quinta-feira, 23 de julho de 2015

copan

Eu sou o poeta fracassado. O poeta bêbado. O poeta que chora sentado na sarjeta, com as mãos no rosto. Eu sou o poeta que te escreve em guardanapos de boteco.
Caminhei em direção ao topo, como um jogador, não demorou muito até que eu chegasse aqui, no alto dos seus imponentes trinta e cinco andares. 115 metros. Às vezes eu venho fumar meu beck daqui, fico imaginando se não seria tragicômico se você acordasse com minha cara estampada no jornal amanhã. "Caiu lá de cima" "Acho que se jogou". Imagina como o cara do táxi que eu amassei, caindo em cima, ia ficar chateado.
Sem nota de adeus.
Sem motivos aparentes.

Ia foder o carro do taxista.



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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Menina do Olhar Congelado

Seu terraço, pôr do Sol, dia seguinte. Faz frio. Quinze graus com sensação térmica de dez. Sei lá.
Percebi, nesse exato momento, que quando você encosta sua cabeça no meu ombro eu fico em paz. Percebi que meu coração acelera um pouco quando sua mão procura e toca a minha na hora de dormir. Percebi que tem crescido minha vontade de você, de nós. Percebi que sinto falta até mesmo da sua TPM chata e de cozinhar pra você porque você não tem tempo de fazer nada. Saudade das tuas mensagens fofas ao longo do dia porque que por mais que eu soubesse dessa sua falta de tempo, as mensagens sempre me faziam bem.
Sem querer ontem eu falei de você pro meu melhor amigo, umas quatro vezes... Em... Trinta minutos...
Ontem mostrei sua foto quando minha mãe perguntou porque eu tava sorrindo olhando pro celular. E ela te achou bonita. Hoje quando acordei o meu primeiro pensamento, por mais estranho que isso possa parecer, foi você. Me flagrei lendo uma matéria sobre um casamento e imaginando que poderia ser eu. Com você. Imagina eu e você? Por que eu estou imaginando eu e você? Eu nunca concordo com nada do que você diz, eu odeio teus amigos e você nem conhece os meus. E mesmo assim eu não consigo deixar de imaginar você, teu sorriso e o vestido branco. Você ficaria linda num vestido branco. Você fica linda em qualquer coisa, meu bem. Até roncando no meu ouvido e atrapalhando meus pensamentos. Aí lembrei que você estava ali, dormindo no meu ombro, tão em paz quanto eu, quase roncando no meu ouvido. Talvez você não imagine metade do que eu venho imaginando nos últimos dias, eu só sei que tenho me sentido em paz quando sua mão me toca, seu olhar me busca ou qualquer outra coisa que envolva você.
Meu olhar congelou sob o seu.



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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Dom Pérignon

A garrafa de champagne já abaixo da metade, nem sei quantas taças se foram. Lá fora o tempo frio, aqui dentro você incendeia o quarto do hotel da vez. A janela deixa entrar o vento gelado e também a beleza da cidade, que à essa hora já dorme, as luzes dos postes distantes, aqui de cima são apenas pontos de luz, a sacada, a fumaça nos confundindo...
Daqui eu tenho a visão mais linda de todo o país e de certa forma ninguém nunca mais vai te ver e te enxergar da mesma forma que eu vi, que eu vejo. A iluminação parece perfeita e todo o ambiente me parece harmonizado, até esqueci do frio. E juro: mesmo que a janela estivesse fechada e Florianópolis não fosse tão bonita quanto é, bastaria eu olhar para você que já seria a visão mais encantadora que eu já tive até hoje.
Você, do alto dos seus 1m e 60 e muitos cm, andando nua pelo quarto, segurando um dos meus fininhos de uva numa mão e brincando com o isqueiro com a outra. Eu não me canso de você, eu não me canso de olhar.
Você, seu gosto musical puxado pro blues, daqueles deliciosos que quando você coloca na vitrola escuta o chiado ao fundo, sua autoconfiança, o jeito tão apaixonante com o qual você me sorri quando eu chego, como gosta do champanhe que eu trago, é a combinação perfeita, um combo... É o que eu mais gosto desses nosso encontros casuais. Alcançamos a perfeição na cama e você as notas mais altas enquanto geme.
Não entendo porque nunca nos demos uma chance, nunca entendi essa barreira imaginária que me impede de me apaixonar da mesma forma que você se apaixonou, algum dia, alguma época.
Você se aproxima, eu te abraço, seu Paco Rabanne em mim, no lençol, você respirando fundo. Me respirando. Eu sinto como se mesmo após tanto tempo, tantas pessoas, tantos lugares pelos quais você esteve... Eu ainda fosse o seu porto seguro, seu lugar preferido.É como se eu invadisse suas veias, correndo a 200km/h dentro de você. Sem apego, você sabe, você me entende, por isso te atendo e acho que é também esse o motivo pelo qual você me liga...  Eu amo o contato da sua pele com a minha e aí a gente sempre acaba deixando o champagne, o beck e o pudor de lado.
Trilha Sonora então, a gente muda pra um Cartel, vai de duas horas de trap, ao seu som, terminando com você me fazendo um cafuné ao som de sertanejo ruins e apaixonados depois... o silêncio pra você dormir. Eu sempre voo de volta quando o primeiro raio de Sol reflete na sua pele. Um bilhetinho de adeus, com gosto de "até breve", colado na bandeja com o seu café, outro beck e meu anel, só pra eu ter desculpa pra ir te ver de novo qualquer dia desses. Você vai sorrir quando acordar.
O céu continua sendo você, meu bem.



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