompensá-la deixando como? Gozada e bamba. "Eu só quero buceta". Direto e reto.
Eu chamo no probleminha e ela não nega.
"Combinado?"
Não foi pra isso que eu vim?
Não foi pra isso que ela me chamou?
Bandida do caralho.
Ela levanta e dá mais um tiro, "Desde quando você cheira?", ela me ignora e me serve outra dose. Eu gosto de tudo: da luz, do whisky, da brisa e dela ali. Do cheiro que ela tem depois que goza, do gosto, das expressões tão lindas que minha língua e o tesão dela desenham tão perfeitamente naquele rosto. Beira o inesquecível. Eu sei que eu vou esquecer... Daqui uns oito segundos... Por isso escrevi essas linhas pra me lembrar.Eu fecho os olhos.
Respiro fundo.
Depois mais fundo.
Nada faz acalmar o coração agitado dentro do peito. "Eu vou embora". Ela me olha com olhar de maré braba. "A tempestade que chega continua sendo da cor dos teus olhos..."
Não fecha o tempo. desgraçada do caralho... Não fecha o tempo. - Torcida mental.
Não sei se é ansiedade, ou a cocaína e todos os algo mais. Ou o combo do desespero. Quando nota que não me afoga, ela joga baixo e me pede beijo, me pede pra ficar... Ir embora com ela nua e me pedindo pra ficar é o mesmo que tomar uma medida drástica.
Eu ainda não sei porque eu vim, e não é nem reclamação... Eu... Só... Não... Sei... Porque... Eu... Vim. Mas sei que sempre que me dou conta eu aceito o convite dela e me faço presente aqui, dentro do campo visual dela, permissiva, oferecida, debaixo das digitais dela, presa entre os lábios dela, sentindo a respiração quente misturado com gemidinhos no pé do meu ouvido. Minhas mãos pelo corpo dela já tem se tornado algo praticamente instintivo.
Parece que tudo sempre vai ser sobre ela. Os textos, as vontades, as coisas todas. Acho que mesmo que eu gire o mundo ao contrário tudo ainda sempre vai ser sobre ela, desligo o celular, ela é a única mulher que me deixa off pro mundo.
"Eu nem sei porque eu vim..."
Ela sorri um sorriso que vez ou outra me faz esquecer o quanto essa maldita sempre foi a maior ladra de brisa que já existiu.
Como ela não há outra e hoje ela é a única que eu quero ouvir pedindo pra eu meter mais rapidinho, mais forte, um dedo a mais e um "pode ir mais forte...".
É... sinceramente&diretamente hoje foi só pela foda dela que eu vim.
cores de basquiat
Sexta feira é foda.
21h.
Sexta feira é foda mesmo, meu horário atravessa a noite e a chuva cai rasgando o vento e cortando a pele, ensopa o boné e a camiseta.
O tênis nem se fala.
A cada silencioso passo dado onde tomo impulso pra correr, eu sei que no fundo eu só tô dando dois ou mais passos pra trás. Jogo vazio. Súplica para uma salvação que não virá.
Casa gelada. 108.
Casa quente. 02.
No meio do nada.
Duas ruas pra trás.
Outro bairro.
ZL impera.
A rua seca. A chuva para. Uma nova sexta mais quente pra alegria da periferia.
O bar da esquina tem bilhar, tem copão de 700ml de whisky do pior possível, e a gente chapa mesmo assim, tem maloca e tem cachaça e a molecada da área garante a loucura, batuque e fumaça, as maluca joga pra cima, o paredão estrala, joga pra baixo, me olha e joga pra mim, joga em mim, a pousada já toma um tapa no raba porque eu não tenho paciência. A rua enche, transborda de gente.
Sigamos.
No caminho pra viela eu vejo várias daquelas que mamam à troco do lança, eu desvio... Vagabunda curte é vagabundo, antes eu caçava essas safadas agora são elas que me caçam. Mais um copão, mais um tiro, se eu jogar uma bala na boca dela eu já prevejo e me vejo pagando o McFavela amanhã de manhã. Eu beijo aquela.
"A loirinha do outro dia???"
"A que sempre pousa em mim quando me vê aqui... Lembra dela?"
"Perguntou de você pra mim duas vezes..."
"Tanto faz, quebrada, tanto faz... Eu nem lembro o nome dela."
+1 dia.
-1 dia.
Tanto faz.
T A N T O F A Z
Mesmo nos dias em que eu estou feliz, mantenho a cara e o coração fechados.
Mantenho atenção aos agitadores.
Meu sangue frio é o que garante a temperatura da peça fria também. De igual para igual. Meus joelhos dobrados pra São Jorge garantem que em nenhum dia haja choque térmico. Bato cabeça. Mente fria e sangue quente, infelizmente é a mistura perfeita pro caos. Mantenho atenção aos agitadores. E que os inimigos não me alcancem, não me enxerguem e não me toquem e nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal.
Que eu seja guardada. E tenho sido... Quer dizer, as circunstâncias me levam a acreditar nisso. Tem dia que é sorte, não há outra palavra ou denominação que não seja sorte. Há dias que eu danço um tango com a vida e com a sorte. Mantenho atenção aos agitadores.
Que eu seja guardada.
Sei lá, sexta feira é foda.
Que eu seja guardada.
Fé com fé.
Já já o Sol vai nascer e me tirar daqui.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
não entenda como um pedido de desculpas porque não é
Mas você... Que saco.
Dos hábitos e vícios ruins que eu trabalhei muito pra abandonar: você foi o único que eu nunca consegui. Saiba. Único dos vícios que me fez sempre voltar. Que fique claro que é sempre consciente, consentido e porque eu quero. Eu sempre volto com meus próprios pés. E eu sempre te toco da cabeça aos pés com as minhas próprias mãos entre as outras coisas que eu faço com você pra me livrar da minha abstinência, da saudade, da tua ausência. Casualmente.
Eu nunca sei porque eu venho. Mas venho. A ideia rápida que sempre parece boa. É engraçado te ouvir falar que eu nunca lembro de você (quer ouvir que eu nunca te esqueci???) que eu não guardo memórias físicas (não mesmo) e que eu nunca te quis... É drama? Eu vou sorrir, vou te beijar... Mesmo assim.
Eu adoraria ser como você.
Não é crítica.
Não estou apontando nada, mas eu adoraria muitissimo ser igual a você porque cada palavra sua sempre me soa como se você tivesse passado uma borracha em todas as coisas ruins que já existiram, uma borracha nas mágoas, nas palavras mal pensadas/interpretadas, nas várias vezes que eu te troquei por sexo e companhias vazias, e nas vezes que você fez o mesmo ou dez vezes pior comigo. Você brincava comigo, com a sorte, eu transformei seu coração numa cela e você transformou minha cabeça numa prisão. E desde então... Desde então eu nunca mais consegui fugir.
Palavras... palavras... palavras... Enxerga a consequência delas?
Eu adoraria ser igual a você e esquecer todas as vezes que você transformou qualquer atitude minha em competição pra ver quem era mais filha da puta. Atitudes ruins que eu juro, eu deixei de tomar. Eu nem listo mais mas, hora outra ainda penso nas vezes que eu nem sabia porque eu ainda te queria, mas queria.
Mas eu só voltei pra sua vida porque eu penso às vezes que existiram dias teus tão cinzas que mesmo no ápice da gente enquanto um casal, eu nunca quis colorir. Por isso você sempre me considerou o rato que foge de você. Que abre e fecha a armadilha quando quer e blá blá blá.
Ainda sobre teus dias cinzas: eu sei que nunca consegui corrigir isso depois. Mas nós também tivemos uma infinidade de dias de Sol, domingos com a tua mãe, risadas e uma infinidade de filmes ruins que eu dormi no meio.
E mesmo isso sendo somente passado, me apertava tanto o peito ao ponto de não me deixar viver confortável... Minha forma de encerrar situações é fugindo. Rato.
Mas eu... Eu estou aqui agora, não estou?
Mulher, você me convence sem palavras, se bem que quando se trata de nós nunca precisou de muito, né? Eu sou tão fã das mulheres diretas. E isso é a única referência inteiramente positiva que eu guardo sobre você.
Nada é pra sempre, mas depois de tantos e tantas voltas ao Sol que a Terra deu e aquele rolê todo de que nossa conexão sempre nos fez voltar, sempre deu um jeitinho de fazer a gente se encontrar... Então será que a gente...? Eu nem quero falar. Tem coisas na vida da gente que nunca é bom verbalizar. Depois de você eu aprendi a não idealizar mais nada... mas você, putz. Vou falar o que? Cê tem um pique de Bibi, perigosa igual... Eu sigo no sonho de Escobar, correndo com lobos, dormindo com gatas. Com outras. Você ri e fala que me odeia. Ninguém fala em amor ou querer... mas assumo que te quero sem apego, mas sempre te quis pra mim. Sempre. Criei gaiolas por medo de você voar e nunca mais voltar.
Logo eu, né? Que sou o rato que tava sempre enfiado em algum buraco longe de você. Fugindo.
E o foda é lidar comigo mesma depois, com a quebra de meses e meses de promessas onde eu sigo no pensamento firme de que nunca mais tocarei meus dedos em você, e sempre quebro em segundos, porque você me quebra igual. E eu sei que você perde igual a mim.
Quem liga?
Isso não é competição entre nós, já foi... Mas se competir te faz feliz, hoje eu deixo você ganhar porque eu só quero assumir que é sempre bom voltar ao ponto de início, te olhar, te ver e tomar aquele velho vinho ruim com você. Rir de você falando que eu sempre chego e faço barulho, falo alto, nunca paro quieta, dou risada de você na sua cara e vez ou outra eu quebro algo sem querer. Ainda é a coisa mais deliciosa e engraçada do mundo te ouvir falar que eu só fico parada num mesmo lugar enquanto eu te chupo. Temos uma quantidade infindável de intimidade demais guardada em caixas empoeiradas, digo isso porque (eu sei que vai passar, mas) depois de alguns meses sem olhar pra sua cara eu estou levemente desconfortável na sua presença. Talvez seja o tanto de álcool que eu sempre carrego no sangue, o tanto de substâncias ilícitas, o tanto de brisa que corre em mim. Eu gosto porque você me desafia. Hoje em dia eu já nem sei o quanto de verdade contém no meu querer por você, mas quem liga? Eu sei que você só quer dois dedos dentro e eu só quero colocar, que diferença minha expectativa ou falta dela faz? Você usa de métodos sujos e eu adoro me intoxicar.
Sigamos.
Você invade muito meu espaço, me olha no olho, dá uns tapas no meu ombro e toca meu braço. É jogo da sedução que você chama?
Acha que eu não percebo sua aproximação?
Sério, você acha? Eu sou boa em linguagem corporal e você é ruim pra caralho em disfarçar, se é que é isso que você almeja. Eu gosto de ver até onde você vai chegar.
E que se foda.
Sempre foi assim.
Te olhar de frente, só a gente, depois do tanto de promessas que eu fiz onde eu jurei que eu não te olharia, chega a ser até ironia, e eu nem gosto de ironia.
Eu já falei disso duas vezes, tá fedendo a arrependimento mas agora eu já tô aqui, e além do mais: je ne regrette rien, né? Me arrepender não vai me tirar do seu quarto, da sua cama, de dentro da sua buceta e também não vai me impedir de dar risada sozinha amanhã de manhã do que a gente fez... E do teu pijama. (Ridículo).
Hoje meu Sol não nasce com você. Eu não vou ficar pra te ver abrir os olhos, eu ainda sou rato... E a armadilha de cara tão linda e ego frágil nunca me prendeu.
Mas mesmo assim...
"Je ne regrette rien".
Eu sempre fui dessas, sempre fui muito, mas muito, mas muuuito filha da puta...
E eu não estou aqui pra pedir desculpas.



